Decoração

Mostra aposta em soluções ambientais

Daliane Nogueira e Ana Carolina Nery
22/10/2010 02:01
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Decoração acessível e com consciência ambiental e so­­cial são propostas da mostra Morar Mais por Menos. A edição paranaense de 2010 será aberta ao público na próxima quarta-feira, dia 27, em Curitiba, e contará com 53 ambientes internos e externos. Os arquitetos Léo Pletz e Francisca Cury, que têm a licença da marca no Estado, escolheram uma casa no bairro Bi­­gorrilho para montar o evento. “A arquitetura do imóvel é referência na cidade. Foi construído no fim dos anos 1970 e mistura o estilo mediterrâneo com o modernista”, comenta Pletz. O responsável pelo projeto da casa foi o arquiteto paulista Arnaldo Paoliello, importante nome da arquitetura moderna no Brasil.
Da área de 3.500 metros quadrados, cerca de 1.400 deles são de área construída. Na área externa foram erguidos alguns anexos temporários para abrigar ambientes do evento.
Francisca explica que o intuito da mostra é apresentar possibilidades de ambientes que sejam aplicáveis na casa dos visitantes, aliando estilo e bom custo benefício. “Os profissionais têm propostas para uma casa ampla, mas também para espaços menores em composições completas. Quem passar pela exposição verá que é possível ter o desejo realizado dentro da sua possibilidade financeira”, destaca.
Na casa principal estão os ambientes residenciais, corporativos e galerias de arte. Nos anexos, destacam-se um espaço gastronômico e um apartamento compacto dentro dos padrões do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida.
Em todos os ambientes haverá o detalhamento dos itens utilizados na decoração com o respectivo fornecedor e preço. Tendo interesse, o visitante poderá adquirir as peças assinalando o folheto “Reserva de Produtos”, que deve ser entregue na saída para que o fornecedor entre em contato.
Confira a seguir alguns am­­bientes da Morar Mais por Menos que podem servir de inspiração para a decoração da sua casa.
Sala Etna da Família (foto 1)
Um ambiente “três em um” é a proposta da arquiteta Juliana Lahóz na Sala Etna da Família, que tem como inspiração a convivência da família nos momentos íntimos. “Muitos clientes pedem a integração de espaços para que pais e filhos possam desenvolver suas atividades em conjunto. A proposta que trouxe para a mostra é uma sala de jantar integrada com um local para entretenimento e um home office, em uma área de 55 metros quadrados”, explica. Todos os móveis e objetos de decoração são da loja Etna, que abrirá uma filial nos próximos meses em Curitiba.
Além da integração, o conforto e a versatilidade estão presentes. Não há móvel embutido, o que permite que se mude a decoração de tempos em tempos. “A sustentabilidade também está na possibilidade de reaproveitar os móveis em uma mudança, o que não acontece quando a opção é a marcenaria embutida”, comenta Juliana.
O mobiliário tende para cores neutras, como o branco, o cinza e o amadeirado. A ousadia está nos papéis de parede em tons de berinjela e verde limão. “Essa é uma forma fácil, econômica e limpa de dar vida aos ambientes”, opina a arquiteta.
Estar íntimo da família (foto 2)
Materiais nada convencionais para utilizar como decoração, que teriam como destino o lixo ou um brechó, podem ser transformados em artigos bonitos e úteis, como mostra o ambiente das arquitetas Luciana Cavalli e Iara Araújo Cunha, autoras de todas as peças. A proposta do espaço é reunir a família. “Sabemos que a sala de tevê é um ponto de encontro. Trouxemos elementos que harmonizassem, como a mesa de apoio para um notebook, que pode ser manuseado enquanto se realiza outras atividades”, explica Luciana.
Para personalizar o móvel, foram utilizados cintos em couro, adquiridos em brechós, fixados com cola de sapateiro.
O revestimento da parede foi confeccionado com estopa reaproveitada e o tapete dupla face, produzido com fita de papelão e fio de algodão trançados. O tubo de papelão, no qual é envolvido papel higiênico, foi transformado em um painel decorativo, com acabamento em tinta spray e pontos de strass de loja de bijuteria. A meia calça rasgada foi transformada em cúpula de lustre. “O estilo contemporâneo e o conceito que combina itens sofisticados com peças recicladas garantem um resultado elegante e comprometido com a consciência ambiental.”
Quarto da Moça (foto 3)
A proposta da arquiteta Fabiana Strasser Rodrigues é de um ambiente urbano e contemporâneo, de uma jovem solteira, que mora com os pais. O espaço tem proporções baixas e lineares, tons suaves e tecnologia de ponta nos acessórios. “Ele prioriza a funcionalidade para as atividades diárias, de uma jovem que ainda estuda e gosta de sair”, diz Fabiana. Os acabamentos estão entre os destaques do espaço, como os painéis em pedra aplicados na cabeceira da cama, que criam efeito de ondas e transmitem a sensação de movimento.
Os painéis em madeira reproduzem uma trama natural nas bancadas lineares. “Utilizei cortes 100% recicláveis em toda a parte de marcenaria e pedras”. A arquiteta aponta o tecido do futon, em trama de material totalmente reciclável, e o boudoir, exclusivo para a maquiagem.
Vestir e Banho do Adolescente (foto 4)
O espaço do arquiteto Zeh Pantarolli é despojado e explora materiais inusitados e de baixo custo. Entre os destaques, duas escadas reformadas foram aproveitadas para o ambiente de vestir. Os degraus apóiam as prateleiras, usadas para organizar as roupas. Para os calçados, nichos feitos de canos cortados e agrupados. Com decoração atemporal, para todas as fases da adolescência, o local tem a música por inspiração. Pantarolli desenvolveu um painel de vinis e CDs para o quarto de vestir, enquanto pastilhas do banheiro fazem referência a amplificadores. Os ambientes são separados por fibra ótica. “No ambiente, o material foi utilizado como decoração em forma de cortina. Apesar de não ser muito conhecida, é uma tecnologia que pode ser bem explorada”, diz Pantarolli.
Lavabo (foto 5)
Quase sempre localizado ao lado do hall, o lavabo merece atenção especial nos detalhes da decoração, por ser o banheiro projetado para os visitantes. Com base nesse conceito, a arquiteta Ana Paula Trento projetou o espaço íntimo, buscando a sofisticação no contraste das cores, preto e branco, e dos materiais, rústicos e contemporâneos. “A composição de uma parede com madeira de demolição e outra com um revestimento cimentício branco une o universo rústico ao contemporâneo”, afirma.
Pensando na sustentabilidade, a arquiteta defende o uso de dois materiais: o cimento queimado no piso e o tampo da pia em MDF com efeito ebanizado (pintura que simula a cor preta da árvore Ébano). “O cimento queimado é mais durável e de fácil manutenção. O MDF, no tampo, substitui a pedra com menor preço e sem comprometer a durabilidade e a estética.”
Estar do Casal Jovem (foto 6)
A principal intenção do ambiente produzido pela designer de interiores Fabiane Yoneoca é o de aproveitar bem os momentos que permanecemos em casa. O grande destaque é o sofá de um tecido especialmente desenvolvido para essa finalidade, uma espécie de moletom. “Ele não encolhe, é extremamente gostoso e macio ao toque”, avalia Fabiane. Ela explica que o espaço é destinado não somente a jovens de idade, mas também a pessoas jovens de espírito. “Por isso não o fiz tão moderno”, diz. A designer utilizou pouco mobiliário e um painel de madeira feito de resíduos de fábricas madeireiras. O papel de parede imita palha natural, com custo mais acessível do que o produto original. O dímer reduz a intensidade da luz e o piso aquecido funciona com timer, que desliga sozinho, mantendo a temperatura por bastante tempo, dispensando uso de ar condicionado.
Bar do Dono da Casa (foto 7)
O grande balcão ao centro é o foco do ambiente elaborado pelos arquitetos Rubens Portella e Daniella Fanaya. A intenção foi criar um espaço simples e multifuncional, para ser utilizado por toda a família. “É uma área de convívio e lazer, por isso a ideia do grande balcão para reunir as pessoas em meio a jogos de tabuleiros, cartas, além de comidas e bebidas”, explica Portella.
Em vez de mármore ou granito, os arquitetos optaram pelo móvel em madeira, com linhas de pastilhas coloridas no tampo. O objetivo foi reduzir os custos e deixar o ambiente lúdico. Na parede, um grande painel com cortes de rolhas fixados com cola branca e um jogo de dardos para mais diversão. “Fizemos uma alusão à bebida, além de ser uma solução mais em conta. O interessante é usar com criatividade um material que não foi feito para servir de revestimento”, diz o arquiteto.
Ateliê da Dona da Casa (foto 8)
O clássico contemporâneo é o estilo que predomina no ambiente dos designers Maurício Bittar e Gleidson Silvério, desenvolvido especialmente para o lazer e o relaxamento de pessoas que gostam de realizar trabalhos manuais. Resíduos de tecidos foram as principais matérias-primas utilizadas. Entre as peças que aliam custo-benefício estão o painel forrado em tecido e bordado à mão, o tapete de tiras de cetim – sobras de tecido de uma fábrica de lingerie –, e o lustre, confeccionado pelos próprios designers, com pingentes de pedrarias e acrílico e cúpula de cones de fio de seda. Estruturas de ferro, que iriam para o lixo, foram reformadas e transformadas em novos bancos com estofado de rosas de tecido. “Ao mesmo tempo, colocamos um espaço para leitura, com lareira elétrica e duas cadeiras Luís XV, aliando tecnologia e peças clássicas”, diz Silvério.
Mundo Cão (foto 9)
Os cães, que muitas vezes são como membros da família, ganharam um espaço exclusivo dentro da casa, na proposta dos designers Samara Barbosa e Diego Miranda. É um ambiente para que os bichinhos tenham autonomia e possam interagir com seus donos. Os designers utilizaram o conceito de playfull, que traz referências da infância para a vida adulta. “Todo o ambiente foi decorado com objetos retrôs. Fizemos uma cadeira de cabine de telefone público, que reforça essa ideia de playfull”, diz Samara. O local, bastante colorido, tem minibanheira e cama feita com o fundo de uma mala antiga, com futon para acomodar os animais, além de objetos especiais para a diversão deles. “As roupas dos cachorros expostas foram feitas de fibras de bambu e garrafas pet.”
Lavanderia (foto 10)
O ambiente das arquitetas Larissa Schnekenberg e Carolina Mehl proporciona praticidade, além de ser funcional e agradável. Foi pensado para pessoas que não têm muito tempo para os serviços domésticos. “A proposta é de um espaço com móveis abertos, para que tudo fique à mão. Separamos as áreas molhadas das secas para facilitar as atividades e ter um menor custo com armários”, afirma Larissa. Uma bancada com cores fortes dá vida e colorido ao ambiente, assim como os quadros vivos fixados na parede. “As plantas são regadas sem que precisem ser retiradas do local, por meio de um compartimento que distribui a água”. Para revestimento e acabamento, placas de MDF compradas com aplicação de laca. “Um material bonito, sem gasto com tinta”, diz.
Informações: (41) 3019-6894 ou www.morarmais.com.br/curitiba

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