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Nova sede da Federação Paranaense de Futebol, no bairro Portão, em Curitiba: cartório da bola no estado. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Nova sede da Federação Paranaense de Futebol, no bairro Portão, em Curitiba: cartório da bola no estado.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

10%

é a porcentagem da renda que a Federação Paranaense de Futebol abocanha em todos os jogos. No estadual de 2013, último declarado pela entidade, isso rendeu mais de R$ 700 mil. Nos campeonatos nacionais, mais de um milhão de reais. O regulamento que prevê essa mordida, por incrível que pareça, foi aprovado pelos 12 clubes participantes do Campeonato Paranaense. Os clubes menores recebem da tevê o mesmo que a Federação.

O tamanho dos problemas enfrentados pela Federação Paranaense de Futebol (FPF) só é proporcional ao desejo dos candidatos de ocuparem sua presidência.

Hélio Cury, o atual presidente, e Ricardo Gomyde, o desafiante, parecem não se importar com os desafios que terão pela frente. Talvez porque a recompensa também seja grande.

De acordo com o último balanço financeiro divulgado pela FPF, em 2013, mesmo em tempos de vacas magras, a entidade teve um superávit de R$ 1.245.637,76.

Entram nessa conta taxas dos jogos, doações da Confederação Brasileira de Futebol, dinheiro referente aos contratos de transmissão para a tevê, patrocínios de campeonatos e até depósitos de multas aplicadas a clubes e jogadores pelo Tribunal de Justiça Desportiva.

A Federação funciona como um grande cartório do esporte. Ela não tem estádios, não paga jogadores, mas abocanha uma fatia das receitas dos clubes.

No regulamento do Campeonato Paranaense é possível encontrar regras como a que garante à FPF o direito de colocar trinta placas de publicidade nos estádios dos times que disputam o Campeonato Paranaense.

São as que aparecem na TV, ou seja, as que valem mais. Além disso, a entidade tem direito a 8% do restante da publicidade nos estádios. Os clubes têm direito de explorar publicidade em seus próprios estádios, mas a preferência é da FPF.

Se não bastasse, 10% da renda de qualquer jogo vai direto para os cofres da ’Casa da Bola”. Isso rendeu, em 2013, em jogos de campeonatos nacionais, R$ 1.029.609,19. No estadual: R$ 714.761,45.

É bom lembrar, no entanto, que os clubes aprovaram o regulamento que prejudica financeiramente a eles mesmos.

A FPF ainda recebeu quase dois milhões de reais somente de três fontes: uma doação de R$ 650 mil da CBF, R$ 257 mil da transmissão da tevê e mais R$ 830 mil pelo patrocínio do Campeonato Paranaense.

Com cerca de 40 funcionários registrados, a federação gasta pouco mais de um milhão de reais por ano em despesas com pessoal. Pouco devolve a quem a sustenta. Seus gastos com clubes profissionais resumiram-se a R$ 98,5 mil; e R$ 75 mil com clubes amadores.

O mistério maior é que o estatuto da federação não prevê nenhum tipo de remuneração para os dirigentes. Além do presidente, só de vice são sete. Todos pelo amor ao esporte.

Juliano Tetto, vice-precidente na chapa de Ricardo Gomyde, acha que isso é uma das coisas que precisam mudar para que a entidade seja definitivamente “profissionalizada.”

Mesmo sem receber nada, Hélio Cury faturou vendendo troféus, medalhas e artigos esportivos de sua loja para a FPF durante 36 meses. Justificou-se afirmado que, quando assumiu, “ninguém” vendia para a Federação e que até hoje algumas só vendem em dinheiro.

Outra motivação é a política. A eleição na FPF está movimentando polos opostos da política paranaense, que estão se vendo do mesmo lado nestas eleições, como é o caso de Gomyde, candidato a senador pela chapa de Gleisi Hoffman, e do governador Beto Richa.

Alguma coisa de muito boa a FPF tem.

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