• Carregando...
Rodrigo Garcia, diretor de Esportes do Comitê Rio-2016: responsabilidade com 10 mil atletas olímpicos. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Rodrigo Garcia, diretor de Esportes do Comitê Rio-2016: responsabilidade com 10 mil atletas olímpicos.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Rodrigo Garcia, diretor de Esportes do Comitê Rio-2016, tem a missão de deixar tudo organizado para que os 10 mil atletas da Olimpíada se preocupem só com seus resultados daqui um ano. O paulistano é o principal elo da organização com as federações internacionais e comitês olímpicos nacionais para atender às demandas do calendário de provas e dos equipamentos esportivos que serão usados nos Jogos.

Para que tudo fique pronto a tempo, Garcia e sua equipe de 250 profissionais passam o dia debruçados em planilhas. Os levantamentos vão de estudos meteorológicos dos dias de provas a preços de bolas, redes, traves e outras peças. Ele garante, em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, que o Comitê Rio-2016 vai oferecer o que há de melhor aos esportistas, mas tudo dentro da realidade.

A Olimpíada é como 42 Mundiais, um de cada modalidade, disputados ao mesmo tempo?

Tecnicamente, sim, por termos os melhores atletas de cada modalidade. Em termos de organização, não. No futebol, por exemplo, o nível do padrão da Copa não é o mesmo da Olimpíada. Em 2014 teve a tecnologia do gol, mas já está acordado com a Fifa que nos Jogos não vai ter. Há esportes, por outro lado, em que o nível da Olimpíada é maior do que o do próprio Mundial. Temos de prover o mesmo nível de serviço, seja para a Fifa ou para federações de esportes não tão conhecidos.

Essa igualdade vale também para astros, como os jogadores da NBA?

Queremos que o atleta do esporte mais desconhecido tenha o mesmo tratamento dos astros. Claro, é difícil dizer para um LeBron James, um Rafael Nadal, um Roger Federer que eles vão ter de dormir na Vila Olímpica, em um apartamento com mais uma ou duas pessoas, que vão ter de pegar ônibus para os locais de treino ou competição. Essa estrutura vai estar à disposição deles, mas a gente sabe que isso não os atende. Então se esses astros quiserem algo a mais, a gente ajuda. Mas é o Comitê Olímpico do país dele que tem de negociar essa acomodação.

Há exageros nos pedidos?

Na Olimpíada é mais fácil dizer não a caprichos de atletas e dirigentes. Na Copa, eu imagino que seja muito mais difícil. Quando um atleta superstar vem para os Jogos, baixa muito a expectativa dele em termos de exigências. O que é assustador em termos de pedidos, para quem não é do mundo dos esportes, são coisas como quantidade de gelo, quantidade de toalha, algum tipo de alimentação específica. Mas nada comparado ao show business, de um cara pedir mil tolhas brancas de algodão egípcio. Os atletas sabem que a toalha que ele vai ter é higienizada, mas feita de um tecido que a gente conseguiu comprar ou que o patrocinador cobriu. O que não quer dizer que é um serviço de má qualidade. É só uma adaptação a uma realidade.

Com qual federação ou comitê olímpico nacional está sendo mais difícil negociar?

Nenhuma está dando mais trabalho. Pode acontecer de solicitarem algo de luxo, como um carro blindado. A gente mostra que não dá, que a mesma coisa que vale para o atleta, vale para o dirigente. Se o cara quiser um carro blindado, pode locar. O mercado está aí para isso.

Quais provas mais preocupam?

As outdoor (nas ruas) são o maior terror, basta ver o que aconteceu em Atenas, em 2004, quando o padre maluco invadiu a pista e barrou o Vanderlei Cordeiro da Silva. São as que têm tudo para dar errado, pela própria natureza: questões climáticas e possível interferência do público. As provas indoor também têm peculiaridades. No badminton, por exemplo, a gente tem de controlar o fluxo do ar-condicionado para não interferir na rota da peteca.

Quantos equipamentos serão necessários?

Estamos comprando um milhão de itens. São bolas de todos os tipos, redes, traves, compressores de ar, equipamentos de ajustes... Só de petecas para o badminton são mais de 300 (ver ilustração).

Todos esses equipamentos serão comprados?

Alguns serão locados por não haver razão para comprar. A lancha de arbitragem da vela, por exemplo. Não vale a pena comprar uma lancha para ser utilizada por apenas 11 dias e depois ter de se desfazer dela. Também há federações internacionais que mantêm relações comerciais com seus fornecedores. Nesses casos, como é o das bolas de vôlei, a organização recebe o material, usa e devolve. Esses acordos não geram custos.

Qual vai ser o destino dos equipamentos pós-Jogos?

Boa parte vai para o legado da Rio-2016. O Ministério do Esporte vai ceder parte desse material a confederações e clubes.

Confira os números que envolvem a organização dos Jogos Olímpicos de 2016

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]