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Então o próximo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, introduziu no fair play financeiro e trabalhista – exaustivamente debatido nos últimos anos por dirigentes e representantes dos jogadores – com base na experiência paulista.

Como presidente da Federação Paulista, ele criou a regra de que para ser aplicada a pena aos clubes que atrasam os salários dos profissionais, estes precisam denunciar seus empregadores. Jamais funcionou, mesmo com diversos clubes paulistas não conseguindo honrar os compromissos assumidos.

Primeiro, porque a maioria dos jogadores é insegura e depende de empresários, agentes ou representantes para tratar dos seus interesses, fica com receio de sofrer retaliações futuras; segundo, porque ao receber a denúncia dos atrasos a Federação concede prazo aos clubes que dão um jeito e acertam as contas a tempo de evitar a punição.

Essa manobra não atende as antigas reivindicações dos jogadores e muito menos intimida os dirigentes que, obviamente, estão de acordo com o atual modelo de gestão da CBF.

Acontece que ao eleger-se presidente de uma associação ou quem se dispõe a fazer parte da diretoria de entidade futebolística, não resiste à tentação de aventurar coisas que certamente não faria em seus negócios particulares. Tais como trocar de gerente a toda hora – no caso, de treinador a cada dois meses – ou contratar funcionários – no caso, jogadores caros – que não justificam os elevados salários.

A conta sempre fica para os clubes, permanentemente em dificuldades financeiras. Como também insistem na manutenção dos deficitários campeonatos estaduais, coisa que só existe no Brasil.

Essa gente não vai mudar nunca. Nem mesmo o vexame dos 7 a 1 para a Alemanha e os 3 a 0 para a Holanda – dez gols sofridos na fase final da Copa disputada em casa – conseguiram sensibilizar a cartolagem do anacrônico futebol brasileiro.

Em nenhum momento alguém aventou a possibilidade de processar-se completa remodelação na forma de pensar e na maneira de gerir o desenvolvimento do popular esporte. Mantendo-se no poder eles se dão por satisfeitos e os atletas, treinadores, árbitros e, principalmente, torcedores que se danem. Fica preservado um estilo administrativo que, como a jabuticaba, só existe em território nacional. Com a diferença de que a jabuticaba é uma fruta deliciosa.

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Efabulativo: Borba Filho foi um dos melhores técnicos do futebol paranaense, com diversos títulos de campeão. Trabalhou em muitos clubes brasileiros e no exterior. Atualmente atua como olheiro na indicação de jogadores no continente sul-americano e sempre reclama dos dirigentes no tempo em que foi treinador: “Só me chamavam para enterro, ninguém me convidava para comer bolo de noiva. Só era chamado para treinar e salvar time em crise”.

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