Arquitetura

4 lições que as animações podem nos ensinar sobre arquitetura

Gazeta do Povo
10/09/2015 14:41
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Monstros S.A.: os personagens são bastante diferentes entre si e as construções refletem a diversidade, com casas personalizadas que não repetem o mesmo padrão de habitação. Fotos: Pixar/Reprodução

Além de atrair grandes públicos aos cinemas de todo o mundo, as animações da Pixar — consagrada pelos filmes Toy Story (1995), Vida de Inseto (1998), Monstros S.A. (2001) e Procurando Nemo (2003) — podem ensinar grandes lições sobre arquitetura contemporânea.
A conclusão é resultado de um estudo das arquitetas norte-americanas Anastasia Sekalias e Kathryn Anthony, da Universidade de Illinois. Para as especialistas, um dos maiores talentos da Pixar, comprada pela Disney em 2006, está em sua habilidade de criar universos arquitetônicos convincentes dentro do mundo humano que habitamos diariamente, incentivando o pensamento crítico principalmente nos futuros arquitetos.
Confira 4 lições que as animações podem nos ensinar sobre arquitetura.
1.Acessibilidade
Os personagens são bastante diferentes entre si em escala, forma e habilidade física. Ainda assim, todos conseguem se movimentar confortavelmente pela cidade. Em Monstros S.A., por exemplo, as casas refletem as personalidades individuais dos habitantes, atendendo necessidades específicas, em vez de repetir o mesmo padrão que tipifica o nosso mundo. O que garante uma coexistência feliz e confortável. Já em Toy Story, devido a diferença de escalas entre os brinquedos e os humanos, é possível ver como os indivíduos sofrem ao viver em um mundo não criado para eles.
2.Sustentabilidade
Wall-E: arranha-céus de lixo dominam a paisagem. Imagem: Pixar/Reprodução
Wall-E: arranha-céus de lixo dominam a paisagem. Imagem: Pixar/Reprodução
Outro ponto comum entre os filmes é a relação entre o ambiente construído e o ambiente natural. Em Monstros S.A., a necessidade por energia é sempre crescente e alguns monstros utilizam métodos desumanos na coleta. Mas Sully, o personagem principal, descobre uma energia ainda mais potente e menos prejudicial, em uma analogia aos combustíveis fósseis e seus efeitos nocivos, em contraste com métodos mais sustentáveis.
Em Wall-E, a crítica aos nossos padrões de consumo é ainda mais contundente. Mostra um mundo tão danificado, sem sustento para a vida humana, que a solução é abandoná-lo. A mensagem é clara: os arquitetos devem buscar e incentivar tecnologias sustentáveis em seus projetos. Já em Procurando Nemo, fica cristalino o impacto que as escolhes dos seres humanos têm sobre outros seres vivos, em referência à remoção de Nemo do recife de coral para um aquário.
3.Reflexões de si
As animações mostram também que a arquitetura deve ir além da mera prática e refletir a personalidade de seus habitantes. O filme Up é exemplar neste ponto. Ellie e Carl se apaixonam, casam-se, e compram uma casa meio abandonada. Em uma cena, vemos eles reformando a casa, dando sua própria cara para o imóvel. A personalidade tímida de Carl se reflete no mobiliário mais discreto e a personalidade mais forte de Ellie aparece nos detalhes coloridos e extravagantes da casa. Como argumenta o filósofo francês Gaston Bachelard em seu livro clássico A Poética do Espaço, “a casa protege o sonhador”. Por isso, Carl continua a lutar tão duro para preservar a habitação ao longo do filme. Além de servir como um abrigo, a casa é uma grande parte de sua identidade e história.
4.Alegria
Os ambientes precisam criar alegria e admiração. Os telespectadores são incentivados a sonhar, desfrutar do “impossível plausível”, termo cunhado por Walt Disney em referências às maneiras originais que os filmes podem fazer proezas impossíveis parecerem reais. Como a casa sustentada por balões em Up.
Pixar também tem o cuidado de nos avisar o que pode acontecer quando as pessoas perdem a “alegria” em seu ambiente. No filme Wall-E, toda a raça humana habita uma única nave espacial monumental. O interior é repleto de anúncios digitais onde os habitantes vivem em suas próprias cápsulas isoladas que correm em rotas pré-definidas em toda a nave e dirigem cada eventual necessidade em comando, muito similar à um smartphone imersivo, sem espaço para a criatividade. O gera uma vida cotidiana maçante e sem vida.
Via ArchDaily Brasil, com tradução de Gabriel Pedrotti.

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