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Efetivado no Coritiba para o Brasileiro, Pachequinho rodou a Europa em busca de experiência como treinador. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Efetivado no Coritiba para o Brasileiro, Pachequinho rodou a Europa em busca de experiência como treinador.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A discussão sobre a qualidade dos técnicos brasileiros explodiu com o 7 a 1 aplicado pela Alemanha na Copa do Mundo. E foi em busca da experiência dos treinadores europeus que Pachequinho, hoje técnico do Coritiba, partiu para uma visita a cinco clubes do continente, em 33 dias.

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Durante outubro e novembro do ano passado, quando era auxiliar do então treinador Paulo César Carpegiani, o ex-atacante conheceu os métodos de três clubes alemães. O Bayern de Munique, do consagrado técnico italiano Carlo Ancelotti, e as equipes de segundo escalão Wolfsburg e Eintracht Braunschweig. Já na Itália, visitou as gigantes Inter de Milão, de Stefano Pioli, e Roma, comandada por Luciano Spalletti.

Veja a entrevista exclusiva à Gazeta do Povo do que pensa o técnico coxa-branca, efetivado após o título estadual, sobre o conhecimento adquirido na Europa e as pretensões do Coxa no Brasileirão:

O que você viu durante a sua viagem para a Europa que não é feito aqui?

Diferenças entre Europa e Brasil

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A primeira coisa que tem que ser colocada é a cultura. Você tem que saber adaptar as coisas. Nem tudo que se aplica na Europa, dá certo aqui. Por exemplo, lá é comum os jogadores terem folga durante a semana de treinamentos, como em uma quinta-feira. Aqui não é possível fazer isso. Se eu faço isso aqui, na primeira derrota, você [imprensa], diretoria do clube, torcida e conselheiros já vão dizer: ‘é por isso que não ganha’.

Mas você já colocou em prática treinamentos que você viu na Europa no dia a dia do Coritiba? Dê algum exemplo.

Métodos na prática

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Já, várias coisas. Treinos intensos, dinâmicos e com poucos toques na bola. Um treino que eu faço que aprendi é com o mini campo. Antes eu trabalhava com um espaço muito maior. Agora é um treino em um espaço curtíssimo, muito curto mesmo. Outros métodos são os treinos de pressão. Pressão na saída de bola, pressão na marcação, pressão na bola. Se você perde a bola você tem que pressionar. Mas por causa do calendário nós temos que segurar algumas coisas. Lá não existe aquele rachão tradicional igual aqui. E eu já não tenho feito mais com tanta frequência. Mas tem horas que tem que ter. É aí que entra a questão cultural. Quando você tem a semana cheia de trabalho você precisa soltar um pouco os caras no treino com o rachão.

Como foi acompanhar os treinos do Carlo Ancelotti na Alemanha e qual o estilo de jogo que você mais aprecia? Tem algum treinador especifico que seja uma referência para você?

Referências

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Não tem como não gostar dos treinos do Ancelotti [risos]. Todos os jogadores são de seleção. Então os caras são muito profissionais,é um treino de altíssimo nível. Eu não consigo me comparar a nenhum desses treinadores. Mas uma referência que eu tenho é a seleção brasileira de 1982 [treinada por Telê Santana]. Eu por ter sido atacante, gosto de equipes que atacam mais do que defendem. Ter a bola é uma forma de se defender.

Quando foi cogitada a ideia para você viajar e como você vê esse investimento que o presidente Rogério Bacellar fez no seu trabalho?

Investimento e vida de interino

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Foi importante. Depois que nós conseguimos se manter na Série A, em 2015, quando eu assumi na reta final, o presidente conversou comigo e disse que queria investir em mim. O clube fez o investimento e agora está tendo o resultado com a continuidade do trabalho, com o título estadual. Era para eu ter ido antes, mas teve o nascimento da minha filha e no meio disso eu ainda assumi interinamente no ano passado. Não é fácil assumir como interino, ter que comandar toda a comissão, atletas e ainda ter que apresentar os resultados.

Quem intermediou as negociações para você visitar os clubes?

No Bayern quem ajudou minha estadia foi o [lateral-direito] Rafinha. Na Inter de Milão foi o [zagueiro] Miranda. Ambos trabalharam comigo na base do Coritiba. E nos outros clubes quem negociou foi o Alex Brasil. Eu conheci os clubes de ponta, mas também pedi para ver como era o sistema em equipes menores, como o Eintracht Braunschweig e o Wolfsburg. No Braunschweig, o técnico Torsten Lieberknecht está lá há oito anos para você ter uma ideia.

Fez muita diferença no seu trabalho mesmo sendo apenas um mês de viagem?

Assimilação

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Nossa, muita diferença. Eu adaptei algumas coisas para o nosso mundo. Mas o que pega muito é a condição dos jogadores aceitaram e executarem. Você trabalha e treina, mas e ai? Os jogadores tem que ter a certeza de que isso vai dar certo.

E os jogadores estão assimilando?

Bastante. Eles já entenderam muita coisa. Os resultados mostram isso. Eu sempre falo que nós estamos construindo um time ao longo da temporada. E isso leva tempo. Então ainda nós precisamos de ajustes. Por exemplo, nós não deixamos mais o treino de véspera de jogo ser lento. É um treino curtíssimo, mas com intensidade muito forte. É o que se faz lá. Por outro lado você corre o risco de ter uma lesão e o desgaste físico, por isso temos que saber dosar.

Quais são esses ajustes que você citou e o que mais te preocupa na equipe atualmente?

Ajustes

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É o equilíbrio. Em alguns jogos do Brasileiro nós vamos ter que defender baixo porque vamos enfrentar adversários que tem qualidade técnica alta. É isso que mais me preocupa. A quantidade de ações ofensivas que nós estamos tendo, às vezes precisamos de mais calma. Se não corremos o risco de ficarmos muito expostos. Talvez você não precise agredir 200 vezes. Se você chegar 10 vezes, bem certinho e encaixado, é o suficiente.

Você precisa de mais quantos reforços e de quanto tempo para atingir o nível que deseja?

Reforços

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Pode ser com esse grupo mesmo. A ideia de jogo pronta leva um tempo para conseguir ter essa regularidade. Pode ser que seja até o final do primeiro turno para ter as peças bem encaixadas, cada um sabendo bem o que fazer. Mas aí falam, ‘poxa, até o final do primeiro turno?’. Para conseguir isso, nós precisamos manter a mesma equipe em uma sequência. O problema são as lesões.

O que mudou para o clube alterar radicalmente o discurso de evitar a queda para lutar pela Libertadores no Brasileirão?

Libertadores

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Primeiro nós tínhamos a desconfiança nossa porque nós não pegamos a Sul-Americana [no Brasileirão do ano passado] e depois saímos na Copa do Brasil e ficamos só com o Estadual. Nós tínhamos que ver o nível que nós se encontrávamos. E com a conquista do Paranaense aumentou a confiança do torcedor e a nossa. Eu acho que é muito cedo nós fazermos o diagnostico e uma análise do que nós podemos. Estamos indo em um caminho bom. Mas o futebol é muito dinâmico, se muda de opinião muito rápido. Não posso dizer que nós vamos brigar lá em cima porque não sou vidente. O que eu acho é que nós vamos crescer muito o nível da equipe.

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