Decoração

Cozinhas que são estrelas da casa

Daliane Nogueira
04/08/2011 03:30
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“Projeto é importante em todos os cômodos da casa, mas na cozinha o nível de detalhamento determina a satisfação do usuário. Este é, sem dúvida, o cômodo da casa que pede mais atenção no planejamento”, afirma a designer de interiores Liliane Barreiros. Em parceria com as sócias Rosangela Pauli e Carla Armstrong, ela assina uma cozinha que teve um pedido especial: duas geladeiras. “É algo que precisa ser pensado antes de iniciar uma obra de reforma ou construção. Imagine como encaixar duas geladeiras depois de ter os móveis montados?”, justifica Liliane.
Esses detalhes devem estar previstos nas primeiras conversas entre profissionais e moradores. A designer Crislaine Mochenski defende a necessidade de conhecer o dia a dia da casa. “Gosto de saber os horários e costumes dos moradores. Se tomam café da manhã todos juntos, se recebem pessoas para jantar com frequência, se gostam de fazer pratos que incluam frituras. São perguntas pontuais que determinam vários aspectos de uma cozinha”, diz. Essa preparação permeada de detalhes possibilitou que ela e a sócia, a arquiteta Carmen Sikora, planejassem uma cozinha integrada, com ares de gourmet, em um espaço de apenas 6m², que comporta um refrigerador side by side e um fogão de cinco bocas. “Cada centímetro desse projeto era importante. Assim, as medidas de profundidade dos móveis (de marcenaria) são quebradas para aproveitar todos os cantos”, revela Crislaine.
No caso de uma reforma, a definição dos eletrodomésticos determinará as mudanças necessárias nos pontos de elétrica e hidráulica. Pode ser necessário atualizar o encanamento de esgoto e água (fria e quente). E com o novo padrão brasileiro de tomadas (em vigor desde o ano passado), é necessário renovar os pontos. “Dependendo da quantidade de equipamentos, é recomendável incluir novos circuitos no quadro de distribuição”, diz o arquiteto Sandro Percicotti.
Integração
No momento da reforma ou construção, também é definido se o ambiente será integrado ou isolado da área social da casa. “Fala-se muito na cozinha integrada. Mas, ao contrário do que se imagina, ainda há muitos pedidos para ter cozinhas separadas”, diz a arquiteta Denise Moura. É o caso de quem usa a cozinha com muita frequência e faz alguns tipos de fritura. Para quem tem espaço suficiente, Denise recomenda que se faça uma copa anexa à cozinha. Ela assina um projeto que incluiu uma mesa de vidro com cadeiras transparentes em uma cozinha com predomínio de preto e branco. “Nesse caso, uma porta de correr branca divide a sala de jantar e estar da cozinha. Em um dia específico pode até acontecer a integração”, explica.
Realmente espaços totalmente integrados precisam ser pensados de acordo com o perfil dos moradores. “É um estilo de vida, para quem acredita que a cozinha pode ser o centro da casa”, aponta a designer de interiores Giovana Kimak. Para uma proposta bem urbana e cenográfica, ela e o sócio, o arquiteto André Largura, sugeriram integração total e elementos inusitados como uma cortina de tecido sintético separando o hall de serviço. “É um projeto que mostra a possibilidade de ter uma cozinha prática e bonita, que se insere como um dos pontos principais da decoração”, diz Giovana.
Distribuição
A dinâmica de quem prepara os alimentos determina a disposição de três itens imprescindíveis na cozinha: geladeira, pia e fogão. Considera-se que a pessoa precisa apanhar os alimentos, lavá-los e prepará-los para o cozimento. “Sempre que possível é interessante dispor esses itens como um triângulo que favoreça o fluxo, deixando o ato de cozinhar mais confortável”, lembra a arquiteta Alessandra Gonçalves.
As cozinhas com ilha favorecem essa triangulação. Não há um tamanho ideal para uma cozinha com ilha central, desde que a área permita que a circulação em torno dela tenha pelo menos 70 cm. Caso existam armários instalados abaixo da ilha, a circulação confortável é de 1,10 m, para garantir a abertura das portas.
Em tempos de cozinhas integradas, as coifas viraram item quase obrigatório. Para escolhê-las é preciso partir do tamanho do fogão. A coifa deve cobrir toda a superfície do eletrodoméstico. Há peças de parede e as que ficam sobre ilhas de trabalho. Para uso mais frequente da cozinha é preciso investir em modelos com vazão (capacidade de expelir o vapor e renovar o ar) superior. A eficiência do equipamento só é garantida quando este é instalado entre 75 e 85 cm acima do fogão.
Gabinetes e gavetas
A evolução nos móveis foi impulsionada pela necessidade de aproveitar bem os espaços, que em muitos projetos é pequeno.
Gabinetes e gavetas apresentam muita tecnologia, por dentro e por fora. Por ser um produto leve, versátil e resistente, o alumínio é usado para vários acabamentos, como ferragens, puxadores e perfis. As dobradiças com sistema anti-impacto minimizam o barulho do abre-e-fecha e dão mais durabilidade ao móvel. Há opções de gavetas em formatos diferentes (como em “V”), que aproveitam os cantos.
As chapas de MDF e MDP já são bastante populares nos móveis para cozinha, tanto nas marcas de planejados, quanto nos projetos sob medida. O que vem evoluindo bastante são os recursos de acabamento como usinagem, pintura e a variedade de padronagens, inclusive fiéis cópias das madeiras. Para as portas dos armários o vidro ganha espaço, com cores, brilho ou adesivos especiais, valorizando o design.
Quanto à altura, as bancadas de pia precisam ter entre 85 e 95 cm. “É uma medida confortável, independentemente da altura do usuário e permite a instalação de uma máquina de lavar louças sob o tampo”, explica Liliane Barreiros. A base dos armários superiores pode ficar de 1,40 a 1,70 m do piso e é melhor que não sejam tão altos, para facilitar o acesso. “O armário superior deve ser menos profundo, para evitar que o usuário bata a cabeça ao usar a pia”, diz Crislaine Mochenski. Os gabinetes de baixo devem ter pelo menos 60 cm de profundidade. As alturas para os fornos elétrico e de micro-ondas variam, mas, em média, escolhe-se a altura de 97 cm do piso para os fornos e entre 1,30 e 1,50 para micro-ondas.
Cores
Embora o retorno às cores vibrantes nos móveis e eletrodomésticos (veja sugestões na seção Pouco de Tudo) apareça como tendência, ainda há resistência pelo fato de a cozinha ser um ambiente de investimento alto. “Minha sugestão é colocar cor em detalhes, como cadeiras e objetos, que possam ser substituídos sem gastar tanto”, aponta Carla Kiss.
A designer Giovana Kimak acredita que a tendência deve se consolidar e vê, na mistura de objetos modernos com outros retrô ou vintage, uma boa solução para cozinhas despojadas.
Acerte no revestimento
Não há limites para os materiais inovadores nas cozinhas. Os projetos com revestimento cerâmico de mesma tonalidade do piso ao teto, ficaram no passado. O que se vê é diversidade máxima tanto no piso quanto nas paredes. Até mesmo papel de parede é admitido. “Há modelos emborrachados, que caem bem em áreas por onde a gordura e a água não ficam tão presentes”, recomenda Sandro Percicotti.
Atrás do fogão e da pia é preciso ter materiais laváveis e entre as opções estão a cerâmica – mais em conta–, as pastilhas de vidro, os ladrilhos hidráulicos e as chapas de alumínio. A escolha dependerá da linguagem da cozinha. “Os trechos de paredes distantes do fogão e pia podem receber pintura acrílica, que é resistente, mais barata e compõe bem com outros ambientes”, diz a arquiteta Carla Kiss, responsável por um projeto que integra cozinha, bar, adega e área social. Para uma cozinha que já tem revestimento cerâmico vale investir na pintura com tinta epóxi, disponível em diversas cores e com boa cobertura sobre a cerâmica.
No chão, o porcelanato é muito recorrente, mas cimento queimado e mesmo madeira aparecem como opções mais contemporâneas. “Em cozinhas gourmet, por exemplo, o piso usado na sala pode invadir a cozinha. Somente no entorno da pia coloca-se um piso frio”, diz Giovana Kimak.
Nas bancadas de trabalho, o mármore não é bem-vindo, por absorver gordura e ser pouco resistente a ácidos, como vinagre, por exemplo. Material de alta resistência, o granito ainda impera. “Uma tendência forte é usar um roda-pia mais alto, para proteger a parede”, diz a designer Crislaine Mochenski. Outras duas opções são o aço inox e as superfícies moldáveis de resina, como o Silestone e o Corian, produtos mais caros, porém bastante resistentes a riscos e altas temperaturas, diz o arquiteto Jorge Elmor.
Serviço:
Alessandra Gonçalves — (41) 3039-2772.
Denise Moura — (41) 3013-6230.
Giovana Kimak e André Largura — (41) 3222-7407.
Fernanda Moura Borio e Mariana Stockler –(41) 3232-7879.
Liliane Barreiros, Rosangela Pauli e Carla Armstrong — (41) 3018-0647.
Sandro Percicotti — (41) 3376-8156.
Carmen Sikora e Crislaine Mochenski — (41) 3029-4053.
Carla Kiss — (41) 3015-5281.
Jorge Elmor — (41) 3078-1110.

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