• Carregando...
Publicação foi apagada pelo jornal, mas já havia se espalhado pela internet | /Reprodução
Publicação foi apagada pelo jornal, mas já havia se espalhado pela internet| Foto: /Reprodução

Um artigo publicado pelo site americano Daily Beast, em que um repórter usou aplicativos de paquera na Vila Olímpica e acabou expondo a sexualidade de uma série de atletas, incendiou a internet nos últimos dias. Mesmo sem citar nomes, a reportagem assinada por Nico Hines dava detalhes, como peso, altura, língua e nacionalidade, que permitiam identificar competidores.

Muitos deles não são assumidos e vêm de países onde a homossexualidade ainda é considerada um crime.

Preços de produtos oficiais assustam na Rio-2016

Leia a matéria completa

Em menos de uma hora depois da publicação na última quinta, o artigo foi editado para eliminar esses detalhes. Mais tarde, no que chamou de “medida sem precedentes”, o site tirou a reportagem do ar, pedindo desculpas. “Estávamos errados. E lamentamos”, dizia a nota do editor-chefe do Daily Beast, John Avlon.

Mas o estrago já estava feito.

O texto de Hines provocou fortes reações de outros veículos. Enquanto o jornal britânico The Guardian e o americano The New York Times noticiaram o episódio, Mark Joseph Stern, do Slate, chamou o caso de “selvagemente antiético”. O Salon classificou o artigo de “irresponsável” e “homofóbico”, enquanto o Huffington Post disse que o Daily Beast sofria com as consequências.

Nas redes sociais, não faltaram tuítes e comentários repudiando o site e a conduta de seu repórter, que se identifica como heterossexual, casado e pai de um filho. Ele diz ter se identificado como jornalista nos aplicativos, em especial o Grindr, direcionado a homens gays, tão logo fosse questionado, mas admitiu que criava ali uma armadilha ao marcar encontros com alguns atletas.

O nadador tonganês Amini Fonua, gay assumido, atacou Hines e seu artigo. “Imagine o único lugar em que você se sente seguro arruinado por um hétero que acha que tudo é uma brincadeira”, tuitou, lembrando que ser gay em Tonga não é permitido e que a reportagem expunha essas pessoas -uma delas um atleta de 18 anos, segundo ele- ao perigo e à perseguição. A homossexualidade hoje é ilegal em 78 países e em 13 deles pode ser punida com a morte se for provado o ato de “sodomia”.

A judoca Thamara e Rafaela Silva, ouro no Rio. Reprodução Instagram

Em seu Instagram, o nadador fez um post polêmico, exibindo seu bumbum: “Ei, Nico Hines e Daily Beast – se vocês estavam procurando no Grindr por fogo no rabo (e não vejo outro motivo para vocês estarem lá), vocês têm o meu aqui em toda sua glória. Agora, beijem-na e vão se f**er”.”

Segundo o site OutSports, só 48 atletas dos 10,5 mil que competem na Rio 2016 são gays assumidos -mesmo uma fração do total, esse é o número mais alto de atletas LGBT numa Olimpíada, segundo a rede de notícias CNN.

Rafaela Silva, a judoca brasileira que ganhou a medalha de ouro, falou sobre sua sexualidade só depois de sua conquista. Outra brasileira, a jogadora de rúgbi Isadora Cerullo, recebeu pedido de casamento da sua namorada depois de uma partida nos Jogos.

Antes mesmo da competição, um casal de homens trocou um beijo no revezamento da tocha olímpica.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]