O que uma minúscula cidade romena pode ensinar às grandes metrópoles

Key Imaguire Junior
17/01/2018 13:00
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Foto: Wikimedia Commons / Reprodução

Natal nos cárpatos
A configuração natalina mais autêntica, a que me marcou e tornou-se inesquecível, foi a da pequena cidade romena de Sibiu
Agora que “ele” passou e estamos livres de “Jingle Bells” teoricamente por um ano, já dá para tentar a inevitável “crônica natalina” — que ninguém resiste a escrever, mesmo sabendo que muitos resistirão em ler…
O assunto está mais do que banalizado. Porém, seja num ônibus, seja mesmo, paradoxalmente, em um shopping, temos plena consciência disso: “cadê o espírito natalino? Isso é apenas comércio!” Ninguém sabe, ninguém viu…
Não sei, sinceramente. A tradição dos presentes, tanto quanto nos é dito, começa com os Reis Magos: uma história lendária (ou uma lenda histórica?!) complicada, nebulosa e incerta que jamais será elucidada. Talvez a versão mais veraz seja a do grupo Monty Python, em “A vida de Brian”.
De qualquer forma, o que não excede neste mundo é uma oportunidade de congraçamento, confraternização, bom astral. Principalmente nós, cidadãos de um país onde abrir um jornal provoca convulsões de ódio — qualquer indivíduo, lendário que seja, capaz de nos distrair desse cenário, é uma bênção. Pode ser Papai Noel, Coelhinho da Páscoa ou coelhinha do Hugh Hefner; São João ou outros santos juninos. São evasões temporárias de um clima de generalizado mau humor.
Foto: Marialba RG Imaguire / Arquivo Pessoal
Foto: Marialba RG Imaguire / Arquivo Pessoal
Mas vale lembrar que a comilança natalina e a troca de presentes não têm que, necessariamente, se limitar à mesa e à árvore enfeitada. Pode e deve adquirir nuances com mais sociabilidade e menos consumo.
Pessoalmente, a configuração natalina mais autêntica, a que me marcou e se tornou inesquecível, foi a da pequena cidade romena de Sibiu. Uma linda joia urbanística encravada nos Cárpatos. A cidade, como todo o país, tinha comido recentemente o pão que o Ciaucesco amassou. Como compensação tinha sido escolhida “Capital Europeia da Cultura” no ano anterior — o que significou uma boa quantidade de euros, sabiamente investidos na cidade, que ficou um brinco.
Para se ter uma ideia do frio, a gente pisava numa poça d´água e ela quebrava — o que parecia não incomodar nadinha o pessoal local. Todas as ruas e praças da área histórica regurgitavam luz e gente. Nas feirinhas, nos rinques de patinação, nos restaurantes e lanchonetes — as pessoas ocupavam todos os espaços sem receio, numa alegria, numa animação, numa felicidade que foi o mais próximo da minha ideia de espírito natalino.
Aquela cena do cartum editorial de Natal, as pessoas andando pela rua sob uma montanha de pacotes, não existia.
Para além da língua difícil, apesar de latina, havia um clima que parecia quase místico, mágico, de fraternidade — a sensação era de que, se a gente tentasse se entender com alguém, vestido ou não de Papai Noel, conseguiria com muita facilidade…

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