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Anderson Silva teve a volta por cima perfeita ofuscada pelo caso de doping | Marcelo Fonseca/Brazil Photo/ Folhapress
Anderson Silva teve a volta por cima perfeita ofuscada pelo caso de doping| Foto: Marcelo Fonseca/Brazil Photo/ Folhapress

Controle

‘Não tem jeitinho’, diz Comissão Atlética Brasileira

Nos Estados Unidos ou no Brasil, o tempo em que lutadores de MMA eram movidos a bomba acabou. "Não tem jeitinho com a Comissão Atlética Brasileira (CABMMA) ou de Nevada", garante o presidente da CABMMA, Rafael Favetti.

Segundo o paranaense, que preside a associação civil criada em 2013 com o objetivo de regular as artes marciais mistas no país, a vigilância contra o doping no esporte é muito maior do que no futebol, por exemplo.

"São dois times com 11 jogadores cada, fora os substitutos. E só dois são pegos para o exames. Nós, não. Pegamos todos. Isso mostra a maturidade do esporte atualmente. Não há receio em auditar todo mundo, seja ele o Anderson Silva ou um iniciante", enfatiza.

A criação da CABMMA foi inspirada na principal comissão atlética americana, a do estado de Nevada (NSAC), onde fica localizada a cidade Las Vegas, conhecida como a capital mundial da luta e base de comando do UFC. O grande trunfo desse modelo, segundo Favetti, é a isenção alcançada por ter apenas dois focos: a arbitragem e questão médica dos atletas. "Não nos preocupamos com venda de ingressos, pagamento de lutadores, negociação de contrato de televisão. Essas questões não são nossas, são dos eventos. É assim que funciona nos EUA, diferente do modelo que existe nas federações esportivas do Brasil. Fazemos a auditoria e controle de dopagem, então não há conflito de interesse", fala, comemorando a independência da entidade.

"Quase todos os eventos querem que os auditemos, mas nosso checklist de protocolos é pesado", afirma.

Hoje, apenas dez eventos brasileiros contam com a supervisão da CABMMA.

A cena de um vitorioso Anderson Silva aos prantos no chão do octógono do UFC 183, na noite do dia 31 de janeiro, em Las Vegas (EUA), era tudo que a maior organização de MMA do mundo precisava.

Aos 39 anos, o retorno do lendário campeão de imagem imaculada era certeza de sucesso em novas vendas para o campeonato. Retrato de superação – foram 13 meses desde a chocante lesão na perna esquerda – que deixaria o uso de cocaína de sua segunda maior estrela, o americano Jon Jones, em segundo plano.

Três dias depois, o alívio se transformou em um problema duplo. Depois do doping de Spider por esteroides anabolizantes sintéticos (drostanolona e androsterona), além de Nick Diaz por maconha, o UFC acumula casos de doping em suas últimas três edições. Pior, dois deles com seus principais nomes. A credibilidade que há anos vinha tentando solidificar com o grande público sofreu um duro golpe. Um direto de dentro para fora.

Principal reguladora do MMA nos Estados Unidos, a Comissão Atlética do Estado de Nevada (NSAC) aumentou a fiscalização antidoping no UFC para valer a partir de dezembro de 2014. Desde então, 16 lutadores participaram de testes fora de competição. Cinco deles deram positivo. Ou seja, alarmantes 31%.

Número que pode ser encarado como bom ou ruim. Mostra que os trapaceiros estão sendo pegos – seja quem for – ou que o problema é ainda maior. E enquanto isso, o nome do UFC é minado, invariavelmente.

"Isso afeta completamente a imagem deles", afirma o jornalista especialista em negócios do esporte Erich Beting, editor do site Máquina do Esporte. "Nos últimos tempos o campeonato tem sido cercado por más notícias, por mais que a medida seja para moralizar a liga. E aí entra o problema. O desafio é mostrar para o público comum, que não é fanático, que o esporte é respeitável", adiciona.

De acordo com Beting, a maior derrota do UFC é ver Anderson Silva nas cordas do doping. O lutador que era conhecido por nocautear os trapaceiros – Chael Sonnen, Vitor Belfort e Nate Marquardt, que já testaram positivo para substâncias ilegais, foram derrotados pelo então campeão dos médios (até 84 kg) – entra para o mesmo rol. A não ser que consiga provar sua inocência quando for julgado pela NSAC ou se a contraprova der negativo.

"Mesmo depois do doping do Jones, a luta do Anderson contra o Nick Diaz deu 16 pontos de audiência no Ibope. Ele é um grande ídolo para o Brasil e isso aumenta o escândalo. Pode ser que não seja culpado e tudo mais, só que o estrago já foi feito", acredita.

Logo depois do anúncio do doping, o UFC começou o gerenciamento de crise. A primeira suspeita foi brecada após a confirmação de que recebeu os exames depois do combate, não antes. Normalmente são dez dias para que as amostras testadas sejam entregues. No caso de Spider elas demoraram 17. A Comissão Atlético apressou-se em negar qualquer irregularidade.

"São notícias que vemos com muita naturalidade. Já aconteceu conosco e não está fora da normalidade, apesar de não ser o desejado", garante o presidente da Comissão Atlética Brasileira (CABMMA), o paranaense Rafael Favetti, que usa a coirmã americana como modelo a ser seguido.

Em seguida, a vitória de Anderson Silva foi revertida para um 'no contest', luta sem resultado, outra medida que visa mostrar a transparência do esporte.

A estratégia é passar ao público consumidor do MMA que, se houve culpado, este não é o evento, mas sim o lutador. "O grande problema é que neste caso pegaram o Pelé do esporte", avalia Beting.

Dona Aranha – revisão global do apelido de Anderson Silva antes da luta com Diaz – e o UFC vão precisar escalar a parede de novo.

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