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J. Hawilla escapou da prisão por ter colaborado com as investigações da Justiça americana, confessado seus crimes e pago multa. | Felix Lima/Folhapress
J. Hawilla escapou da prisão por ter colaborado com as investigações da Justiça americana, confessado seus crimes e pago multa.| Foto: Felix Lima/Folhapress

Investigado no caso de corrupção no futebol levado a cabo pela justiça norte-americana, o brasileiro José Hawilla, 71 anos, admitiu sua parcela de culpa – é réu confesso em extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça – e fez um acordo no ano passado para se livrar da prisão. Os pormenores da negociação não foram revelados pelas partes, mas o empresário aceitou devolver US$ 151 milhões (cerca de R$ 473 milhões) e tem ajudado as autoridades a desvendar o caso.

Segundo seu advogado, José Luiz de Oliveira Lima, Hawilla, que mora há dois anos nos EUA, está atualmente em liberdade exatamente por estar contribuindo com a investigação. Ele é dono da Traffic, uma das maiores empresas de marketing esportivo do mundo e que negocia direitos de transmissões de tevê e publicidade de grandes eventos, como a Copa América e a Libertadores.

O pagamento de propinas relacionado a contratos de marketing e televisionamento de jogos, com a participação do empresário, é um dos esquemas analisados pelo Departamento de Justiça americano.

Pelo comunicado divulgado nesta quarta-feira (27), desde 1991 teriam sido desembolsados mais de US$ 150 milhões em propinas – em acordos intermediados pelo brasileiro. Seriam pagamentos feitos por empresas a dirigentes em troca dos contratos e direitos de tevê de competições esportivas organizadas pela Fifa e entidades ligadas a ela. Entre esses torneios estariam a Copa do Brasil, a Libertadores, a Copa América e as Eliminatórias da Copa do Mundo da Concacaf.

José Hawilla também seria um dos protagonistas de outro caso investigado, o do acordo costurado por ele em 1996 ligando a CBF à Nike (fornecedora de materiais esportivos) – a negociação chegou a ser alvo de uma CPI em Brasília, encerrada em junho de 2001 sem desdobramentos.

“Duas gerações de dirigentes de futebol abusaram de suas posições de confiança para ganho pessoal, frequentemente através de aliança com executivos de marketing inescrupulosos que barraram concorrentes e mantiveram contratos lucrativos para si mesmos através do pagamento sistemático de propinas”, defende a nota das autoridades norte-americanas.

A Traffic teve exclusividade na comercialização de direitos internacionais de tevê da Copa do Mundo da Fifa no Brasil, em 2014. Além de ser responsável pelos direitos de torneios de futebol, a empresa detém passes de jogadores como o argentino Conca e o brasileiro Hernanes, é dona de times como o Estoril Praia, de Portugal, e é responsável pelas vendas de camarotes do Allianz Parque, estádio do Palmeiras, em São Paulo. Hawilla também é fundador do Fort Lauderdale Strikers, time da segunda divisão do futebol dos EUA, e que tem como sócio o ex-jogador Ronaldo.

O empresário, ex-repórter de rádio e ex-vendedor de cachorros-quentes que virou o maior empresário de futebol do país, é amigo do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Foi na gestão de Teixeira que a Traffic começou a atuar como detentora dos direitos de transmissões de tevê e publicidade da seleção.

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