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| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Igreja e território estão na alma do San Lorenzo, clube fundado em 1908 e que nesta quarta-feira (15), às 19h30, em Buenos Aires, será o adversário do Atlético pela segunda rodada do grupo 4 da Copa Libertadores.

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O duelo está marcado para o Nuevo Gasómetro, estádio do Ciclón desde 1993. O campo localizado no bairro Bajo Flores, contudo, não é exatamente a casa que a torcida gostaria.

Os Corvos são identificados com o bairro Boedo, onde ficava o Estádio Viejo Gasómetro, tomado pela ditadura militar argentina em 1979 por causa de dívidas. Cinco anos depois, o governo vendeu o terreno para a rede francesa de supermercados Carrefour.

O time, então, perambulou por vários estádios da capital argentina (chegou a mandar seus jogos na mítica Bombonera), mas a volta para casa sempre marcou o sentimento da torcida, mesmo após o clube levantar nova a versão do Gasómetro.

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As raízes do futebol portenho são muito ligadas às comunidades, aos bairros. A cidade tem 29 equipes profissionais, apenas atrás de Londres em todo mundo. Assim, atuar longe de onde nasceu virou até motivo de chacota para os rivais do Ciclón– o Huracán é o principal deles.

Em 2015, um ano depois de comemorar seu primeiro título da Libertadores, o 15 vezes campeão nacional San Lorenzo finalmente conseguiu recomprar do Carrefour parte da área de sua velha casa no Boedo. Não fossem os torcedores, que ajudaram o clube a não ser vendido como consequência de mais dívidas no início da década passada, o retorno seria impossível.

Há cinco anos, em uma demonstração de força, 100 mil hinchas foram até a Plaza de Mayo, tradicional local de protestos e celebrações de Buenos Aires, para cantar “vamos a volver” (vamos voltar).

Mais que time do Papa

Quando ficar pronto – a expectativa é 2019 –, o Nuevo Viejo Gasómetro será batizado de Jorge Mario Bergoglio, nome do cardeal argentino que em março de 2013 se tornou o mais importante membro Igreja Católica.

O Papa Francisco é mais um dos quatro milhões de torcedores dos Corvos, quinta maior hinchada do país (depois de Boca Juniors e River Plate, que detém dois terços da preferência, e dos times da vizinha Avellaneda Independiente e Racing).

Mas a relação do San Lorenzo com a igreja vai muito além de Bergoglio. A fundação do clube teve uma participação emblemática da instituição.

No começo dos anos 1900, as crianças que jogavam bola nas cercanias das ruas México e Treinta y Tres Orientales do bairro Almagro (local que pouco depois passou a fazer parte de um novo bairro chamado Boedo) foram convencidas a usar o pátio da igreja como campo.

O convite foi feito pelo padre Lorenzo Massa, preocupado com o movimento de veículos na região. A única condição era que os jovens fossem à missa todo domingo.

Lorenzo acabou virando nome do time criado em 1908, mesmo que na assembleia de fundação a homenagem oficial ficou para o santo de mesmo nome e para o bairro da época: Club Atlético San Lorenzo de Almagro.

Remanescentes

Do elenco que conquistou a América há três anos, sobraram poucos nomes no plantel atual. O goleiro Torrico segue titular, assim como o volante Ortigoza. Ambos atuaram na desastrosa estreia contra o Flamengo, na semana passada, quando foram goleados por 4 a 0.

Por outro lado, o meia Romagnoli, já veterano, não é mais a estrela do time e amarga a reserva com o técnico uruguaio Diego Aguirre, ex-Internacional. Mercier também não tem mais lugar no onze, enquanto o atacante Blandi fez o caminho inverso e hoje desponta como o goleador da equipe.

Contra o Furacão, o San Lorenzo fará apenas seu terceiro jogo oficial em 2017. No sábado, a equipe derrotou o Belgrano em casa (2 a 1) pelo Campeonato Argentino.

A competição começou atrasada por causa de uma greve dos clubes motivada pela falta do repasse da verba dos direitos de transmissão pelo governo, que é quem exibe as partidas na Argentina. Vários times atrasaram salários no período, além se verem obrigados a negociar jogadores para pagar as contas.

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