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Arquitetura

Quarto infantil pode ser espaço de brincadeiras e desenvolvimento; aprenda como fazer

Bruna Junskowski, especial para HAUS
11/10/2022 11:13
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O aconchego e a afirmação de identidade são premissas para a criação do design de um dormitório. Essas noções são conhecidas e o próprio cinema já as retratou em cenas clássicas: os pais pintando a parede para a chegada do bebê ou o adolescente rebelde num quarto cheio de pôsteres. Mas entre essas duas fases, há uma criança em desenvolvimento, que também precisa de um espaço para chamar de seu.
Mais do que um lugar para dormir, o quarto infantil possibilita a criação de um universo lúdico a ser explorado pelas crianças. A ideia é estimular o desenvolvimento, sem esquecer de questões práticas fundamentais, como a segurança, a funcionalidade e a otimização de materiais. Afinal, as crianças crescem. Confira algumas dicas e insights de HAUS para criar um quarto infantil cheio de afeto e que acompanhe todas as fases do crescimento.

Desenvolvimento da autonomia 

Ao realizar o planejamento de um quarto infantil, é necessário pensar que aquele espaço deve contribuir para o desenvolvimento da criança.“É importante oferecer a possibilidade de a criança entender aquele espaço como dela, porque isso vai fazer com que ela se sinta responsável por ele, mantendo a organização”, explica Cristiane Schiavoni, arquiteta à frente do escritório de arquitetura que leva seu nome.
Isso inclui ferramentas que incentivem a independência e a sensação de pertencimento. Exemplo disso é o quarto infantil criado pela arquiteta Karolinna Venturi, exposto na mostra Casacor Paraná 2022. O projeto foi baseado no método montessoriano, que prioriza a autonomia das crianças, a liberdade de movimento e o aprendizado. Segundo Venturi, o layout do quarto foi planejado para que garantisse o melhor aproveitamento do espaço para a criança brincar, mas que também possibilitasse várias formas de uso.
“O ideal é pensar no quarto como um lugar em que a criança realmente pode brincar, dormir, estudar e fazer daquele espaço o mundo dela. Ao colocar a cama no chão, facilitamos o acesso, deixando tudo à mão da criança, para poder gerar autonomia no desenvolvimento, algo que vem do conceito montessoriano”, comenta Venturi.

Adaptado às etapas 

Aos 5 anos, o berço deu lugar a um quarto com marcenaria inspirada em princesas e mobiliário ergonômico, com bancada compatível com a altura da criança. Quarto projetado por Cristiane Schiavoni.
Aos 5 anos, o berço deu lugar a um quarto com marcenaria inspirada em princesas e mobiliário ergonômico, com bancada compatível com a altura da criança. Quarto projetado por Cristiane Schiavoni.
Um desafio ao projetar um quarto infantil é que ele seja versátil e capaz de acompanhar a idade da criança. Mudanças na decoração são mais acessíveis e recomendadas, visto que precisam se adequar ao tamanho da criança, por razões de segurança. Mas do ponto de vista da infraestrutura, as alterações podem ser mais complicadas. Apostar na versatilidade de materiais, no reaproveitamento de espaços e em novas roupagens de itens são algumas estratégias.
Um exemplo prático é o quarto da pequena Isabela, projetado por Cristiane Schiavoni. A arquiteta projetou o quarto de bebê e realizou outras duas alterações na decoração do espaço. “Quando fiz o quartinho de bebê da Isabela, eu já pensei na escrivaninha que ela teria no futuro. Isso permitiu que toda a infraestrutura elétrica já estivesse prevista e feita, para que anos mais tarde não fosse necessário quebrar novamente as paredes ou trocar o piso”.
A arquiteta acrescenta que a longevidade e a ergonomia dos móveis também podem ser previstas. No caso de armários, é possível planejar divisórias que se adaptem de acordo com o tamanho das roupas das crianças, adicionando cabideiros, prateleiras ou gavetas. Além disso, mudar o revestimento do guarda-roupa pode ser uma solução para atualizar o tema do quarto.

De olho na idade

Confira dicas para as diferenças etapas de desenvolvimento:

2 anos 

Nessa idade, a criança já saiu do berço, mas ainda não tem altura suficiente para uma cama regular, o que pode ser perigoso. A acessibilidade e a ergonomia voltada para a segurança são essenciais para garantir o fácil acesso aos ambientes do quarto e aos brinquedos, sem haver riscos de ela se machucar.

5 anos 

As crianças começam a receber lições de casa. Já é o momento de planejar o ambiente para ser também um lugar de estudos, com uma escrivaninha e uma luz que incentive a concentração. Também é nessa fase que os amigos começam a aparecer para passar a noite, o que exige uma cama confortável e espaço livre para brincar.

10 anos 

É o momento em que os primeiros sinais da pré-adolescência começam a surgir. Aqui, a necessidade de ex­­pres­­sar a própria personalidade fica mais forte, além do desejo de se afastar do que lembra o mundo infantil. Adaptações na decoração e no mobiliário surgem para transformar um ambiente que pode ser mais definitivo.

Planejamento do espaço 

Criatividade e estratégia garantem o melhor aproveitamento do espaço, sem deixar de lado a segurança necessária para as crianças. Afinal, ter um espaço livre para a circulação delas no quarto evita acidentes. “Um espaço pode ter várias possibilidades de organização, tudo depende da necessidade de cada criança, sempre associando questões funcionais, de segurança e de armazenamento”, comenta Venturi.
Se o espaço é reduzido, é necessário pensar em móveis versáteis, que possam executar mais de uma função. A marcenaria é uma aliada nesse sentido, pois possibilita soluções práticas, como a criação de uma brinquedoteca em cima da cama. Uma alternativa que pode deixar o quarto mais amplo, liberar a circulação e ainda aumentar os espaços de armazenamento dos brinquedos. Um planejamento lúdico, que também incentiva o interesse da criança em estar naquele lugar.

Iluminação para o bem-estar 

Quarto projetado por Karolinna Venturi, que apresenta mezanino e gavetas de armazenamento nas escadas de acesso.
Quarto projetado por Karolinna Venturi, que apresenta mezanino e gavetas de armazenamento nas escadas de acesso.
Uma das maneiras de conquistar o aconchego no quarto infantil é com a iluminação. De acordo com a arquiteta Karolinna Venturi, a iluminação artificial pode ser trabalhada em cenas. “A ideia é pensar a iluminação conforme a função. Ou seja, uma luz mais forte para poder estudar, uma indireta para colocar a criança para dormir e outra que possa ser controlada, já que muitas crianças não gostam de dormir no escuro”.
Mais do que clarear um ambiente, a iluminação pode contribuir para a qualidade de vida. Para Cristiane Schiavoni, trabalhar a iluminação artificial em conjunto com a natural torna o espaço mais saudável para as crianças. “O ideal é evitar as luzes brancas para o quarto infantil e verificar como é a incidência do sol, que pode ser muito aproveitado, tomando os devidos cuidados com a conservação dos móveis”.

Autenticidade na decoração 

Esse é o momento de dar brilho para o projeto e, segundo as arquitetas, o momento mais esperado pelos pais. A principal dica aqui é incentivar a participação das crianças nas escolhas estéticas do quarto. “Não precisamos dividir questões de ergonomia com a criança, mas a decoração é algo palpável, que ela consegue entender. É uma maneira de valorizar a opinião deles e fazer com que eles se sintam incluídos”, opina Schiavoni.
A arquiteta também salienta que ouví-los oportuniza o pertencimento ao espaço e que é o momento de colocarem para fora toda sua criatividade. Mas alerta que é preciso filtrar. “É preciso saber perguntar o que a criança gosta e traduzir esses desejos. Se ela pede por um quarto inteiro preto se torna inviável, porque ela não conseguirá descansar no espaço. Mas o segredo é entender o que essa cor representa para ela e encontrar outras soluções”.
Além do planejamento estético da decoração, os pais precisam levar em conta os materiais utilizados, pois eles se relacionam com a saúde do ambiente e a praticidade no dia a dia. Tecidos e tintas na parede fáceis de limpar são requisitos, já que é natural que a criança risque e os suje. “Também refletir sobre itens como tapetes, por exemplo. Se a criança tem alergias, talvez seja melhor evitar. Mas é sempre melhor optar por materiais impermeáveis e que facilitem a limpeza”, orienta Karolinna Venturi.

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