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Um pouco antes da Copa da França, em 1998, acompanhei a seleção num amistoso contra a Alemanha, em Stuttgart. Dois dias antes do jogo, desci para encontrar um amigo do meu amigo Mário Henrique, o Dirk Lips, na recepção do Maritim Hotel, onde também estava a delegação brasileira.

Depois do breve contato – o Mário mandou uma fita de gravação, se eu não me engano -, fui com o Júlio, meu irmão, tomar um vinho no bar do hotel. Havia alguns cartolas da CBF e apenas um jogador: Romário. Foi a primeira e única vez que conversei com o Baixinho. O jogador ficou no bar até altas horas.

Zagallo era o técnico da seleção, e meses depois acabou dispensando o atacante na véspera do Mundial de julho. Não que este fato tivesse relevância, até porque o Brasil ganhou da Alemanha por 2 a 1, e Romário foi o titular ao lado de Ronaldo. Mas o treinador teve que engolir o atleta depois do polêmico corte.

Com sua conhecida arma ferina, Romário soltou a língua contra deus e todo o mundo, sobrando para Zagallo e Lídio Toledo os ataques mais irônicos. Em 2007 o craque parou de jogar aos 41 anos, e entrou para a política, sendo um dos mais votados para deputado federal, e agora senador pelo Rio de Janeiro.

Depois da semana nervosa na política, e antes que a PGR “amarre as pontas soltas”, onde o ex-presidente da Transpetro apareceu como a bola da vez na sinuca maquiavélica de Brasília, alguém teve acesso a trechos (ficção, por óbvio) de uma gravação entre Sérgio Machado e Romário. Poderia ser quente. Confira:

(Conversa gravada) – E aí, meu ídolo, o que você está achando de tudo isso?

– Brother, política é isso aí. Só tem ladrão.

– Mas... Senador, V.Ex.ª também é político.

– Irmão, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa (!)

(Continua a gravação) – Senador, V.Ex.ª acha que eu exagerei “entregando” o Sarney, o Renan e o Jucá?

– Fica frio, irmão. O reino está todo feliz agora. Cai o rei, o príncipe e o bobo.

– Mas Senador, e se cair o presidente? Que tal o Serra em uma nova eleição. O nosso chanceler joga bem, não acha?

– Cara, o Zico também jogava direitinho. Disputou três Copas como jogador e uma como coordenador técnico. Não ganhou nenhuma. É um perdedor.

– Quem é o cara, Ex.ª?

– Irmãozinho... tenho o coringa na manga. Meu esquema é WM... (risos).

– Como assim?

(Romário se irrita) – Waldir Maranhão, cumpadre. O deputado Maranhão, meu querido.

– Maranhão? Você ficou louco? O cara [trecho inaudível] não abre a boca, meu ídolo?

–Machadinho, vou te dizer uma coisa, técnico bom é aquele que não atrapalha. Sacou?

– Com todo o respeito, V.Exª tem a língua presa e afiada. Aceite minha sugestão: fique numa boa. Se acomode. V.Ex.ª tá com a grana no bolso, tá na vitrine, preserva uma boa imagem...

– Cara, quem precisa de boa imagem é aparelho de TV. Eu sou f... Entrar pra não cair é coisa pra time de futebol lá da terra do (Sérgio) Moro, a tal República de Curitiba.

– Ah...

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