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Negociação de Marcelo Cirino e Douglas Coutinho envolve  dinheiro de conta em paraíso fiscal de empresário casaque. | /
Negociação de Marcelo Cirino e Douglas Coutinho envolve dinheiro de conta em paraíso fiscal de empresário casaque.| Foto: /

O Football Leaks , site que vem revelando documentos sigilosos de jogadores de futebol com clubes, vazou integralmente os contratos dos atacantes Marcelo Cirino e Douglas Coutinh o. Os dois atletas tiveram parte de seus direitos econômicos negociados pelo Atlético com o Doyen Sports, fundo de investimento obscuro de Malta (arquipélago no Mar Mediterrâneo, no sul da Europa) - que também comprou os direitos de imagem de Neymar.

As negociações ocorreram em 2014 e renderam ao Furacão 8 milhões de euros – cerca de R$ 32 milhões, segundo a cotação do dia. Foram 3,5 milhões de euros por 50% dos direitos econômicos de Marcelo – emprestado ao Flamengo – e 4,5 milhões de euros por 65% dos direitos econômicos de Coutinho, que segue no Furacão.

Confira os contratos da venda de Marcelo Cirino e Douglas Coutinho do Atlético para o grupo Doyen Sports publicados pelo Football Leaks.

De acordo com os contratos, assinados pelo presidente Mario Celso Petraglia, o montante já entrou no caixa atleticano. O contrato de Douglas Coutinho estabeleceu que todos os valores seriam quitados ainda em 2014. No caso de Marcelo, a última das três parcelas, de 1 milhão de euros, foi programada para ser paga em setembro deste ano.

Doyen Sports é um dos principais alvos de investigações do Football Leaks

O site Football Leaks surgiu em novembro ao publicar uma série de documentos e contratos sigilosos envolvendo o futebol. A página é mantida de forma anônima e desde a criação já teve de trocar de servidores.

O foco principal do portal é o futebol português e as negociações envolvendo o Doyen Sports, que comprou os direitos de Marcelo Cirino e Douglas Coutinho do Atlético. O grupo de Malta notabilizou-se como um dos principais fundos de investimentos em atletas, esquema de parceria com os clubes que a Fifa proibiu no final do ano passado.

O nome Football Leaks foi inspirado no site Wikileaks, página de uma organização internacional que revelou uma série de documentos e informações sigilosas sobre corrupção, crimes de guerra e violação dos direitos humanos, especialmente dos Estados Unidos.

O portal Football Leaks revelou ainda a origem tortuosa do dinheiro repassado pelo Doyen Sports. O grupo de Malta recebeu recursos de uma empresa chamada Bennington que, por sua vez, teve dinheiro injetado pelo turco Malik Ali.

Ali, entretanto, não é o financiador primário da compra de jogadores. O turco recebeu empréstimos de até 100 milhões de euros de Refik Arif, empresário do Casaquistão do ramo de petróleo e indústrias químicas, detentor também de participações em offshore (contas em paraísos fiscais) nas Ilhas Virgens Britânicas.

Em comunicado à agência americana Bloomberg, o Doyen Sports confirmou a veracidade dos documentos publicados pelo Football Leaks. Declarou também que teriam sido obtidos por hackers, que buscaram vantagens para não revelar o conteúdo na internet.

Nesta terça-feira (1º), o portal repudiou as acusações do fundo. “Lançamos o desafio a que sejam provadas as acusações de ataque informático. A nossa única pretensão é a transparência e o fim desta nuvem cinzenta que paira no futebol mundial. Basta de offshores e de ingerências nos clubes”.

Carreiras

Revelações da base atleticana, Marcelo e Coutinho estão em baixa atualmente. Nem Marcelo, no Flamengo, nem Coutinho, no Furacão, mantiveram o futebol que motivou os investidores estrangeiros a gastar milhões de euros.

Coutinho conviveu com lesões nos últimos tempos. Aos 21 anos, entrou em campo somente 16 vezes na atual temporada. Treze pelo Brasileiro, duas pela Copa do Brasil e uma pela Copa Sul-Americana. Anotou três gols em 2015.

Com passagens pela seleção brasileira de base, Coutinho foi sondado por diversos clubes e esteve próximo de partir para a Holanda. No contrato com o Doyen, está previsto que a negociação tem de ser para time de primeira divisão da Europa e com salário mínimo de 50 mil euros.

O contrato prevê ainda que o Doyen Sports poderá adquirir outras duas partes de 10% dos direitos econômicos do jogador, sem que o Atlético possa recusar o acerto. Cada uma delas por 1 milhão de euros. A última especulação é que o São Paulo tem interesse no avante.

Marcelo foi mais assíduo no Flamengo, com 42 partidas – 20 pelo Brasileiro, 17 pelo Campeonato Carioca e cinco pela Copa do Brasil. Marcou 11 gols, apenas um pelo Nacional. Recentemente, o jogador de 23 anos acabou afastado pela equipe carioca por problemas disciplinares, após ser flagrado em uma festa.

A reportagem procurou Petraglia nesta terça-feira para comentar a negociação de Marcelo e Coutinho ao grupo Doyen Sports, mas o presidente do Atlético desligou o telefone ao ouvir que era da Gazeta do Povo. Também foi solicitado por e-mail esclarecimento à assessoria de imprensa do clube, mas não houve resposta.

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