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Conhecida como “A Capital Cívica do Paraná”, por conta da histórica passagem do líder político e futuro ditador Getúlio Vargas durante a revolução de 1930, Ponta Grossa será, neste domingo, a capital do futebol paranaense. Tenho um amigo fraterno, operariano e corintiano, Altamir Cléber Farago, observador arguto de todos os esportes, agora reanimado pela presença do Fantasma nas finais do campeonato, que costuma fazer uma curiosa comparação entre o jogo de pôquer e o jogo de futebol.

No pôquer, explica ele com ares de professor, as cartas têm seu valor intrínseco, que se expressa através de sua própria figura e jamais é alterado, bastando sua simples apresentação para que o jogador ganhe a parada: assim, três reis ganharão sempre de três damas, assim como três áses ganharão de três reis. Ou seja: as cartas valem pelo próprio nome.

No futebol, ao contrário, não basta a apresentação de três ou quatro áses no time para ganhar de um rival munido, por exemplo, de simples valetes. É preciso que dentro de campo, quando soa a hora da verdade, os áses, agora convertidos em seres animados, reafirmem sua superioridade, jogando mais bola do que os valetes.Porque se estes jogarem melhor, com muita probabilidade ganharão dos áses. Ou seja: o nome não joga sozinho.

E se é comum blefar no pôquer, no futebol é impossível. O jogador de pôquer tem uma mão ruim, mas aposta mesmo assim, fingindo ter mão forte. Se seu oponente acreditar, o blefador leva o pote.

Mesmo sem estrelas de primeira grandeza, até porque o atual padrão técnico do futebol paranaense encontra-se abaixo da média, poderia enquadrar a decisão entre Coritiba e Operário no exposto aí em cima. Os valetes do Fantasma tentarão pressionar os áses do Coxa para largar na frente. A partida promete, principalmente se todos estiverem a fim de jogar, sem violência ou chiliques nervosos que tanto atrapalham as arbitragens.

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EFABULATIVO: Há muitos anos o Operário contratou um treinador que gostava de dar longas entrevistas e era muito engraçado. Na verdade, um completo analfabeto, fato que ocultava com habilidade. Antes de uma partida, um funcionário do clube entregou telegrama urgente ao melhor jogador do time, que também não sabia ler. O jogador preocupado com alguma má notícia, mas não querendo que os companheiros soubessem de sua incapacidade para ler a mensagem, abriu-a e fingiu que lia atentamente. Depois, virou-se para o técnico e passou-lhe o telegrama dizendo, com ar de tristeza, na esperança de que os comentários clareassem o assunto:

Veja, professor, o que me aconteceu.

O técnico arregalou os olhos, simulou também que decifrava e, compenetrado, colocou o braço no ombro do jogador e comentou:

É, meu amigo. É duro, mas é verdade...

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