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As pessoas que praticam atos de corrupção têm algumas características de personalidade em comum, descritas em compêndios de psiquiatria e psicologia. O noticiário político nacional se transformou em noticiário policial diante da fartura de corruptos, corruptores, comparsas e cúmplices. Fiquemos com o futebolzinho nosso de cada dia que encerra muitas dúvidas e denúncias de malfeitos, como diz a respeitada presidente Dilma.

Antigamente ouvia-se falar de juiz venal, bandeirinha ladrão ou goleiro na gaveta ao mesmo tempo em que alguns cartolas se jactavam da esperteza e comemoravam as vitórias e os títulos conquistados pelos seus times. Até recebiam apelidos sugestivos da imprensa. Mas fazia parte do folclore e não da regra geral, até porque não existiam provas: malandro não passa recibo –, e os jogos não eram transmitidos pela televisão. Não havia replay dos lances polêmicos, nem tira teimas e ficava o dito pelo não dito. Os torcedores se estrebuchavam nas arquibancadas, carregavam a sua ira para os bares e os debates prolongavam-se durante semanas, meses e mesmo anos.

Os árbitros continuam aprontando, mas é tudo mostrado ao vivo e em cores, com repetições dos lances em câmera lenta e os indefectíveis comentaristas de arbitragem que, curiosamente, cometeram os mesmos erros quando apitavam partidas de futebol.

Os dirigentes não tiravam dinheiro das federações e dos clubes. Até pelo contrário, a maioria era composta de doadores e mecenas que bancavam os times que contavam com jogadores que amavam a camisa e, no máximo, conseguiam gratificações para a compra de uma casa e um emprego público no final da carreira. Foram tempos românticos que não voltam mais.

Com o advento da televisão, do marketing, do merchandising e os interesses que envolvem bilhões em torno do futebol, tudo mudou. Diversos jogadores ficam ricos muito cedo e a profissionalização alcançou os dirigentes que, em vez de dar dinheiro aos clubes, recebem pelos serviços prestados ou se imiscuem nos grandes negócios proporcionados pelo futebol, ganhando polpudas comissões ou mesmo subornos.

Não surpreendeu a informação da Justiça suíça de que João Havelange e Ricardo Teixeira receberam suborno no valor de pelo menos R$ 45 milhões. O mais grave é que o atual presidente da Fifa, Joseph Blatter, sabia de tudo e defende-se sob a alegação de que as comissões pagas não se constituíam crime na época. Adeus ética! Adeus moral! Só vale o que está escrito.

Afirmam conceituados psicoterapeutas que o corrupto não tem cura, pois ele não possui o physique du rôle. Ou seja, ele mistura a vida cotidiana com o personagem que criou sem um mínimo de elegância. O corrupto, afirmam os médicos, não tem postura adequada e não quer se incomodado. Só tem o prazer perverso de chocar, de atacar ou de constranger. Depois foge.

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