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Paulo Davi Riffter, 65 anos, reclama do apetite do rival Coritiba: “Eles já tem 37. Deixa a gente ganhar um, pô”. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Paulo Davi Riffter, 65 anos, reclama do apetite do rival Coritiba: “Eles já tem 37. Deixa a gente ganhar um, pô”.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Uma euforia transformada em números, revertida em respaldo financeiro e apoio nas arquibancadas.

Em quatro meses o número de sócios do Operário saltou de míseros 62 em dezembro para impressionantes 2.052 até esta sexta (1º), dia em que o time completou 103 anos.

A campanha que levou o Fantasma à final do Paranaense, neste domingo (3), às 16 horas, contra o Coritiba, “provocou” os mais jovens e fez renascer nos mais velhos o orgulho de torcer para o time de sua cidade.

Depois de ser rebaixado em 1994, a agremiação ficou inativa por quase 10 anos (até o início de 2004). Voltou para amargar seis anos de Divisão de Acesso. Voltou sem brilho em 2010 e quase foi rebaixado em 2014 (disputou o Torneio da Morte), o momento é realmente especial.

O fracasso do ano passado foi a gota d’água para os torcedores do Fantasma. Os mais abonados se uniram para tocar o clube, enquanto os mais apaixonados se abraçaram para reerguer o orgulho operariano.

“Os 10 anos que ficamos fora representaram uma geração perdida. Hoje, no entanto, meu piá de 11 anos é Operário e quer ir em todos os jogos. Estamos começando de novo”, orgulha-se Alessandro Krüguer, 39 anos, um dos fundadores da Associação Avante Fantasma (Aafa), grupo de amigos que tenta preservar a história e promover ações para ajudar o clube.

A realidade do Operário encanta os jovens e presenteia a velha guarda que há muito espera por esse momento. “Nunca vi o Operário chegar tão forte assim. É um momento inédito. Se perdemos um título, será muito triste para Ponta Grossa”, comenta o barbeiro Benedicto Godoy, quase uma entidade da torcida, no alto de seus 74 anos.

Até quem nunca foi de acompanhar o time nas viagens está empolgado. “Desde pequeno espero por ver uma decisão do Operário. É a chance de fazer história e quero estar lá para ver ao vivo o nosso título”, sonha o consultor de vendas Vanderlei de Matos Cardoso, de 49 anos.

A perspectiva do título mexe com a cabeça de quem já vestiu a camisa do Operário e hoje vive o dia a dia em outra função. É o caso do “faz tudo” José Gracindo Sobrinho, 71 anos, ex-lateral direito da década de 70, que hoje trabalha no clube. “Joguei muitas vezes esperando chegar numa final, mas não consegui. É uma alegria imensa ver esses meninos disputando o título. Eles merecem ser campeões”, afirma, já preocupado em dar um trato no gramado para a Série D.

E para viver esse momento, vale todo tipo de maluquice. Da superstição aos pedidos inusitados. “Entro no estádio com o pé direito, uso a mesma cueca desde o jogo contra o Lodrina – e nem lavo. E pra ajudar o time tem que jogar com a camisa branca. Com a preta só perdemos”, brinca o aposentado Paulo Davi Riffert, de 65 anos, que acompanha o Operário a todos os jogos.

“O futuro dos nossos torcedores depende do título. Eu tenho 65 e nunca vi. O Coxa já tem 37 títulos. Deixa a gente ganhar um pô”, diverte-se Riffter.

  • AAFA, reduto operariano, vizinho do Germano Krüguer.
  • Gracindo espera que time conquiste o título que ele tanto lutou.
  • Criança exibe escudo do Fantasma. Nova geração garantida.
  • Paulo Davi Riffter, 65 anos, reclama do apetite do rival Coritiba: “Eles já tem 37. Deixa a gente ganhar um, pô”.
  • O cabelereiro Godoy mostra foto da sua segunda casa: o estádio.
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