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Pepe treinou o Atlético em 1995 e conquistou a Série B | /
Pepe treinou o Atlético em 1995 e conquistou a Série B| Foto: /

Em 1996, quando treinava o Coritiba, Pepe não acreditava que pudesse reviver a mesma emoção de quando formava no Santos uma das maiores linhas de frente da história do futebol, ao lado de Pelé, Pagão, Dorval, Mengálvio e Coutinho, nos anos 60.

E a culpada por balançar o coração do bicampeão mundial pelo Brasil (1958 e 1962) e pelo Peixe (1962 e 1963) naquele 22 de setembro foi a torcida do rival Atlético, conforme está no livro Pepe, o Canhão da Vila (Ed. Realejo Livros), que será lançado em Curitiba neste sábado (3), na Embaixada do Santos na cidade.

Um ano após deixar o Furacão, a velha Baixada deixou de lado a rivalidade com o Coritiba para cantar em uníssono o nome do treinador que em 1995 levou o Rubro-Negro à conquista da Série B do Brasileiro.

O Coxa perdeu o clássico por 1 a 0, com direito a Oséas subir na grade do Caldeirão para comemorar o gol da vitória. Mas o que ficou na memória de Pepe foi o carinho da torcida atleticana.

Lançamento do livro Pepe, o Canhão da Vila

O lançamento da biografia Pepe, o Canhão da Vila em Curitiba será nem evento da Embaixada do Santos no Clube Mercês, às 9h30 de sábado (3). O endereço é Rua Valério Haisi, 262, em Santa Felicidade. O valor da entrada é de R$ 50 para mulheres e sócios da embaixada, e de R$ 75 para não-sócios. Crianças não pagam a entrada. O livro será vendido no local a R$ 50.

“Aquilo foi incrível, o coração deu uma baita balançada. Eu não estava preparado. Foi a mesma emoção dos gols que marquei pelo Santos em decisões”, revela Pepe, hoje aos 80 anos, autor de dois gols da equipe paulista na decisão com o Milan na conquista do bicampeonato do Mundial Interclubes, em 1963, no Maracanã.

O carinho da torcida do Atlético é um dos relatos contados pelo ex-atacante no livro, escrito pela filha do craque, a jornalista Gisa Macia, que passou quatro anos colhendo entrevistas e relatos do próprio pai. “Ouvi umas 30 pessoas, mas a principal fonte foi meu próprio pai. Além de memória muito boa, ele guardou os diários que escreveu nos tempos de jogador”, revela Gisa.

Biografia de Pepe escrita pela filha do craque.

Na biografia, Pepe afirma que a dupla Oséas e Paulo Rink, que marcou época na Baixada nos anos 90, foi uma das melhores linhas de ataque que treinou, principalmente nas jogadas aéreas.

“Eu dizia para os laterais que se o time estivesse em dificuldade era só alçar a bola na área que era gol. O Oséas e o Paulo Rink se entendiam tão bem, que até passes de cabeça eles trocavam”, relembra.

“O Oséas era brincalhão, todo mundo tirava sarro daquela peruca dele. Já o Rink era sério, tanto que depois ele deu muito certo no futebol alemão”, recorda Pepe, que foi substituído no Atlético por Leão sem maiores explicações da diretoria.

Logo na estreia de Pepe no comando do Furacão, goleada de 6 a 0 sobre o Mogi Mirim pela Série B. “Depois do jogo liguei para a minha família em Santos e disse que tinha um time muito bom e que o trabalho ia dar certo”, afirma Pepe. E deu: a equipe, que contava com Ricardo Pinto, João Antônio, Leomar, Matosas, além da dupla Oséas-Rink, foi campeã da Série B.

Pepe na seleção na Copa de 58.Divulgação

Do Coritiba, Pepe também guarda boas lembranças. Diz ter sido muito bem tratado pela diretoria e torcida. E destaca no livro o fato de ter trabalhado com dois grandes talentos da história do clube: Pachequinho e Alex.

Viagem pelo futebol

A biografia de Pepe é uma viagem pelos anos dourados do futebol brasileiro. Com 405 gols em 750 partidas pelo Santos, Pepe se autointitula o maior artilheiro da história do clube – já que, segundo o próprio, Pelé “é de outro mundo e não conta”. É o jogador com mais títulos pela equipe do litoral paulista: 27, um a mais que Pelé. Pela seleção, marcou 22 gols em 40 jogos.

Pepe deveria ser o titular na conquista do bi mundial de 58/62. Mas lesões o tiraram do time, dando lugar a Zagallo no ataque da seleção em ambas as Copas.

O apelido Canhão da Vila veio do forte chute de perna esquerda, que, segundo o próprio, superava 120 km/h. “Graças ao futebol, conheci mais de 60 países quando jogava e atuei ao lado dos dois maiores da história na minha opinião: Pelé e Garrincha”, enfatiza.

Como treinador, trabalhou em quatro países, além do Brasil: Peru, Catar, Portugal e Japão.

Pepe, Zito, Pelé e Pagão: esquadrão do Santos nos anos 60.Divulgação

Sobre o Rei do Futebol, Pepe recorda do primeiro encontro com o camisa 10, em 1956. “Eu estava na barbearia cortando o cabelo e quando saí vi um menino tomando refrigerante com o Valdemar de Brito [técnico que levou Pelé para o Santos]. Quando ele apertou minha mão, já senti que aquele guri tinha vontade mesmo”, revela.

Guardiola

Outro grande nome do futebol com quem Pepe trabalhou foi o espanhol Pep Guardiola. O técnico do Bayern de Munique, que conquistou tudo no comando do Barcelona, foi treinado por Pepe no Al Ahli, no Catar, em 2003.

“O Guardiola perguntava muito sobre o Santos dos anos 60. Perguntava tudo, como eu jogava, como o Pelé jogava. Tanto que eu pensei: pelo tanto que esse rapaz joga e pelo tanto que ele quer saber, vai ser um bom treinador. Não deu outra”, gaba-se, Pepe, mas não sem uma pontinha de remorso.

“O duro é que eu passei tanta coisa para o Guardiola e depois ele deu uma surra no meu Santos. Não devia ter falado tanto”, brinca o Canhão da Vila, sobre a goleada de 4 a 0 que o Barça aplicou no Peixe na decisão do Mundial de Clubes de 2011.

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