O prefeito Rafael Greca (PMN) menosprezou a casa Erbo Stenzel, dizendo que a moradia centenária, considerada por especialistas em patrimônio a construção de madeira mais significativa que Curitiba tinha, “não tem a menor importância”. A opinião de Greca foi dada em entrevista à Tribuna. A construção rosa e verde que um dia já abrigou o pintor e escultor paranaense foi vítima de incêndio e de demolição precipitada em junho deste ano, como apurou HAUS.

“A casa Erbo Stenzel pegou fogo completamente, o laudo dos bombeiros mostra isso. Nós temos o levantamento arquitetônico dela. Podemos mandar fazer de novo a casa de madeira. O importante é que a obra do Erbo Stenzel eu salvei. Agora a casa onde viveu não tem a menor importância. Fizeram uma comoção, uma dessas causas, eu acho divertido e acho bom que as pessoas defendam a cidade, mas não acho que seja uma tragédia cultural. Podemos refazer essa casa de madeira”, defendeu Greca.

Erguida originalmente em 1928 no bairro São Francisco por Germano Roessler, a casa foi transferida para o parque em 1998 durante a gestão de Margarita Sansone, esposa de Greca, na Fundação Cultural de Curitiba. Desde então estava abandonada e fechada há seis anos. Arquitetonicamente falando, a casa não se encaixa em nenhuma tipologia conhecida pelos almanaques, com características bem únicas, como a madeira de araucária e o pé direito externo que aumenta o espaço do sótão.

“Claro que a casa tem importância”, sentencia a arquiteta Marialba Gaspar Imaguire, que ajudou em um dos levantamentos arquitetônicos da casa, doados para a Secretaria Estadual de Cultura. “É um tipo único de construção. E mesmo que não fosse tão importante como casa de madeira, mesmo assim seria fundamental para a cidade por ter sido a moradia de um personagem de respeito.” A arquiteta ainda completa: “Não acredito na reconstrução da casa, porque não será mais a casa de Erbo Stenzel. A história que as paredes tinham foram apagadas”.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa pessoal do prefeito preferiu não se pronunciar e repassou a questão para a assessoria de comunicação da prefeitura, que não havia retornado até as 21h desta quarta-feira (20).