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Em Londres, Edilaine tornou-se recordista ao cumprir a marcha de 50km. | Arquivo pessoal
Em Londres, Edilaine tornou-se recordista ao cumprir a marcha de 50km.| Foto: Arquivo pessoal

A paranaense Edilaine Maria Vidotto Rech gosta de desafios: marchadora da prova de 20 km desde os 15 anos, planejava desde 2005 disputar os 50 km, exclusiva para os homens até o ano passado. Em 2 de outubro de 2016, aos 40 anos, a atleta de Cornélio Procópio cumpriu a promessa: competiu a marcha atlética de 50 km na Racewalking Hillingdon, em Londres. Seu tempo de estreia, 5h31min40s, foi confirmado como primeiro recorde brasileiro na modalidade.

Tanta espera para realizar seu projeto foi porque até 2015 a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) não reconhecia em seu regulamento a marcha atlética de 50 km como uma prova válida para mulheres.

Edilaine foi uma das quatro mulheres a competirem em Londres e, ao cruzar a linha de chegada, tornou-se a 13º mulher do mundo e a primeira da América Latina e de países de língua portuguesa a completar a distância marchando. “Foi uma prova muito sofrida a partir do quilômetro 30 porque comecei a sentir uma dor muito forte por causa de uma lesão no glúteo. Mas, fisiologicamente, me senti muito bem”, diz.

O resultado só foi homologado pela Confederação Brasileira de Atletismo (Cbat) 40 dias depois, em 12 de novembro. Agora, ela espera fazer parte da delegação brasileira no Campeonato Mundial de Atletismo de 2017 e, quem sabe, a Olimpíada de 2020, no Japão. “Eu tenho 40 anos. A única vantagem é a maturidade para superar a dificuldade dos treinamentos, porque competir na marcha atlética é resultado de uma construção mental”, fala a atleta que se divide entre os treinos e a rotina de professora de História.

Para competir em Londres, trocou de técnico, contou com a ajuda do marchador curitibano Samir Cesar Sabadin, que a preparou para passar da prova de 20 km para a nova distância. “Tive certeza que ela ia conseguir quando completou um treino de 40 km”, conta o técnico, que também competiu e ficou em terceiro lugar no masculino.

Edilaine conheceu a marcha atlética na adolescência, quando competia corridas de fundo – 1500 e 3000 metros na equipe da sua cidade. “Eu me encantei. Tanto que ia treinar escondido porque meu treinador não gostava muito da prova. E enfrentei um dos meus maiores traumas, o das cicatrizes das minhas pernas, em decorrência de um acidente com óleo diesel, aos 4 anos. Ironicamente, escolhi a única prova do atletismo em que os árbitros ficam o tempo todo de olho nas pernas dos atletas. O esporte entrou como reabilitação e a marcha como desafio”.

Briga nos bastidores deu direito de mulheres marcharem 50 km

A inclusão da marcha atlética de 50 km para mulheres como prova oficial da IAAF foi resultado de batalhas de mulheres atletas. O reconhecimento pela Federação Internacional de Atletismo veio no segundo semestre de 2015, depois que muitas marchadoras já vinham competindo a distância, sem terem seus nomes reconhecidos na história do esporte.Um dos nomes mais relevantes nesse caso é o da norte-americana Eryn Taylor-Talcott, que decidiu levar para o tribunal a situação. A marcha atlética é prova olímpica desde 1908, disputada nos 20 km masculino. Em 1996, teve a primeira disputa olímpica feminina, de 10 km e, em 2000, nos 20 km.

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