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Bandeira de Mello, Mario Celso Petraglia e Ricardo Martins, diretor executivo do Bom Senso FC: pressão pela MP 671. | Guilherme Prado/Bom Senso FC
Bandeira de Mello, Mario Celso Petraglia e Ricardo Martins, diretor executivo do Bom Senso FC: pressão pela MP 671.| Foto: Guilherme Prado/Bom Senso FC

Dois grandes clubes brasileiros sentaram à mesa com o Bom Senso Futebol Clube nesta segunda-feira (6) em São Paulo para pedir urgência na votação da medida provisória 671, que provocaria mudanças na estrutura do futebol brasileiro. Seriam três, mas o presidente do Corinthians não compareceu. Eduardo Bandeira de Mello, do Flamengo e Mario Celso Petraglia, do Atlético, falaram em nome dos clubes que defendem a MP do futebol.

Um dos pontos considerados fundamentais é o refinanciamento das dívidas dos clubes, que seriam recalculadas, com redução de multas e juros. Os clubes têm pressa. Se a medida provisória não for votada até o próximo dia 17, o texto caduca e todo o esforço feito por dirigentes, atletas e representantes do Bom Senso terá sido em vão. Nesse caso, as consequências podem ser graves, como destaca Petraglia. “[Sem a revisão das dívidas] Não sabemos quais grandes clubes brasileiros terão de fechar suas portas”, resumiu, em tom duro.

7 a 1 foi pouco

Na semana em que a goleada da Alemanha sobre a seleção brasileira na Copa do Mundo completa um ano, os presidentes dos clubes são pessimistas. “O 7 a 1 foi emblemático. A aprovação da MP não resolve todos os nossos problemas, é um ponto de partida. Se nós conseguirmos, faremos um gol e será 7 a 2. Se continuar como está, teremos 8 a 1... 9 a 1... e por aí vai”, disse o presidente flamenguista, Eduardo Bandeira de Mello. Mario Celso Petraglia, do Atlético, finalizou: “Que se cobre, que os dirigentes sejam penalizados e que não seja só o primeiro passo rumo à moralização, que seja o passo definitivo”.

Em seguida, o presidente do Furacão completou o raciocínio. “A situação mais pessimista é que caduque a resolução, porque daí teremos uma pressão do Ministério da Fazenda e da Receita Federal, com todo o direito, para cima dos clubes devedores, para que paguem a dívida”, sentenciou, apoiado pelo dirigente carioca. “Há o risco de que isso seja empurrado com a barriga, os clubes vão ficar sem o refinanciamento das dívidas. Flamengo e Atlético vão sobreviver, tenho certeza de que vão sobreviver, mas existem outros clubes em que as consequências serão piores”, disse Bandeira de Mello.

“[Sem a revisão das dívidas] Não sabemos quais grandes clubes brasileiros terão de fechar suas portas”

Mario Celso Petraglia presidente do Atlético

O texto final seria votado na última quinta-feira, mas só deve voltar à pauta do Congresso nesta terça-feira (7). O texto teve 120 dias para ser apreciado pelos deputados e várias mudanças foram feitas nesse período. Em meio ao apelo para que a lei seja aprovada, os dois cartolas ressaltam que não há perdão das dívidas, mas sim o refinanciamento com obrigação de contrapartidas por parte dos clubes.

“Não existe perdão, mas há contrapartidas. Nenhum clube vai poder atrasar salário ou imposto, os clubes vão ter de andar na linha”, explicou o flamenguista, um dos nomes mais ativos nas negociações de uma nova legislação para o esporte desde que o tema começou a ser discutido. Para ele, a aprovação da MP é um primeiro passo para a modernização do futebol.

Novato no grupo dos que apoiam o Bom Senso e a resolução em discussão no Congresso, Petraglia afirmou ter se juntado nesse esforço pelo fortalecimento dos clubes. Segundo ele, anos de má gestão levaram as agremiações a situações difíceis. “Se não buscarmos uma legislação clara e moderna, essas transformações que nós buscamos dificilmente vão acontecer. Os clubes, as nossas marcas, foram bloqueadas. O Flamengo é um dos maiores clubes do mundo e você não vê a marca do Flamengo no mundo, você vê a da seleção brasileira”, afirmou.

Petraglia abordou também outro tema polêmico da MP: a mudança no sistema de eleições das federações e da própria CBF. “As federações não têm mais nenhum sentido na minha avaliação. Valiam alguma coisa quando o país continental tinha descompassos entre as distâncias norte e sul. Hoje não tem necessidade desses cartórios, de cobranças absurdas para uma carimbada no registro de um atleta”, desabafou. O presidente do Atlético ainda se dirigiu ao colega: “A CBF afirma que é a nossa casa, a casa dos clubes. Espero, presidente, que o senhor tenha razão e que eles entendam que esse é o momento de dar o primeiro passo”.

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