O gosto pelas artes levou Luiz Eduardo Índio da Costa a escolher a arquitetura. Autor de projetos de revitalização como o Rio-Cidade Leblon, premiado internacionalmente, é apaixonado por projetos de urbanismo que melhoram áreas públicas com design e funcionalidade. Mas o reconhecimento do seu trabalho também está na incansável aplicação de conceitos de sustentabilidade em projetos residenciais e comerciais.
Nascido em Pelotas (RS), mas radicado no Rio de Janeiro desde a infância, mantém escritório em Botafogo, na casa onde cresceu.
Neste bate-papo com o Viver Bem Casa & Decoração, durante uma visita a Curitiba atendendo um convite da Asbea-PR, o profissional fala da importância da cultura geral e artística para o trabalho de um arquiteto e conta como se dá a união de um projeto arquitetônico com a decoração.
O cenário para a conversa não poderia ser melhor: o Museu Oscar Niemeyer. A obra modernista do mestre da arquitetura nacional, teve grande influência na formação de Índio da Costa.
No seu livro Cartas a um jovem arquiteto o senhor comenta que entrou na arquitetura sem conhecer muito bem a profissão. Como foi essa decisão?
Eu era e sou apreciador da pintura e encontrei na arquitetura uma forma de explorar minha vertente artística. Quando comecei a estudar eu conhecia a arquitetura do Oscar Niemeyer, que todos falavam na época, e já gostava do modernismo, escola que acabou sendo muito forte na minha formação.
A obra é também um incentivo para a nova geração. Neste momento em que se vê bastante reprodução de padrões, qual o seu conselho para romper barreiras e estabelecer novidades?
Acho uma responsabilidade muito grande influenciar uma pessoa que está em formação. As minhas verdades não são absolutas, longe disso. O que digo é que a arquitetura é uma profissão humanista e plural, que trabalha com todas as atividades e emoções humanas. Um arquiteto precisa viver, sentir e se aculturar cada vez mais. Percebo que o Brasil está muito profícuo de projetos neste momento e os estrangeiros estão loucos para vir para cá. Estamos no centro do mundo. Creio que a profissão tem crescentes oportunidades e quem estiver qualificado saberá aproveitá-las.
A preocupação ambiental é uma questão muito debatida na área da construção e decoração. Como enxerga o futuro para esse setor?
Na minha opinião, a preocupação ambiental nasce com a boa arquitetura. Desde que eu me formei, preocupava-me com a orientação correta em relação ao sol, ventilação cruzada, inserção do objeto arquitetônico no espaço e economia de materiais, enfim todos os conceitos de sustentabilidade. É algo que tem de fazer parte do projeto naturalmente.
Seu trabalho com arquitetura prevê também como será o interior. Como se desenvolvem essas duas áreas?
Interior não é o meu foco direto, mas gosto de trabalhar em parceria com quem vai assinar a decoração. Algumas vezes com minha esposa Ana Maria, que trabalha só com interior. É importante que o projeto nasça pensando em como será a decoração para que o resultado seja melhor. O limite entre uma coisa e outra praticamente não existe. Não dá para dizer onde termina a arquitetura e onde passa a ser interior.
A arquitetura, especialmente nos seus trabalhos, tem o poder revitalizador de áreas urbanas. O Brasil tem grandes desafios nesse sentido. Como enfrentá-los?
Tenho algumas experiências muito interessantes de revitalização urbana. Com o projeto Rio-Cidade Leblon, por exemplo, executado há 15 anos, consegui fazer a revitalização do bairro inteiro, mudando calçamento, mobiliário urbano, paisagismo. São atitudes muito positivas para a autoestima dos moradores. Outro exemplo, que ainda está em andamento, é a revitalização dos quiosques da Orla do Rio. São 309 passando por Copacabana, Ipanema, São Conrado e Barra da Tijuca. É uma interferência que tem reflexos bastante positivos no cotidiano da cidade, inclusive quanto à segurança.