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A artista visual Uiara Bartira credita sua formação aos espaços públicos. | Antônio More/Gazeta do Povo
A artista visual Uiara Bartira credita sua formação aos espaços públicos.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Nascida no Largo da Ordem, Uiara Bartira, 65 anos, é uma curitibana que cresceu em ambientes culturais. A artista visual não esconde o orgulho que sente da cidade. “Sou curitiboca e sei como Curitiba é a própria proposta de uma cidade que foi pensada pelos espaços públicos”, diz.

Para Uiara, a arte é fundamental em todos os locais, mas quando exposta em ambientes públicos fortalece a relação individual de cada um. “O espaço público cria a oportunidade de você ter um pensamento próprio. No comparativo, você se encontra, e por isso é importante se deparar com o outro”, explica.

Descentralização é o desafio para a Prefeitura

Entre os 153 espaços culturais levantados pela Gazeta do Povo, 39% estão localizados na regional mais rica de Curitiba, a Matriz. A região é composta pelo centro e por bairros próximos. A desigualdade na oferta cultural expõe um problema frequente em grandes metrópoles.

De acordo com o presidente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), o poder público ainda não consegue atender a população fora do centro e a instituição está trabalhando nesse aspecto. “Temos um déficit muito grande de equipamentos públicos culturais”, diz Marcos Cordiolli.

A presença de locais públicos que ofereçam cultura é fator decisivo para o desenvolvimento de outras regiões. “É obrigação colocar espaços culturais de qualidade na periferia, porque isso traz dignidade”, afirma José Guilherme Magnani, professor da USP. O prefeito Gustavo Fruet não esconde a preocupação. “Temos que manter e recuperar espaços que estão degradados”, afirma.

A cidade conta hoje com 65 espaços comandados pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC), além de bibliotecas e faróis do saber, que são administrados pelo governo do Paraná. Somente em 2014, a FCC contabilizou mais de 2,2 milhões de atendimentos à população.

As iniciativas da Fun-dação, realizadas por toda a cidade, são classificadas de acordo com as formas de incentivo. A maior parte das atividades é promovida pela própria instituição, nos espaços mantidos pela FCC. Além disso, a Fundação Cultural promove ações com fomento público, promovidas através de editais, e também apoia grupos culturais parceiros nos espaços da instituição.

Além do calendário fixo, a FCC reúne uma agenda paralela de ações. Entre as promovidas pela Fundação Cultural e as incentivadas pela instituição, a média é de 10,5 mil atividades por ano.

Segundo o presidente da FCC, Marcos Cordiolli, o espaço público de cultura é importante para a cidade porque é democrático. “Na maioria das vezes, ele ocupa um espaço no qual a iniciativa privada não consegue chegar”, afirma. Para Cordiolli, o acesso à cultura não deve ser privilégio de quem tem mais poder aquisitivo. “A partir do momento em que o poder público mostra para a população que ela tem a possibilidade de possuir bens culturais ou de praticar arte, a própria sociedade reconhece essa necessidade”, completa.

Para o prefeito Gustavo Fruet, a cidade já tem reagido às iniciativas culturais promovidas pela Prefeitura. “Está se criando uma cultura de ocupação em vários espaços”, aponta. Fruet lembra a importância da diversidade incentivada pelos locais públicos. “São perfis diferentes em todas as ocupações, mas com o mesmo sentimento de pertencimento da cidade”, reforça.

O professor da USP e doutor em Ciências Humanas, José Guilherme Magnani, concorda com a ideia de que os espaços públicos permitem o exercício da diferença. Segundo Magnani, são locais que promovem a sociabilidade entre os cidadãos e devem ser ofertados sem discriminação. “É preciso assegurar ao cidadão a possibilidade de ocupar esses espaços e expressar essas diferenças sem ser molestado”, pondera.

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