Estilo & Cultura

Quando Hollywood desembarcou em Curitiba

Eloá Cruz
21/10/2015 00:00
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Casa neocolonial do Batel é rica em detalhes hispano-americanos. Foto: Antônio More/Gazeta do Povo.

Foi na Semana de Arte Moderna de 1922 que a cultura brasileira começou a fazer barulho. O nacionalismo tinha de ser valorizado, muito mais que as expressões importadas. E esse pensamento esteve presente nas artes plásticas, teatro e cinema. Na arquitetura, a brasilidade resgatou a estética colonial dos grandes casarões do século 17, mas com estrutura e tecnologia das construções atualizadas. Criou-se o neocolonialismo, como foi chamado no Brasil, enquanto nos Estados Unidos eram as missões espanholas e, na América Latina, missões jesuíticas.
Segundo o historiador Marcelo Sutil, o neocolonialismo recebeu influências dos outros movimentos da América. Em Curitiba, casas neocoloniais da década de 1920 apresentam detalhes e elementos hispano-americanos. “O cinema hollywoodiano da época e as revistas de decoração e arquitetura foram importantes para a unificação dos movimentos, que foram difundidos no mundo inteiro”, explica.
Algumas das construções neocoloniais de Curitiba, de acordo com o professor de arquitetura e urbanismo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Irã Taborda Dudeque, apresentam uma mistura de estilos e elementos. Um dos exemplares é a casa que fica na esquina da Avenida Visconde de Guarapuava com a Rua Bruno Filgueira. Colunas retorcidas, azulejaria e grandes portais de entrada com adornos e pedras são algumas das características das missões espanholas.
O papel do arquiteto, que cria um conceito e uma estética para a construção, nem sempre esteve presente no início do século 20. A revista Casa, especialista em construções na época, publicou em várias de suas edições casas fluminenses com elementos e adornos inspirados nas Missões Espanholas, movimento forte nos casarões de Hollywood. Aqui em Curitiba, várias dessas construções foram copiadas a rigor.
Para Dudeque, essas casas misturam detalhes e elementos bem diferentes. As colunas retorcidas, por exemplo, resgatam a arquitetura romana. As portas com fundação em pedra e arcos lembram as antigas igrejas coloniais. “São exemplos claros da arquitetura eclética, que perde destaque somente nas décadas de 1930 e 1940 com o início do movimento modernista”, esclarece.
Casa na esquina da Avenida Visconde de Guarapuava é rica em elementos que vão de colunas retorcidas à azulejaria (detalhe foto acima).
Casa na esquina da Avenida Visconde de Guarapuava é rica em elementos que vão de colunas retorcidas à azulejaria (detalhe foto acima).
Casa na esquina da Rua Ubaldino do Amaral, no Alto da XV. Foto: Rodrigo Sóppa / Gazeta do Povo.
Casa na esquina da Rua Ubaldino do Amaral, no Alto da XV. Foto: Rodrigo Sóppa / Gazeta do Povo.
Construção no Alto da XV com colunas salomônicas. Foto: Rodrigo Sóppa / Gazeta do Povo.
Construção no Alto da XV com colunas salomônicas. Foto: Rodrigo Sóppa / Gazeta do Povo.
Detalhes em construção no Batel remetem a vários estilos arquitetônicos.
Detalhes em construção no Batel remetem a vários estilos arquitetônicos.
Floreiras em forma de concha em casa neocolonial do Batel.
Floreiras em forma de concha em casa neocolonial do Batel.

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