Arquitetura

Cemitério Municipal de Curitiba: descubra a arquitetura da cidade dos mortos

Mariana Domakoski*
01/11/2018 20:00
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Fotos: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo

Um passeio pelos mais de 5.700 túmulos do Cemitério Municipal São Francisco de Paula, inaugurado em 1854, permite, mais do que redescobrir personagens da cidade, um vislumbre de estilos arquitetônicos. Quase dois séculos de história entalhados em sepulturas, jazigos, oratórios e monumentos, entre outras estruturas, surgidas pela obrigatoriedade de se ter lugares específicos para enterrar os mortos.
“Não há um estilo arquitetônico especial para eles. O que é feito nas cidades aparece nos cemitérios”, afirma a pesquisadora e presidente da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais, Clarissa Grassi. E se a casa é a evolução do morar, essa evolução também é percebida nos cemitérios, reforça o arquiteto Fábio Batista, que desenvolveu com Clarissa a análise arquitetônica do Cemitério Municipal.
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Diante de tamanha diversidade fica uma pergunta: se o morar nas cidades – dos vivos e dos mortos – está em constante evolução, como serão os cemitérios do futuro? “Acompanharão os movimentos da arquitetura. Talvez com novas tecnologias, mas com as mesmas divisões espaciais”, reflete Batista.

Modernista

Datado da década de 1970, o mausoléu da família Pedroso tem influências claras do modernismo, com linhas limpas, concreto aparente e o uso de metal. Os corpos são sepultados embaixo da terra, sob um tampo metálico. A área é acessada por uma escada, instalada dentro de uma estrutura curva em concreto.

Neocolonial

Telhas que se encaixam, em formato capa e canal, o uso de azulejos portugueses para adornar a fachada e suas linhas elaboradas denotam o estilo neocolonial do túmulo da família Bergonse, um dos únicos do Cemitério Municipal adornados com vitrais.

Paranismo

A primeira obra com características paranistas do escultor João Turin, ícone do movimento das décadas de 1920 e 1930 que ansiava por criar uma identidade regional, é o túmulo do enfermeiro e farmacêutico André de Barros, morto em 1923. Destacam-se o busto, a imagem que remete à caridade, com uma mulher cercada por duas crianças, e a erva-mate em relevo.
Fotos das escolas arquitetônicas presentes nos túmulos do Cemitério Municipal de Curitiba para a Revista HAUS. Local: Cemitério Municipal de Curitiba.  s/nº, Praça Padre João Sotto Maior - São Francisco.
Fotos das escolas arquitetônicas presentes nos túmulos do Cemitério Municipal de Curitiba para a Revista HAUS. Local: Cemitério Municipal de Curitiba. s/nº, Praça Padre João Sotto Maior - São Francisco.
O espaço da família Stenghel é outro com características do movimento. O mausoléu tem fachada com araucárias talhadas emoldurando a porta e as janelas.

Eclético

No final de 1888 morreu Maria da Luz Fonseca, esposa do empresário José de Barros Fonseca. Para homenageá-la, um túmulo em mármore de Carrara. O resultado é uma estrutura de oratório eclético, com referências neogóticas: arcos ogivais e ornamentos nos pilares. O túmulo foi feito na época em que o estilo ganhava força no Brasil, depois de ter iniciado na Europa em uma tentativa de recuperar os traços góticos medievais.
Outro exemplo é o monumento de 1940 feito para o empresário José Hauer, formando um grande portal. A imponência da estrutura é tanta que se destaca em relação ao conjunto.
Art-Déco
Um dos exemplares de maior destaque é o túmulo do político Affonso Camargo, que morreu em 1959. A verticalização e o escalonamento, características do estilo, estão presentes na estrutura, um mausoléu.

*especial para a Gazeta do Povo

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