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José Maria Marin: preso nesta quinta-feira na Suíça. | Tomaz Silva/Agencia Brasil/Arquivo
José Maria Marin: preso nesta quinta-feira na Suíça.| Foto: Tomaz Silva/Agencia Brasil/Arquivo

O ex-presidente da CBF José Maria Marin e outros seis dirigentes da Fifa foram detidos nesta quarta-feira (27) pela polícia suíça em uma operação surpresa, realizada a pedido das autoridades dos EUA. Os cartolas são investigados pela justiça americana em um suposto esquema de corrupção.

“Os subornos e o dinheiro ilegal se converteram no modo corrente de fazer negócios dentro da Fifa até que criaram uma cultura da corrupção que apodreceu o maior esporte do mundo”, afirma o diretor do FBI, James B. Comey, num comunicado oficial publicado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, foram detidos, além de Marin, Jeffrey Webb, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Eugenio Figueredo e Rafael Esquivel. O ex-presidente da Conmebol Nicolás Leoz também está entre os acusados, mas não foi preso. Os alvos da operação são principalmente integrantes da Concacaf, como Webb, presidente da entidade que engloba os países das Américas do Norte e Central e do Caribe.

Na mesma nota a procuradora-geral norte-americana, Loretta Lynch, acusa os sete dirigentes detidos e os outros sete que estão sob custódia do próprio FBI, de participar de uma rede de “corrupção sistêmica e desenfreada”.

ACUSADOS: Veja quem são os suspeitos acusados pela justiça norte-americana

Eleição está garantida, diz Fifa

Agentes chegaram no início da manhã (horário local) ao luxuoso hotel cinco estrelas Baur au Lac, em Zurique, onde os dirigentes estão reunidos para um congresso anual da entidade máxima do futebol. A entrada do prédio foi bloqueada e dezenas de jornalistas se aglomeravam no local.

Segundo fontes que estiveram no lobby do estabelecimento, dois policiais carregaram malas e uma pasta com o símbolo da CBF. Pálido e visivelmente nervoso, José Maria Marin foi conduzido a um carro.

As acusações, segundo a polícia suíça, estão relacionadas a um vasto esquema de corrupção de mais de US$ 100 milhões dentro da Fifa nos últimos 20 anos, envolvendo fraude, extorsão e lavagem de dinheiro em negócios ligados a campeonatos na América Latina e acordos de marketing e transmissão televisiva.

Dez perguntas e respostas sobre o escândalo de corrupção no futebol

A Justiça americana indicou que parte das propinas se referiam à organização da Copa do Brasil, Copa Libertadores da América e mesmo da Copa América. Além de corrupção, Marin e os outros dirigentes são acusados de “conspiração” e podem ser extraditados aos EUA. De acordo com os americanos, quem também será acusado é José Hawilla, fundador da Traffic Group.

Além da investigação nos EUA, as autoridades suíças teriam recolhido nesta quarta documentos na sede da Fifa, em Zurique, em uma apuração relacionada à escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022 (ver mais no quadro abaixo).

Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, 14 pessoas serão acusadas formalmente por envolvimento no caso. Além dos detidos nesta quarta, estão também os dirigentes Jack Warner e Nicolás Leoz, os executivos de marketing esportivo Alejandro Burzaco, Aaron Davidson, Hugo Jinkis e Mariano Jinkis, e contra José Margulies, um suposto intermediário que facilitava pagamentos ilegais.

O diretor de Comunicação da Fifa, Walter de Gregório, disse em entrevista coletiva que a entidade é parte “prejudicada” pelo episódio, e que está colaborando com as autoridades.

Segundo ele, apesar do momento difícil, a operação desta quarta é uma “coisa boa” para a entidade. De acordo com o assessor, as autoridades suíças relataram que escolheram esta quarta para as prisões por causa da facilidade em encontrar todos os dirigentes acusados no mesmo lugar.

Suíça abre investigação sobre escolha das sedes da Copa do Mundo em 2018 e 2022

O escritório do procurador-geral da Suíça afirmou hoje que abriu uma investigação para apurar má conduta e lavagem de dinheiro relacionadas ao processo de escolha das sedes da Copa do Mundo de futebol em 2018 e 2022.

Os países que devem sediar as competições nesses anos são, respectivamente Rússia e Catar.

O escritório também apreendeu documentos e dados eletrônicos na sede da Fifa, a organizadora da competição. Arquivos e documentos bancários serão usados no inquérito tanto na Suíça quanto no exterior, disse em nota o órgão.

Fonte: Dow Jones Newswires

Tensão pré-eleição

O clima de tensão entre os cartolas é evidente. A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo tentou questionar o vice-presidente da Fifa, Issa Hayatou, se ele temia também ser alvo de uma operação e a reação de seus assistentes foi a de empurrar o repórter acusando-a de ser “mau-educada”. “Isso é pergunta que se faça?”, gritava um dos seus assistentes.

Rumores entre as delegações também indicavam que Blatter poderia adiar as eleições, marcadas para esta semana. O suíço cancelou sua agenda para o dia e não compareceu a pelo menos dois eventos que ele pediria votos.

Mas a Fifa confirmou que a eleição será mantida. “Obviamente que o momento não é bom. Mas essa era a única forma de limpar”, declarou Walter de Gregório, que insiste que Blatter está “relaxado” e “fora de qualquer acusação”. Ele também confirmou: a Copa de 2018 e 2022 ocorrem na Rússia e no Catar.

Entre os delegados da entidade, muitos se questionavam quantos presidentes de federações tentariam sair da Suíça antes de uma eventual nova operação da polícia.

Oito dos indicados: Rafael Esquivel, José Maria Marin, Eduardo Li, Eugenio Figueiredo, Julio Rocha, Jeffrey Webb, Jack Warner e Nicolás Leoz (o único da imagem a não ter sido preso nesta quarta-feira). EFE
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