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Quando a seleção brasileira entrar em campo, amanhã, para enfrentar os chilenos em Santiago, mais do que um jogo oficial, estará escrevendo mais uma página da sua tradição na Copa do Mundo.

Como único país a ter participado de todas as edições do mais importante torneio futebolístico, o Brasil tem um nome a zelar.

É evidente que nos últimos tempos, a seleção de qualquer país deixou de provocar o frisson que havia no passado.

A banalização do esporte, pelo excesso de exposição na televisão, e a paixão do torcedor pelo seu time de preferência reduziram o impacto que as partidas entre seleções nacionais causavam antigamente.

Tratava-se de acontecimento tão importante que até patriotadas aconteciam. No México, por exemplo, havia pouco antes do primeiro jogo das Eliminatórias, a cerimônia de “embandeiramento” do time nacional. Nesse momento, o time passava a representar a nação. Jogava como nunca e perdia como sempre.

O técnico Dunga está consciente de que terá muito trabalho pela frente. Foi-se o tempo dos grandes craques em quantidade. A última geração foi aquela da conquista do penta – Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo, Cafu, Roberto Carlos e Marcos – que se desmilinguiu no Mundial seguinte, na Alemanha, pela indisciplina e comando frouxo da cansada dupla Parreira-Zagallo. Poderia ter chegado ao título com os remanescentes de 2002 somados a Adriano, Kaká, Juninho Pernambucano e Zé Roberto: os últimos cactos floridos no deserto de talentos em que se transformou a seleção brasileira.

A realidade é dura e até um velho freguês como o Chile preocupa analistas e torcedores que acompanham os preparativos do escrete canarinho.

Após o fracasso na Copa América e o desnudamento do seu falho sistema defensivo, escassez criativa na meia-cancha e poucas opções ofensivas, Dunga calçou as sandálias da humildade e mudou o discurso ufanista.

Ele, como todos nós, tem plena consciência de que nosso futebol deixou de ser o melhor do mundo. Pelo êxodo de jogadores jovens graças ao poder concedido a empresários inescrupulosos, desorganização na base da maioria dos clubes com marota conivência de cartolas e profissionais, grave deficiência nos fundamentos, razão pela qual a maioria dos jogadores não sabe chutar, passar, cabecear e erra ao controlar a bola.

Mas todos têm um empresário a tiracolo e o indefectível telefone celular sendo mecanicamente cutucado o tempo todo. Sem esquecer dos esquisitos cortes de cabelo e a falta de escolaridade.

Pelo que tenho ouvido de profissionais tarimbados e responsáveis, está ficando cada vez mais difícil trabalhar com a nova geração de futebolistas brasileiros.

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