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Coritiba esperava faturar mais com sócios  em 2014. Previsão aumentou o rombo dos cofres do Coxa. | Giuliano Gomes/Tribuna do Paraná
Coritiba esperava faturar mais com sócios em 2014. Previsão aumentou o rombo dos cofres do Coxa.| Foto: Giuliano Gomes/Tribuna do Paraná

Receitas superestimadas x gastos excessivos = rombo milionário nas contas alviverdes. A diferença no orçamento do Coritiba no exercício de 2014 foi R$ 40,7 milhões superior à previsão inicial – ou R$ 42,9 milhões se considerados correções e juros. O valor de apenas um ano representa 79% da dívida que o clube acumulava no seu centenário: era de R$ 53,7 milhões em 2009.

A dívida consolidada passou de R$ 155,7 milhões em 31 de dezembro de 2013 para R$ 203,3 milhões em 31 de dezembro de 2014.

O salto nos débitos e a “explosão do orçamento” levaram à reprovação das contas do Coxa pela primeira vez na história do clube.

O parecer do Conselho Fiscal sobre o balanço do último ano de gestão do presidente Vilson Ribeiro de Andrade foi refutado em meio a discussões acaloradas e clima bastante tenso na noite de segunda-feira (30). Foram 78 votos contrários e 67 a favor durante a reunião do Conselho Deliberativo.

“Não podemos falar em irregularidades, má fé. Podemos falar em má gestão. O orçamento explodiu”, afirmou o presidente do Deliberativo, Pierpaolo Petruzziello, que quebrou o protocolo e permitiu a presença e justificativa do ex-mandatário Vilson Ribeiro de Andrade na reunião. O antigo dirigente atribuiu parte significativa do aumento das contas ao reconhecimento e renegociação de dívidas antigas.

“O resultado dos 12 meses é pior do que o orçamento proposto para o período. Fortemente influenciado pela inadimplência de sócios e gastos excessivos com futebol profissional, bem como pelo reconhecimento e apropriação da dívida BACEN [Banco Central] e contingências trabalhistas”, explica o caderno executivo da Diretoria Financeira/Controladoria do Coritiba.

A previsão orçamentária apresentada em novembro de 2013 estimava que o Alviverde acumularia R$ 95 milhões em receitas na última temporada. Efetivamente, entraram nos cofres do clube R$ 86,6 milhões, ou seja, R$ 8,4 milhões a menos. Já os gastos foram estipulados em R$ 77 milhões, mas chegaram a R$ 109 milhões, ou R$ 32 milhões a mais.

Uma das maiores diferenças entre previsão/realidade atingiu as despesas jurídicas, que passaram de R$ 2,8 milhões para R$ 10,8 milhões.

O patrimônio líquido – que abrange tudo o que a instituição tem entre bens e direitos e tudo aquilo que precisa pagar a curto prazo – está negativo em R$ 16,6 milhões. Em 2013, o patrimônio líquido fechou positivamente em R$ 26,3 milhões. Há a ressalva de que o Couto Pereira não foi valorado após a reforma e inauguração do setor Pro Tork.

“A diretoria ignorou várias recomendações feitas pelo Conselho Fiscal para readequação dos gastos. Uma das indicações foi para a mudança em certos procedimentos, como não contratar atletas com parte dos vencimentos paga como direito de imagem. A prática empurrou o clube para um passivo trabalhista de R$ 18,5 milhões, o maior da história do Coritiba”, apontou o vice-presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Eduardo Vianna Santos.

Presidente do Conselho Fiscal na gestão de Andrade, Gerson Chimelli enumerou outras discrepâncias do orçamento, como os R$ 5,9 milhões a menos arrecadados com sócios. “São vários motivos para a redução, como o atraso na obra do setor Pro Tork, a realização da Copa do Mundo, que interferiu no calendário, além da fraca campanha da equipe em campo”, comentou.

O clube também previa acumular R$ 12,5 milhões com a negociação de atletas. Ficou em apenas R$ 4,8 milhões.

Segundo ele, componentes alheios à gestão, como as dívidas antigas apropriadas e os gastos com a formação de atletas que não vingaram, impactaram o orçamento. “Isso representaria perto de 40% desse valor de R$ 42,9 milhões a mais”, explicou Chimelli.

Colaborou Leonardo Mendes Júnior

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