Estilo & Cultura

Dez mausoléus com arquitetura surpreendente para conhecer em Curitiba

HAUS
27/10/2017 21:00
Thumbnail

Foto: Clarissa Grassi

A arquitetura está presente em praticamente todos os espaços construídos das cidades, e não seria diferente nos cemitérios. Emblemáticas e surpreendentes, muitas sepulturas e mausoléus apresentam características e detalhes que remetem a diferentes períodos históricos ou familiares e encantam quem se dispõe a contemplá-los sem o estigma e a saudade que carregam.
É o que ocorre, por exemplo, no Cemitério Municipal São Francisco de Paula, no São Francisco. Com 51 mil m², divididos em 139 quadras, e abrigando 5.743 túmulos e 80 mil sepultamentos, o local concentra jazigos de diferentes estilos arquitetônicos e é rico em história e elementos estéticos.
Foto: Clarissa Grassi
Foto: Clarissa Grassi
“Quando comecei a pesquisar, fazia várias fotos e mostrava para algumas pessoas os detalhes dos túmulos. Normalmente elas achavam as imagens interessantes, bonitas, mas quando eu contava que era uma obra dentro do cemitério passavam a considerá-las feias”, lembra Clarissa Grassi, pesquisadora da Fundação Cultural de Curitiba (FCC).
Para dar luz às esculturas que adornam os mausoléus, jazigos-monumentos, estelas (tipo de monumento) e sepulturas, Clarissa lançou um livro que retrata as obras de arte do Cemitério Municipal e também um guia com informações históricas de diversos túmulos.
“Descobri que havia muita história ali que as pessoas não conheciam. Então veio a ideia de fazer um guia para promover uma ressignificação dessa forma de olhar o cemitério”, explica.
A pesquisadora também atua como guia nas visitas mensais pelo Cemitério Municipal São Francisco de Paula oferecidas pela Fundação Cultural. Nelas, o visitante tem a oportunidade de redescobrir personagens da cidade e conhecer alguns túmulos emblemáticos. As visitas são gratuitas, mas é necessário realizar uma inscrição prévia (mais informações podem ser obtidas pelo e-mail visitaguiada@smma.curitiba.pr.gov.br).
A convite de HAUS, Clarissa selecionou dez mausoléus curiosos localizados no Cemitério Municipal. siga nosso roteiro e redescubra estas construções!

Portal do Hauer

Foto: Clarissa Grassi
Foto: Clarissa Grassi
Um dos exemplares mais singulares e monumentais do Cemitério Municipal é o Portal da Família Hauer. Com estilo eclético, o jazigo-monumento foi construído em 1940 e se destaca em relação ao conjunto do cemitério por sua imponência. “A edificação é um portal que permite a passagem de um lado a outro, simbolizando a travessia entre a vida e a morte”, explica Clarissa. No topo dele há uma cúpula com a imagem de Jesus Cristo segurando a cruz na mão direita e elevando a mão esquerda. Na parte interna, a cúpula possui pintura azul com desenhos de estrela, representando o céu.

Túmulo Francês

Foto: Clarissa Grassi
Foto: Clarissa Grassi
Não se sabe quem está sepultado neste túmulo, apenas que data do final do século 19 e é composto por materiais de origem francesa – como os azulejos e as tocheiras. Classificado como estela, na tipologia arquitetônica do cemitério, o túmulo tem uma verticalidade acentuada, com mais de 4 metros de altura. Todo o conjunto é revestido por azulejos, incluindo o piso. No alto da estela, há uma cruz de metal fundida e repleta de simbologias. Entre elas um livro aberto (que remete à bíblia), a coroa de espinhos (símbolo do sacrifício de Jesus Cristo), papoulas (flor que remete ao sono eterno) e uma tocha invertida (símbolo do luto e da morte). Seis tocheiras fundidas em metal, com 1,4 metros de altura, cercam a construção e trazem no topo a representação da chama, em referência ao fogo da vida eterna.

Túmulo modernista

Foto: Clarissa Grassi
Foto: Clarissa Grassi
O mausoléu foi construído na década de 1970 pela Família Pedroso e se destaca pelo estilo modernista, com concreto aparente, linhas limpas e a funcionalidade se sobrepondo à função sacra. Grassi explica que o elemento escultórico curvo com grande cruz metálica tem a função de proteger a escada de acesso à cripta. Com tampo metálico com abertura circular em acrílico, o mausoléu foi feito para o filho de José Pedroso de Moraes, que faleceu aos 18 anos. José Pedroso foi conhecido como rei dos tapetes por conta da empresa que fundou, na década de 1960, e se tornou uma das maiores do país no ramo.

Túmulo Rosy de Macedo

Foto: Clarissa Grassi
Foto: Clarissa Grassi
O mausoléu de Rosy de Macedo, primeira deputada estadual do Paraná (eleita em 1947), é um exemplar único construído totalmente com cantaria de lioz, um calcário compacto formado há cerca de 97 milhões de anos que apresenta fósseis incrustados e é encontrado em Portugal. O túmulo tem referências neogóticas e foi construído por seu avô, Tobias de Macedo. Tobias perdeu a esposa subitamente enquanto viajava para a Europa. Na cidade do Porto, encomendou o túmulo ao canteiro Joaquim da Silva, que também acompanhou a montagem da peça em Curitiba.

Pirâmide Família Glasser

Foto: Clarissa Grassi
Foto: Clarissa Grassi
Com referências egípcias e gregas, o mausoléu foi construído para abrigar o corpo do empresário Roberto Glasser, falecido em 1958. É uma réplica de um túmulo que está localizado no cemitério de Gênova, na Itália, e foi projetado pelo escultor italiano Giulio Monteverdi.

Túmulo Paranista

Foto: Clarissa Grassi
Foto: Clarissa Grassi
O mausoléu tem toda a fachada decorada com araucárias talhadas, “por isso dizemos que é um tumulo paranista”, explica Clarissa. O túmulo é do imigrante italiano Achilles Stenghel, que veio para o Brasil em 1880. No Paraná, trabalhou como engenheiro, atuando nos estudos e construções de estradas de ferro. A pesquisadora comenta que, segundo a família, foi o próprio Achilles quem desenhou o túmulo.

Sepultura Claudino dos Santos

Foto: Clarissa Grassi
Foto: Clarissa Grassi
Na sepultura de Claudino dos Santos, prefeito de Curitiba em 1916, a originalidade do conjunto é o que chama a atenção. “Ele foi construído em blocos maciços de granito Rosa Curitiba, um dos principais granitos que temos na nossa região”, conta Clarissa. O conjunto é delimitado por quatro pilares em formato de cruz irradiada e possui, no alto da cabeceira, uma pira funerária que representa o fogo da vida.

Túmulo do Barão do Serro Azul

Foto: Clarissa Grassi
Foto: Clarissa Grassi
Figura importante para o Paraná, Ildefonso Pereira Correia, conhecido como Barão do Serro Azul, também foi sepultado no Cemitério Municipal. Sua sepultura possui uma estela como elemento central e é cercada por grades de metal. “O mais curioso é o material: foi feito com mármore paranaense, possivelmente de Itaiacoca”, observa Clarissa. No centro do túmulo, o monograma BSA remete ao título de barão e assinala também a data de seu assassinato, em 20 de maio de 1894.

Túmulo Família Gaissler

Foto: Clarissa Grassi
Foto: Clarissa Grassi
Em formato de cruz, o jazigo-monumento da Família Gaissler é um exemplar único dentro do Cemitério Municipal. “É uma cruz em alvenaria implantada em base escalonada”, descreve a pesquisadora da Fundação Cultural de Curitiba. Ela acrescenta que, sobre o jazigo, há também uma cruz em diabásio, uma rocha subvulcânica semelhante ao basalto(composta por minerais escuros) que era muito usada na arte tumular de Curitiba.

Túmulo de Dario Vellozo

Foto: Clarissa Grassi
Foto: Clarissa Grassi
A sepultura do intelectual e escritor Dario Vellozo é intencionalmente singela, possuindo apenas um gradil em metal cercando a área do enterramento. Clarissa destaca que, a pedido do próprio Vellozo, seu cortejo fúnebre transitou por bairros pobres da cidade e nenhuma placa foi colocada sobre o túmulo.
LEIA TAMBÉM

Enquete

Você sabe quais são as vantagens de contratar um projeto de arquitetura para sua obra de reforma ou construção?

Newsletter

Receba as melhores notícias sobre arquitetura e design também no seu e-mail. Cadastre-se!