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Rogério Bacellar, presidente do Coritiba, durante a eleição que o consagrou em 2014. | Henry Milléo/Gazeta do Povo
Rogério Bacellar, presidente do Coritiba, durante a eleição que o consagrou em 2014.| Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo

Em pouco mais de dois anos de mandato do presidente Rogério Bacellar, o Coritiba sofreu uma lenta reformulação do quadro de conselheiros deliberativos eleitos do clube. Composto por 160 integrantes, distribuídos, proporcionalmente, a partir do resultado das urnas da última eleição (a chapa vencedora, a Coxa Maior, teve 62% dos votos dos sócios, e, portanto, pôde indicar 100 nomes para o Conselho), o Conselhão, como é chamado, passou por uma debandada de mais de 50 conselheiros, também substituídos proporcionalmente. Destes, 36 nomes eram ligados à chapa de Bacellar.

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Cabe ao grupo representar os sócios, orientar e aprovar a gestão dos negócios sociais do clube, além de observar às leis, o Estatuto e o Regimento Interno. Contudo, para muitos sócios, as reuniões do Conselho são marcadas por disputas contraproducentes. “O ambiente político do Coritiba é muito desgastante”, afirma o empresário Ademir Stoco, que deixou o Conselho Deliberativo em 2015. “O Conselho não chega a denominadores comuns. Muitos demonstram ter apenas o objetivo de tumultuar as sessões”, alega.

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O número expressivo de saídas da base aliada do atual presidente evidencia de forma geral a conturbada vida interna do clube, que sofre problemas de fluxo de caixa e rendimento em campo. São sucessivas brigas contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro . A gestão Bacellar ainda não conquistou títulos. Nas decisões do Estadual em 2015 e 2016, foram duas derrotas, ambas com placar de 5 a 0 no agregado para Operário e Atlético, respectivamente.

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Em dezembro de 2015, o próprio presidente do Conselho Deliberativo, Pierpaolo Petruzziello, renunciou ao cargo. “Os conselheiros deliberativos se decepcionam com o que encontram nas reuniões. Eles são engessados pelo estatuto e não conseguem contribuir para o crescimento do clube do coração”, define.

Petruzziello cobra mudanças. “É preciso um novo estatuto para que os conselheiros tenham mais voz ativa e as decisões não sejam definidas apenas por um grupo restrito”. Após a saída de Petruzziello, o Alviverde ficou dois meses sem presidente do Deliberativo. O cargo acabou ocupado pelo advogado Samir Namur, com boas relações com o presidente, mas fortemente vinculado ao grupo “Ala Jovem”, que vem ganhando força política no clube e pode lançar chapa própria nas eleições de dezembro.

Das 52 saídas, ao menos cinco conselheiros possuem relação direta com o grupo. Contudo, um dos conselheiros vitalícios do Coritiba, que pediu anonimato à reportagem, não acredita na força do novo bloco. “São muito jovens e não tem a influência que acreditam ter. O próprio Conselho Deliberativo sofre com isso, de modo geral, com perda de capital intelectual e ausência de pluralidade de ideias”. Para o conselheiro, as reuniões são “uma bomba”. “A proporcionalidade faz com que entre qualquer um, muitas vezes sem capacidade até de pagar as parcelas de sócio”.

Para o ex-conselheiro e engenheiro Sylvio Bahry Jr., que se desligou do clube em 2016, o jogo político pobre do Coritiba está afastando os torcedores apaixonados. “As coisas não mudam. Fiquei 15 anos ouvindo as mesmas perguntas e as mesmas respostas. Uma hora cansa, a burocracia, o discurso cansa”. Bahry Jr. foi um dos fundadores da Torcida Jovem, que originou posteriormente a Mancha Verde.

Petruzzielo reconhece o ambiente interno complicado do conselho Alviverde. “É muita briga política, tumulto em cima de tumulto. A própria discussão antecipada sobre as eleições de dezembro somente prejudicam o clube. Não é hora pra isso. Quem perde, sempre, é o Coritiba”, completa.

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