Estilo & Cultura

Colégio Estadual do Paraná faz 170 anos com arquitetura e educação revolucionárias

Camila Neves
03/02/2016 00:00
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A fachada do Colégio Estadual do Paraná ainda se mantém imponente no alto da João Gualberto. Foto: Antônio More/Gazeta do Povo/Arquivo

Ele já é um senhor. Fundado em 1846, completa 170 anos este ano e é referência de ensino. O Colégio Estadual do Paraná faz parte da história e do cenário de Curitiba. O prédio que hoje abriga a instituição é a sua quinta sede, inaugurada em 1950.
Fotos: Fernando Zequinão.
Fotos: Fernando Zequinão.
A construção chama a atenção na Rua João Gualberto, no Centro. Difícil acreditar que o terreno era antes um banhado. Em 1944, quando a obra foi iniciada, a região era rural,tinha grandes casarões e poucas famílias.
A elevação do terreno, possível graças a um grandioso aterramento, foi proposital, para destacar a imponência do prédio – inovador para a época. “O projeto arquitetônico foi pensando à frente do seu tempo, para que o aluno recebesse o melhor em educação”, explica a pedagoga Maria Helena Pupo, do Museu da Escola Paranaense.
As 7.500 pessoas que hoje usam o espaço diariamente – entre alunos, professores, funcionários e comunidade – talvez não imaginem quanta história as paredes do colégio guardam. A empresa vencedora da concorrência para a sua construção foi a Companhia Construtora Nacional, a mesma que projetou a Escola Militar de Rezende, no Rio de Janeiro, hoje Academia Militar das Agulhas Negras – daí as referências da arquitetura militar.
Corredor largo para facilitar a circulação, com armários e salas de aula. Foto: Fernando Zequinão / Gazeta do Povo.
Corredor largo para facilitar a circulação, com armários e salas de aula. Foto: Fernando Zequinão / Gazeta do Povo.
Arquitetura e educação
No final dos anos 1940, Curitiba ganhou ares de cidade grande graças a construções como a Biblioteca Pública, o Teatro Guaíra e o Centro Cívico, tocadas por Bento Munhoz da Rocha Netto. “O Colégio Estadual seguiu as novas orientações da construção escolar, com a aplicação de ideias ‘modernas’ da arquitetura, possíveis graças à evolução das técnicas construtivas”, explica Ana Paula Pupo, arquiteta e professora do Instituto Federal de Santa Catarina.
Entre as características, o prédio tem quatro pavimentos e um subsolo, fachada com formas simples, de concreto armado. As janelas de parapeito alto , rasgado até o teto. As salas de aula seguem à solução bilateral, distribuídas dos dois lados do corredor para facilitar a circulação. A cobertura é revestida de telhas de fibrocimento, escondidas atrás das platibandas.
Mobiliário ergonômico era incomum para época. Foto: Fernando Zequinão / Gazeta do Povo.
Mobiliário ergonômico era incomum para época. Foto: Fernando Zequinão / Gazeta do Povo.
O projeto era ainda inovador no plano educacional. A presença de salas de leitura e música, a biblioteca equipada com mobiliário ergonômico e grande acervo, o salão nobre, o auditório e o complexo esportivo eram grandes diferenciais para a época.
Salão Nobre tem obras de Theodoro De Bona. Foto: Fernando Zequinão / Gazeta do Povo.
Salão Nobre tem obras de Theodoro De Bona. Foto: Fernando Zequinão / Gazeta do Povo.
Um fato curioso – não confirmado oficialmente – dá conta que o subsolo foi construído para ser usado como um abrigo antiaéreo. “Os antigos contam que a população fez doações para as obras, por conta do medo no pós-guerra. Hoje o espaço é usado como oficina de arte”, conta Cleusa Maria Fuckner, professora de História e coordenadora do Centro de Memória do CEP.
Suposto abrigo antiaéreo é hoje sala de artes. Foto: Fernando Zequinão / Gazeta do Povo.
Suposto abrigo antiaéreo é hoje sala de artes. Foto: Fernando Zequinão / Gazeta do Povo.
Auditório para apresentações culturais.
Auditório para apresentações culturais.

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