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Uma das grandes vantagens dos novos estádios brasileiros é a proximidade do público com o campo. Cinco, dez metros de distância que permitem tanto estar dentro do jogo como participar das comemorações de gol.

No domingo, Bruno Henrique, do Goiás, e Douglas Coutinho, do Atlético, foram pra galera comemorar. Bruno Henrique foi expulso porque subiu a escadinha do Allianz Parque. O caso de Coutinho – embora tenha acabado “apenas” em cartão amarelo – foi de dar dó. O jogador ganhou um abraço maternal de uma torcedora rubro-negra que estava no lugar certo, na hora certa. Toda a torcida em volta se juntou no abraço ao atacante, que desabou ali mesmo em lágrimas. Desabafo depois de um período de muitas críticas e raros gols, tudo potencializado pela transferência em falso para o futebol europeu.

Obviamente, o árbitro não tem obrigação de saber o contexto do gol para Coutinho. Mas tem o dever – e a Fifa fala disso abertamente – de adotar no seu trabalho o bom senso, a regra zero do futebol. Qualquer pessoa de bom senso percebe que o único excesso na comemoração de Coutinho e Bruno Henrique é o de alegria por cumprir o objetivo final do futebol: o gol. O árbitro pode repor o “tempo perdido” nos acréscimos, chamar a atenção do jogador. Enfim, ser razoável antes de cair em um zé-regrismo de dar dó. Não há outro sentimento para se ter, por exemplo, em relação ao árbitro que amarelou Joel no gol em que o camaronês quase se arrrebentou no túnel do Couto Pereira, ano passado.

O mesmo árbitro que puniu a alegria de Coutinho expulsou Walter direto por reclamação. Como se não bastasse a restrição à comemoração do gol, a CBF quer também tirar do jogador o direito de argumentar com o árbitro – e até reclamar, desde que feito dentro de um limite de respeito. Jogador brasileiro é sabidamente manhoso. Gosta de reclamar, simular, jogar o árbitro contra a torcida. Como é típico da cultura nacional, prefere-se punir a construir uma nova cultura.

O curioso é que o árbitro que não tolerou alguns palavrões de Walter a um de seus auxiliares fala sem parar o jogo inteiro. Discursa a cada marcação, como se fosse um catedrático ensinando a um bando de ignorantes montados em chuteiras o que é o futebol.

Há uma clara crise de autoridade dos árbitros. Acuados pela preparação inadequada de quem não pode ser profissional e tem sua atuação cada vez mais vigiada e questionada pelas câmeras de televisão, ganharam da CBF permissão para serem autoritários. Fazem isso tentando calar os jogadores na hora do gol e no desenrolar da partida. Mais do que isso, foram estimulados a ser intolerantes. Acabam contribuindo para empobrecer ainda mais um futebol que só piora.

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