Arquitetura

Museu de Arte Contemporânea do Paraná completa 90 anos com promessa de restauro

Aléxia Saraiva
26/02/2018 10:30
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Fachada atual do Museu de Arte Contemporânea é vermelha, mas voltará ao ocre original após restauro previsto para 2018. Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

Quem passa pela esquina das ruas Desembargador Westphalen e Emiliano Perneta dificilmente deixa de notar o prédio vermelho vivo que fica bem em frente à Praça Zacarias. O local é casa do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC) desde 1974, como avisa a inscrição discreta na entrada principal. No entanto, o prédio está ali desde 1928 — 90 anos de história completados neste início de ano, e ao longo dos quais já teve diversos usos e cores.
O terreno foi doado ao Estado do Paraná em 1882 por Escolástica Joaquina de Sá Ribas Franco, viúva do ex-vereador de Curitiba Brigadeiro Manoel de Oliveira Franco, e logo ganhou seu primeiro uso institucional. A Escola Oliveira Bello, dedicada à educação de meninas, foi erguida no local no fim do século 19. Foram quatro décadas funcionando até o prédio ser demolido, em 1925, para dar lugar à casa atual, que começou a ser construída no ano seguinte.

Primeiros moradores

A Secretaria de Saúde do Estado do Paraná foi a primeira contemplada pelo novo prédio. Com estilo eclético e cor ocre, ele teve como responsável o engenheiro Arthur Bettes. Quem dá mais detalhes é a diretora do Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Lenora Pedroso. Segundo ela, o projeto arquitetônico levava o título de “Dispensário e Laboratório de Analyses” — local que prestava serviços de saúde gratuitamente.
Prédio foi sede do “Dispensário e Laboratório de Analyses” da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná de 1928 ao final da década de 1940. Foto: CPC/SEEC
Prédio foi sede do “Dispensário e Laboratório de Analyses” da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná de 1928 ao final da década de 1940. Foto: CPC/SEEC
Já no fim da década de 1940, com a mudança da Secretaria de Saúde para a Rua Barão do Rio Branco, o local passou a ser a sede de uma nova instituição: a Secretaria de Trabalho e Assistência Social, que permaneceu até 1973.
A segunda instituição a tomar conta do prédio foi a Secretaria do Trabalho e Assistência Social, última antes do seu uso definitivo pelo Museu de Arte Contemporânea do Paraná. Foto: CPC/SEEC
A segunda instituição a tomar conta do prédio foi a Secretaria do Trabalho e Assistência Social, última antes do seu uso definitivo pelo Museu de Arte Contemporânea do Paraná. Foto: CPC/SEEC

Criação do MAC

Em média, são três mil pessoas por mês circulando pelas exposições gratuitas promovidas pelo museu, que exalta a arte produzida no estado do Paraná. O MAC é referência nacional por anualmente manter o mais antigo salão de arte do país, o Salão Paranaense — criado oficialmente em 1944 e responsabilidade do MAC desde 1970. Além disso, são 1,7 mil obras que compõem seu acervo.
Este importante membro da arte de Curitiba ganhou sua casa definitiva em 27 de junho de 1974, depois que o prédio passou por uma grande reforma realizada pelo então diretor do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Paraná, Sérgio Todeschini Alves.
Em 2002, prédio tinha tons de laranja e amarelo. Foto: Arnaldo Alves/Gazeta do Povo
Em 2002, prédio tinha tons de laranja e amarelo. Foto: Arnaldo Alves/Gazeta do Povo
Três grandes reformas foram realizadas no prédio desde então, em 1988, 1998 e 2005. Nesse processo, ganhou novas cores: passou pelo rosa, pelo amarelo e chegou, na última década, ao atual vermelho. Ao longo do tempo, ganhou novas salas e ampliações, além do título de Patrimônio Histórico Estadual em 1988. Atualmente, o MAC ocupa o total de 1.678 m², que contemplam o prédio principal e outros anexos que abrigam setores de pesquisa da instituição.
Fachada do MAC em 2008. Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Fachada do MAC em 2008. Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Um dos seus destaques é a Sala Theodoro De Bona, homenagem ao importante pintor e escritor paranaense. O local abriga mostras temporárias de artistas contemporâneos, tem pé direito de 11 metros e é repleto de luz natural.

Novas obras

Um novo restauro está previsto para breve. Em junho de 2017, a Secretaria de Estado da Cultura do Paraná (SEEC) anunciou um novo projeto, que vai trazer características originais do prédio — como a cor da fachada, que volta ao ocre, e a restauração dos adornos e ferragens originais. Segundo a SEEC, a estimativa de gastos é R$ 5 milhões investidos no patrimônio, e que também inclui a construção de um novo anexo no espaço. A previsão é de que a obra comece ainda em 2018.
Quase centenário, o importante marco histórico no coração da cidade contrasta a arquitetura do começo do século passado com a arte paranaense contemporânea. E discreto em sua esquina, no número 16 da Rua Des. Westphalen, o prédio do MAC promete continuar a envolver passantes que o procuram por já conhecê-lo ou intrigar os que se perguntam o que abriga.
Foto: Daniel Castellano
Foto: Daniel Castellano

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