Arquitetura

Com projeto racional e custo reduzido, casa se destaca pela conexão com a terra

Luciane Belin*
23/04/2019 20:02
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Um retorno às origens. Uma casa de bairro, fora de um condomínio, com linhas baixas, econômicas, próximas ao chão. Este projeto do Estúdio 41 para uma casa localizada no Hauer se destaca por esbanjar simplicidade na arquitetura. Com traços retos, geométricos e contemporâneos, não tenta se enquadrar em um ou outro estilo arquitetônico, e é exatamente isso que confere personalidade à obra.
Segundo o arquiteto Eron Costin, responsável pelo projeto, o terreno de 240 m² teve menos da metade ocupada com a construção, que tem 119,2 m². “Era esperada uma casa com programa mínimo para tornar a obra viável financeiramente, mas também para liberar espaço externo, ser de fácil manutenção e evitar a sensação de desperdício”, relata.
O espaço é dividido entre sala de estar e jantar, cozinha e área de serviços, dois banheiros e três quartos, além da área de estar externa.
A composição frontal traz chapas metálicas expandidas e perfuradas como semi-transparências que integram visualmente a casa à rua, também ficando à vista os painéis solares como importantes elementos da fachada.
Fotos: Eron Costin/Divulgação
Fotos: Eron Costin/Divulgação
Grandes esquadrias de vidro localizam-se em áreas sombreadas enquanto esquadrias menores com vidros duplos combatem a incidência direta do sol. O fácil e convidativo acesso ao terraço fazem com que este seja muito utilizado.
“Os antigos proprietários tinham preservado em sua propriedade apenas 0,25 m² de área ajardinada permeável onde um pé de limão resistia bravamente. Ao final da obra, a área ajardinada total resultou em mais do que a área da própria casa”, conta ele.

Sustentabilidade

Não foi apenas na decoração e ornamentação que a casa da Vila Hauer economizou. A sustentabilidade foi outro aspecto chave durante a concepção do projeto, que buscou aplicar soluções para reduzir o desperdício de recursos durante a execução.
“Um projeto já deve nascer considerando todas as soluções que conferem ao edifício a eficiência esperada de uma obra dita sustentável, ao invés de se esperar que um projeto irresponsável possa contar com ferramentas paliativas e artifícios posteriores de mitigação”, explica o arquiteto.
Neste sentido, as estratégias de eficiência energética e conforto ambiental foram pensadas desde a concepção inicial do projeto. O terraço ajardinado confere maior isolamento térmico, protegendo da ação direta do sol sobre a laje e também servindo como área de cultivo de plantas, além de seu aspecto contemplativo.
“Outra importante função é a redução da velocidade da água da chuva, amortecendo a carga pluvial enviada à micro-drenagem pública, bem como a facilidade de acesso aos sistemas de cobertura, que facilita a manutenção da casa.”
A ventilação natural é garantida em todos os ambientes, sendo amplificada pelo posicionamento das grandes aberturas na direção dos ventos predominantes. As aberturas zenitais dos banheiros também auxiliam o “efeito chaminé” quando as portas destes ambientes estão abertas. Um rasgo de iluminação traz luz natural moderada ao corredor.
A água da chuva é coletada na calha do telhado, de onde é conduzida até uma cisterna e então distribuída às torneiras espalhadas pelo local. Os oito painéis solares fotovoltaicos, com capacidade de 270 Watts cada, estão ligados à rede pública de energia e conseguem fornecer mais energia do que a casa consome, gerando créditos aos proprietários.
Todas essas soluções em sustentabilidade renderam ao Estúdio 41 a colocação entre os 10 finalistas da categoria residencial na 5ª edição do Prêmio Saint-Gobain de Arquitetura – Habitat Sustentável.

Sistema construtivo

As fundações em estacas escavadas mecanicamente foram concebidas para superar a dificuldade de um terreno frágil com lençol freático muito superficial, oscilando entre 7 metros nas estações secas e 2 metros nas estações chuvosas.
A opção pela alvenaria estrutural proporcionou uma obra mais limpa, barata e de fácil execução mesmo por mão de obra pouco especializada, eliminando gastos com fôrmas de pilares e cintas de amarração.
O sistema também confere maior facilidade de fiscalização de erros, uma vez que um mapa com a posição exata de cada tipo de bloco é elaborado na etapa de projeto. A laje do tipo mista foi executada com EPS, conferindo maior desempenho térmico à casa. A tecnologia BIM foi aplicada na etapa de projeto e também durante a obra, auxiliando a execução e permitindo maior controle e precisão no canteiro.

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*Especial para HAUS.

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