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 | Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo
| Foto: Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo

Estava esticado no sofá quando ouvi o Anderson Luís relatar, na transmissão do Premiere, que Rafhael Lucas estava em campo, uniformizado, aquecendo com os companheiros, mas não ficaria nem no banco de reservas do Coritiba contra o Operário. Até ajeitei o corpo para prestar atenção. Era um passo adiante – no pior sentido – no teatro da semana anterior, quando a escalação do Coxa contra o Londrina emergiu junto com o time do túnel do Couto Pereira.

Como é óbvio que não havia mistério sobre o uso de Rafhael Lucas do vestiário alviverde para dentro em nenhum dos dois jogos, em ambos os casos a ideia era “atrapalhar o adversário”. Artimanha que no ano da graça de 2015 já deveria estar extinta do futebol profissional. Lembra um dos muitos célebres episódios de Hermes & Renato, em que o singelo Boça solta um “Eu também sei ser malandro” antes de comprovar, por a mais b, o quanto é mané.

Confesso que pipoquei ao não criticar a malandragem Boça depois do jogo com o Tubarão. À primeira vista, o 3 a 0 indicava que havia funcionado. Percepção desfeita já em uma segunda (e tardia) análise, quando a partida com o LEC já mofava de velha. O Coritiba que escondeu a escalação do artilheiro até quando deu entrou pilhado em campo contra o Londrina. Preocupou-se mais com o juiz, ficou carregado de cartões. No intervalo, o time colocou-se no devido lugar e, preocupado apenas em jogar bola, ganhou ao natural.

Em Ponta Grossa, o Coritiba que tentou de novo armar uma pegadinha para o adversário foi engolido com um 2 a 0 incontestável. Quando se preocupou em jogar bola no Germano Krüger, teve chance para diminuir o placar.

O mais surpreendente é ver essa arma ser utilizada por Marquinhos Santos, um dos técnicos mais estudiosos do futebol nacional. Nada contra um treinador racional incorporar elementos emocionais – e Marquinhos faz isso bem. Só não pode fugir de um princípio básico: seja qual for a armadilha preparada, ela nunca pode deixar o seu time menor do que ele é. Ao esconder escalação de maneira tão boba, o Coritiba encolheu. Encolhido, sofreu mais que o necessário contra o Londrina e teve merecida derrota para o Operário.

A bola dará ao Coritiba a chance de se redimir. Ao contrário da semifinal contra o Londrina, não há decisão duvidosa da arbitragem ou maus tratos da torcida adversária para instigar o elenco. Se o tratamento fisioterápico seguir seu ritmo normal, nem mesmo haverá munição para esconder a escalação de Rafhael Lucas. O Coritiba terá de construir por si próprio a improvável virada que nenhum time conseguiu na história do Paranaense, contra um Operário que parece imune à pressão extracampo. A malandragem Boça ficará para quem vive – ou viveu – dela.

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