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A volta para casa aconteceu em uma emblemática manhã chuvosa. Era a deixa para um doloroso adeus.

Lotada com 20 mil pessoas, a Arena Condá recebeu neste sábado (3) os corpos de 50 das 71 vítimas do voo Lamia 2933, que caiu na Colômbia na madrugada da última terça-feira (29) com a delegação da Chapecoense e 21 representantes da imprensa, além da tripulação. O velório coletivo foi o primeiro contato direto da maioria dos familiares com a tragédia.

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A cerimônia começou apenas por volta de 12h30, quando os corpo chegaram em cortejo ao estádio. Cerca de cinco horas antes, no entanto, já havia milhares de pessoas do lado de fora aguardando a abertura dos portões. Os telões alternavam entre gols da Chape e imagens da chegada dos aviões da Força Aérea, recebidos pelo presidente Michel Temer no aeroporto.

Na maior parte do tempo, o clima de consternação. Aplausos esporádicos quebravam o peso silêncio pesado que tomou conta do local a partir da chegada dos caixões. Sem exceção, as famílias eram a expressão da desolação.

Preparador físico da seleção brasileira, Paulo Paixão, precisou ser retirado do local. Anderson Paixão, seu filho, trabalhava na comissão técnica do paranaense Caio Jr. Mãe do goleiro Danilo, Ilaídes Padilha, também era só lágrimas, mas encontrou forças para caminhar pelo gramado e agradecer o apoio.

A chuva intensa não espantou o público, que acompanhou das arquibancadas uma série de homenagens. O cerimonial começou falando da história da equipe catarinense, depois seguiu com discursos. O primeiro a falar foi o presidente em exercício da Chape, Ivan Tozzo.

“Nossos pequeninos, não percam a esperança. Vivam o sentimento de pesar, mas ergam a cabeça e continuem firmes e fortes. Nossa Chape precisa de vocês”, pediu o dirigente, que terá a responsabilidade de comandar a reconstrução do time a partir de segunda-feira (5).

O prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, falou em seguida e destacou a solidariedade dos colombianos e do Atlético Nacional, que seria adversário na final da Sul-Americana e abriu mão da taça.

“Preciso reconhecer antes de nada que a Colômbia fez com que nos aproximássemos de forma a nunca mais esquecer o que esse povo fez por Chapecó, Brasil e pelo mundo”, comentou. “Só por competência dos colombianos que podemos comemorar que temos seis sobreviventes desse trágico acidente. Obrigado Colômbia, obrigado povo colombiano”, emendou.

O lateral Alan Ruschel, o zagueiro Neto e o goleiro Follmann, além do jornalista Rafael Henzel, foram resgatados com vida e ainda estão hospitalizados em Medellín. Dois comissários de bordo bolivianos já receberam alta.

Além do presidente Temer, que optou por não discursar, outras personalidade também foram à despedida. Muito aplaudido, o técnico da seleção brasileira Tite saiu abraçado em uma bandeira com as cores da Chapecoense. O italiano Gianni Infantino, presidente da Fifa, foi breve em sua manifestação e afirmou que a entidade e o mundo do futebol está ao lado dos catarinenses.

A consternação dos amigos e familiares, contudo, estava ainda mais explícita ao lado dos caixões. As famílias, receberam flores, uma camisa do clube e uma foto de seu ente querido. Na saída do estádio, um a um, jogadores tinham seus nomes gritados pelos torcedores, tal qual um jogo de verdade. Foi a partida que eles não jogaram.

A cerimônia foi encerrada com o vídeo do time e comissão técnica comemorando no vestiário a classificação à decisão da Sul-Americana, após empate com o San Lorenzo, no dia 23 de novembro. E o coro se espalhou pela Arena Condá.

“Vamo, vamo Chape. Vamo, vamo, Chape...”.

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