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A política norte-americana tem a figura consagrada do pato manco. Trata-se de um político eleito, com mandato em vigência, mas já sem nenhum poder real.

Rubens Bohlen transformou-se em um pato manco. Sua caneta ainda não perdeu toda a tinta, mas lhe falta o que o Paraná mais precisa neste momento: dinheiro que dê sobrevida a um clube que deve mais de R$ 60 milhões.

Não seriam os R$ 4 milhões dos “Paranistas de Bem” que salvariam o Paraná. Seria mais um fôlego temporário para permitir tocar o futebol, apostando em um acesso à Série A que trouxesse ao clube receita maior. Não resolve a longo prazo, pois na prática segue a mesma lógica da antecipação do dinheiro da tevê.

Dói mais no cofre tricolor a saída de Carlos Werner das categorias de base. O empresário de Campo Largo transformou o Ninho da Gralha em uma ilha de tranquilidade. Essa paz acabou com a saída do mecenas e logo o Ninho voltará a ser fonte de problemas financeiros. Quando isso acontecer, será apontado o dedo para Bohlen por não ter renunciado e, assim, afastado o investidor. É uma forma de pressão para que o presidente renuncie logo adiante.

Hoje Bohlen está isolado. Os vices mais próximos estão contra ele ou renunciaram. A administração do Paraná é basicamente formada pelo presidente, dirigentes remunerados e funcionários. Em um clube de futebol, esse quadro é fatal. Absolutamente tudo passa pela mão do presidente, que assume, mesmo que não queira, todo o desgaste pelos erros cometidos.

Não creio que Bohlen deveria renunciar. Outros já fizeram mais – ou menos – do que ele e ficaram até o fim. Mas a asfixia política do presidente é tamanha que em breve a renúncia será a única saída. Não deveria ser apenas para ele. Casinha e Aldo Coser, os vices mais próximos, também deveriam ir embora. Têm sua parcela de responsabilidade pelo quadro atual do clube.

Aliás, alguns dos “Paranistas de Bem” têm sua parcela de culpa no beco em que o clube se enfiou. Aquilino Romani nem conseguiu chegar ao fim do mandato. Vavá Ribeiro – que tem mérito pelos times de 2003, 2005 e 2006 – esteve no meio da briga entre Paraná, Base e LA que jogou o Tricolor na Série B. Renê Bernardi esteve no mesmo processo. Gayer Neto foi diretor nesse período. João Quitéria precisa deixar claro se quer levar para dentro do clube a Fúria que coage e ameaça jogador ou a que traz patrocínio.

À parte o ótimo trabalho de Werner e Leonardo Oliveira no Ninho, é sintomático que o grupo que quer salvar o Paraná não carregue um único dirigente do período mais glorioso da história tricolor, os anos 90. O Paraná não pode correr o risco de trocar Bohlen por outro candidato a pato manco.

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