Estilo & Cultura
Coletivo urbano retrata nova horta comunitária nas Mercês no Dia dos Pais
José Marconi, um dos fundadores do Croquis Urbanos em Curitiba, desenhando a Escadaria Comestível das Mercês. Fotos: André Eduardo dos Santos Filho/Gazeta do Povo
A retomada de espaços públicos pela comunidade é uma discussão que vem tomando grande forma em Curitiba, como os projetos expostos na Arquitetura para Curitiba: Expo 2017, que propõe diversas intervenções como fechamento parcial da Avenida Sete de Setembro e reabertura de rios canalizados.
Outro exemplo é a criação das hortas comunitárias, que no mês passado foi tema de polêmica entre moradores e a Prefeitura de Curitiba — situação que resultou na regularização do plantio e cultivo nos espaços.
Foi a partir dessa provocação que surgiu a Escadaria Comestível das Mercês. As floreiras, que estavam concretadas há certo tempo na escadaria, localizada na esquina da Avenida Manoel Ribas com a Rua Raquel Prado, foram reabertas e receberam mudas de diversas temperos, como salsinha, manjerona, coentro e até frutas, como o melão andino.
Ricardo de Campos Leinig, que nasceu e cresceu no bairro, foi um dos responsáveis por mobilizar a comunidade para a criação da horta. Um grupo de 22 pessoas foi formado no Facebook, todos moradores do bairro, para manter a plantação saudável através de cuidados diários — o que acabou aproximando os vizinhos interessados.
A criação do novo espaço chamou atenção do estudante de arquitetura Bruno Burrego, que é integrante do grupo de desenhistas Croquis Urbanos, e assim ele propôs para que passassem a manhã deste domingo (13) desenhando a escadaria.
“Sempre acompanho a iniciativa de hortas populares, então achei interessante propor que viéssemos para cá. Não desenhamos apenas prédios ou locais. Mostramos o início, meio e fim de muitas coisas”, conta.
José Marconi, designer e um dos fundadores do grupo, conta que a beleza do grupo são os novos desafios e complementaridade que cada desenho proporciona ao outro. “Foi um desafio desenhar essas linhas arquitetônicas. E o interessante é ver que a técnica de cada integrante se complementa”.
Entre desenhos aquarelados, rascunhos em preto e branco, ilustrações do entorno e de pedestres que passavam pelo local, o conjunto das obras forma uma série extremamente detalhada por diversos olhares.
Temos ainda muito o que evoluir para os espaços públicos, de fato, pertencerem à população. A plataforma alemã Mundraub, que mapeia árvores frutíferas em todo o mundo para colheita urbana, é um grande exemplo.
Mas são iniciativas como as hortas comunitárias e as saídas do Croquis Urbanos, ambas tomando a cidade de diferentes formas, que pavimentam esse caminho.
* colaborou André Eduardo dos Santos Filho