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Bronze no Pan de Toronto, Amanda quer representar o Paraná na Olimpíada do Rio | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Bronze no Pan de Toronto, Amanda quer representar o Paraná na Olimpíada do Rio| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Em 2009, então com 15 anos, a paranaense Amanda Netto Simeão provou ser precoce. Pouco mais de um ano depois de iniciar os treinos de esgrima em Curitiba, classificou-se para o Mundial, em Antália, na Turquia. Entre os adultos.“Ninguém tinha minha idade. Eu era o bebê”, lembra a esgrimista, agora com 21 anos e o sonho de disputar a Olimpíada de 2016.

Bronze no Pan-Americano de Toronto com a equipe de espada feminina, no ano passado, Amanda não faz a mínima ideia de sua colocação final naquele Mundial. Sabe que, naturalmente, ficou entre as últimas. Mas também reconhece que estava na hora certa e no lugar certo.

Seu treinador na seleção, Giocondo Cabral, fez a ponte com Daniel Levavasseur, técnico francês responsável por nove medalhistas de ouro em Jogos Olímpicos. Ele conseguiu um teste para a garota em Saint-Maur-des-Fossés, a 11 km da capital Paris, no quartel-general de Levavasseur.

R$ 15 mil

É o valor que Amanda Netto Simeão gastou para passar um mês treinando e competindo na Itália, em outubro – R$ 5 mil a mais do que ela recebe por mês em bolsas e apoios. “E isso sem gastar em hospedagem. Fiquei em casas de amigos de amigos”, reclama. Por falta de recursos, ela deixou de competir nas duas últimas etapas do Grand Prix, que contam pontos para classificação olímpica.

Mesmo sem ter certeza de que a filha seria aprovada, a mãe dela, Ana Letícia, apostou alto e deixou o Brasil de mudança. “Fomos minha mãe, meu irmão, eu e 21 malas”, conta Amanda, que agradou ao treinador, hoje titular da seleção chinesa, e virou a queridinha da equipe.

Lá, uma rotina pesada de treinos passou a fazer parte do dia a dia da atleta. Correr na neve era o menor problema da curitibana, que havia passado boa parte da infância na Itália, onde teve o primeiro contato com a esgrima. Além da evolução técnica e tática, o maior aprendizado foi mental.

“O Daniel sempre me passava as sensações dele. Falava que se fulano está em tal movimento, iria fazer tal ação. E sempre fazia. Aprendi muito de observação. Nos pequenos gestos já consigo saber o que o adversário vai fazer”, explica.

A experiência francesa durou até 2013. Um ano antes, a mãe e o irmão retornaram à capital paranaense. A saudade bateu forte para a garota de 17 anos. Como avaliou que a questão estava atrapalhando seu desempenho, escolheu voltar para casa.

Decisão que, vez ou outra, ainda cruza a cabeça dela. Principalmente após ouvir do ex-treinador que certamente estaria entre as 16 melhores do mundo caso tivesse continuado na Europa. Atualmente ela é a número 81.

“É muito triste ouvir isso, mas são escolhas que a gente faz na vida”, afirma a curitibana, que precisa estar entre as três melhores do ranking nacional até maio para garantir vaga na equipe de espada feminina para a Rio-2016 – está em quarto lugar.

“Sou muito nova, tenho mais duas Olimpíadas pela frente. A questão seria se classificar agora porque os Jogos são em casa. Mas se não conseguir, não quer dizer que é o fim”, afirma.

Amanda treina na Sociedade Thalia, em Curitiba, e está às vésperas de abrir sua própria academia de esgrima. Sonha em dar aulas para crianças carentes, não sai de casa sem maquiagem (até para competir), mas ainda tenta resolver seus próprios dilemas de adolescente.

“Com 15 anos eu tinha um só sonho [ser atleta], hoje tenho vários. Quero ser mãe, quero fazer um mochilão pelo mundo e fazer uma faculdade, algo ligado a comunicação. E as vezes só quero ser normal.”

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