Estilo & Cultura

Escola de samba sustentável promete renovar o carnaval de Curitiba

Sharon Abdalla
17/05/2017 10:52
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A agremiação nasce com a proposta de fazer da sustentabilidade a protagonista desta que é uma das festas mais tradicionais do país e da capital paranaense. Foto: Reprodução/Facebook | Carlos Bianco

Dar uma nova identidade ao carnaval de Curitiba. Este é objetivo da escola Enamorados do Samba. A agremiação nasce com a proposta de fazer da sustentabilidade a protagonista desta que é uma das festas mais tradicionais do país e da capital paranaense – mesmo que muitos curitibanos ainda não a vejam desta forma.
Para encarar o desafio, nomes com vasta experiência no carnaval estão à frente da fundação da escola. São eles o arquiteto Felipe Guerra, Marise do Rocio e Marlene Carmelo, que assumiu a presidência da Enamorados.
A agremiação nasce com a proposta de fazer da sustentabilidade a protagonista desta que é uma das festas mais tradicionais do país e da capital paranaense. Foto: Reprodução/Facebook
A agremiação nasce com a proposta de fazer da sustentabilidade a protagonista desta que é uma das festas mais tradicionais do país e da capital paranaense. Foto: Reprodução/Facebook
“Hoje, o carnaval de Curitiba é uma reprodução pobre e simples do que é feito no Rio de Janeiro, tanto no que é apresentado pelas escolas quanto no que a Fundação [Cultural de Curitiba] julga e cobra delas”, avalia Guerra.
O arquiteto conta que passou dois meses no Rio de Janeiro em uma espécie de estágio na Cidade do Samba, área onde estão localizados os barracões das escolas cariocas. Ao voltar para Curitiba, teve a certeza de que a cidade não tem condições de reproduzir o que é feito na capital fluminense.
“O que eles fazem, além de ser muito grande e caro, é extremamente profissional. É uma realidade muito diferente da nossa. O que estamos propondo é a criação de uma identidade, de um novo conceito. De buscar para Curitiba um carnaval com a nossa cara”, aponta.

Sustentabilidade

Para isso, a escola aposta na sustentabilidade, uma das marcas registradas da capital paranaense. Batizada como Grêmio Cultural Ecológico Carnavalesco Enamorados do Samba, e trazendo o símbolo internacional da reciclagem em sua bandeira, ela promete fazer dos resíduos e materiais que antes seriam descartados a matéria-prima para a confecção das fantasias e adereços que irão para a avenida.
“A escola irá apresentar uma plástica própria, pois o resultado estético do que vamos fazer será evidente. Não queremos esconder o material, vamos deixá-lo explícito”, explica Guerra.
O fornecimento destes materiais se dará por meio de parcerias com associações de catadores de Curitiba e com empresas que desejem participar da escola, doando resíduos e patrocinando alas.

Reutilização

Para ilustrar as possibilidades de reutilização dos materiais, o arquiteto cita o exemplo de um restaurante japonês que doou para a escola três mil hashis (palitinhos japoneses) que seriam descartados após terem sido utilizados pelos clientes. “Fizemos duas oficinas para entender e pensar este material, que, depois de higienizado, irá substituir as penas com um resultado fantástico”, aponta Guerra.
Assim como foi feito com o hashi, a ideia é testar os diferentes tipos de materiais para encontrar sua melhor forma de utilização na composição das fantasias e adereços da escola. “Para nós não existe lixo, mas matéria-prima. Aproveitamos o material que temos à disposição, o que faz bem para o meio ambiente e tem um melhor resultado estético”, completa o arquiteto.

Tripé

As questões voltadas ao cunho social e cultural, aliadas aos conceitos ecológicos, formam o tripé sobre o qual a Enamorados do Samba está baseada.
Além das parcerias para o fornecimento de matéria-prima, Guerra conta que é um objetivo da escola envolver e capacitar os catadores para que eles também possam atuar na confecção dos figurinos e esculturas. “Esta capacitação será dada por mim e pela Marlene, com o apoio de faculdades e entidades de moda”, acrescenta.
Já no quesito cultura, a Enamorados do Samba conta com oficinas de samba e um projeto voltado à confecção de instrumentos a partir de materiais que seriam descartados. Toda a parte “lúdica e tradicional” de que uma escola necessita, como bateria e compositores de samba-enredo, também estão presentes, como lembra o arquiteto.

Lançamento

O evento de lançamento do pavilhão da Enamorados do Samba, que é uma espécie de apresentação oficial da escola para a cidade, está marcado para o próximo dia 27 de maio. Os ingressos custam R$ 10 e são vendidos na loja Clube da Alice, no Shopping Mueller.
Com a meta de levar 600 componentes para a avenida já no carnaval de 2018, Guerra lembra que todas as pessoas que “acreditam que a responsabilidade social e a sustentabilidade são o futuro do planeta” estão convidadas a participar da escola. Isso tanto para a composição da bateria, o desenvolvimento e confecção de fantasias e alegorias, a participação nos eventos e, claro, no próprio desfile.
“Estamos tendo a adesão de pessoas de outras escolas e de toda a cidade, que ficam sabendo do nosso trabalho e abraçam a nossa causa. Quem sabe essa nossa vontade contagie outras agremiações para que, no futuro, tenhamos um carnaval com a nossa identidade“, completa Guerra.

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