Estilo & Cultura

Cinco histórias de pessoas que mudaram totalmente suas casas para acolher animais

The New York Times*
05/12/2017 09:30
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Guita Griffiths com sua Golden Margaux na sala especial da cadela. Foto: Whitten Sabbatini/The New York Times. | NYT

Quando se decide conviver com um animal de estimação, é preciso ir além do estar disposto aos cuidados diários. Olhar para o local onde o animal ficará e ter uma casa adaptada para pets faz parte da preparação. Algumas pessoas levam esse trabalho muito a sério. Veja alguns relatos e projetos.

Coelhos no closet

No momento em que pus os olhos em Daffodil, jurei lhe dar um bom lar. Encontrei-a em um evento de adoção de mais de 50 coelhos resgatados, patrocinado pela Sociedade Americana de Prevenção da Crueldade aos Animais, quase dois anos atrás. Daffodil, de cor prateada, se parecia mais com uma lebre selvagem do que com um coelho doméstico, e fiquei encantada na hora. Quando meu pedido de adoção foi aprovado, peguei Daff, entrei em um táxi e fui para meu apartamento, no bairro do Harlem, em Nova York, preparada para lhe oferecer o melhor “lar eterno” possível.
Caroline Biggs transformou o closet de seu apartamento em moradia para suas coelhas, Daisy e Daffodil. Foto: Vincent Tullo/The New York Times
Caroline Biggs transformou o closet de seu apartamento em moradia para suas coelhas, Daisy e Daffodil. Foto: Vincent Tullo/The New York Times
Em primeiro lugar, e acima de tudo, isso significava lhe dar todo o espaço, liberdade e companheirismo que precisasse. Em outras palavras, sem gaiola, abundância de espaço para perambular e, em breve, uma nova melhor amiga: Daisy, um coelho do Himalaia que adotei, três meses depois, no Centro de Medicina para Pássaros e Animais Exóticos, em Manhattan.
E assim, comecei a transformar meu closet de pouco mais de três metros quadrados em uma sala para coelhos. Enchi-a com vários esconderijos, brinquedos, caixas de areia (coelhos domésticos podem ser treinados a usá-la), uma casinha de dois andares e uma cama com dossel. Pintei um gramado com flores nas paredes e pendurei quadros. Esperava que tudo isso deixasse o local aconchegante e seguro.
Coelhos de Caroline Biggs reinam no closet do apartamento. Foto: Vincent Tullo/The New York Times
Coelhos de Caroline Biggs reinam no closet do apartamento. Foto: Vincent Tullo/The New York Times
Era a coisa mais óbvia a se fazer para qualquer ser amado (de quatro patas, ou não) vivendo sob meu teto. Na verdade, parecia tão natural que comecei a pensar em outros tipos de espaços para animais de estimação que donos dedicados fazem para seus bichinhos. Se eu, com meus fundos e meu espaço limitados, dediquei um quarto – mesmo que muito pequeno – a meus amigos peludos, quais os tipos de espaços que os amantes de animais com mais dinheiro criam para seus pets?
Com uma pequena pesquisa, descobri que podiam variar de uma parede da sala transformada em trepa-trepa de gato até um apartamento-estúdio inteiro dedicado a uma família de animais, incluindo três papagaios, um gato feral e uma tartaruga de 35 anos de idade. Muitos amantes dos animais em Nova York e em outros lugares, ao que parece, nem pensam no custo envolvido na criação de um espaço especial para seus pets – mesmo que esse tipo de personalização possa diminuir o valor do imóvel na hora da venda.

Pássaros no local de trabalho

Hunt Slonem, artista famoso por suas pinturas extravagantes de animais (particularmente coelhos), usou cerca de 110 dos 2.787 metros quadrados de seu estúdio em Sunset Park, no Brooklyn, para sua família de pássaros.
Espaço de 110 metros quadrados para as mais de 60 aves de Hunt Slonem. Foto: Reprodução / Instagram @huntslonem
Espaço de 110 metros quadrados para as mais de 60 aves de Hunt Slonem. Foto: Reprodução / Instagram @huntslonem
Slonem sempre teve aves a maior parte de sua vida, e hoje tem cerca de 60 delas, todas resgatadas, incluindo uma arara de 75 anos de idade chamada Sebastian e uma cacatua chamada Clyde, que o segue por toda parte.
O espaço que dedicou às aves conta com dezenas de gaiolas suspensas, frequentemente deixadas abertas para que os pássaros possam voar livres, e piso cerâmico importado da Nicarágua, que o artista disse ajudar a “definir o espaço e esconder elegantemente a sujeira”.
O artista Hunt Slonem em seu estúdio no Brooklyn: pássaros são companheiros do dia a dia. Foto: Vincent Tullo/The New York Times.
O artista Hunt Slonem em seu estúdio no Brooklyn: pássaros são companheiros do dia a dia. Foto: Vincent Tullo/The New York Times.
Nessa comunidade aviária, os pets são livres. O espaço é tão aberto e tranquilo que muitos dos pássaros mais sociais, incluindo uma panelinha muito unida de papagaios da Amazônia, sempre visitam as gaiolas uns dos outros. Alimentar essa bicharada, o que pode levar até cinco horas por dia, requer os serviços em tempo integral de um cuidador profissional, que trabalha para Slonem há 35 anos e que serve às aves uma salada fresca de folhas verdes, melões, bananas, uvas e tofu.
Em seu último livro, “Birds” (Pássaros), Slonem os descreve como suas musas e confidentes. Ele conta que normalmente pinta em meio às aves, e sempre que está por perto do aviário, as aves começam a chamar seu nome em uníssono.

Quarto de hóspede para o cãozinho

Em Nova York, perto do Edifício Gehry, em Manhattan, o yorkie de dez anos de Lucy Swift Weber, Chauncey, está se recuperando de um câncer. Quando as coisas ficaram particularmente difíceis no ano passado, ela decidiu converter o quarto de hóspedes de seu apartamento de dois quartos em uma sala para o cão, garantindo-lhe assim “um espaço de cura”.
LO yorkie de dez anos de Lucy Swift Weber, Chauncey, ganhou um quarto inteiro depois que teve um câncer. Foto: Vincent Tullo/The New York Times.
LO yorkie de dez anos de Lucy Swift Weber, Chauncey, ganhou um quarto inteiro depois que teve um câncer. Foto: Vincent Tullo/The New York Times.
Além de ser uma suíte – o que é bom para uma limpeza fácil e a rápida substituição da água do potinho – o quarto do pequeno tem um conjunto de escadas personalizado, um salão com piso fofo de pelúcia e uma cabeceira de 1,8 m de altura que Weber forrou com um tecido que ela mesma desenhou.
“Esse é agora um lugar aconchegante, confortável, onde Chauncey pode relaxar e se reabilitar. Tentei fazer um quarto tranquilo e alegre, onde ele gostasse de ficar, e funcionou. Passa o tempo todo lá por escolha própria.”
Mas, mesmo quando estiver melhor, disse Weber, Chauncey continuará a ter sua sala própria; ela e o namorado acabaram de se mudar para um apartamento maior, com três quartos, em outro andar do mesmo edifício, para que os filhos dele, que têm cerca de 20 anos, não precisem dividir o quarto com o cãozinho quando vierem visitar.

Estúdio inteiro para os pets

Caroline Stern, que possui três apartamentos no mesmo andar de um edifício em Central Park West, foi um pouco mais longe e dedicou um estúdio inteiro, de 60 metros quadrados, a seus animais de estimação, que podem dormir e passear livremente quando não estão com ela.
Ao lado do apartamento de Stern, o estúdio dos pets abriga três papagaios – Apricot, Sinbad e Roxanne (uma cacatua que trabalha como animal de apoio emocional) –, um gato feral chamado Butch e uma tartaruga russa chamada Alberta.
Caroline Stern dedicou um estúdio inteiro, de 60 metros quadrados, a seus pássaros, um gato e uma tartaruga. Foto: Vincent Tullo/The New York Times
Caroline Stern dedicou um estúdio inteiro, de 60 metros quadrados, a seus pássaros, um gato e uma tartaruga. Foto: Vincent Tullo/The New York Times
Para acomodá-los, Stern encheu o apartamento com grandes aviários, árvores imponentes, uma área para répteis com luz ultravioleta e uma banheira especial para Alberta.
“Os pássaros são barulhentos. É bom ter um lugar relaxante para colocá-los quando não consigo lidar com seus berros”, disse Stern.
Seus vizinhos estão mais que conscientes de seu condomínio de pets, mas, segundo ela, a maioria fica mais encantada do que perturbada. “É um prédio que aceita animais. As pessoas vêm visitá-los; eles sabem que têm muita sorte.” No entanto, existem maneiras menos caras e menos intrusivas para criar um habitat convidativo para os bichinhos.

Piso aquecido para o cão 

Moradora de Chicago, Guita Griffiths recrutou a ajuda de Shelley Johnstone, da Shelley Johnstone Design, para criar um lugar prático e reconfortante para Margaux, sua golden retriever de três anos que vive boa parte de seu dia em uma sala exclusiva de pouco mais de 10 metros quadrados.
Guita Griffiths com sua Golden Margaux na sala especial da cadela. Foto: Whitten Sabbatini/The New York Times.
Guita Griffiths com sua Golden Margaux na sala especial da cadela. Foto: Whitten Sabbatini/The New York Times.
“Margaux é um cachorro grande e nós precisávamos de um espaço para mantê-la quando recebemos convidados em casa. Mas esse local não poderia gerar ansiedade nela”, explica Guita.
Margaux reina em uma sala de 10 metros quadrados inteiramente para ela. Foto: Whitten Sabbatini/The New York Times.
Margaux reina em uma sala de 10 metros quadrados inteiramente para ela. Foto: Whitten Sabbatini/The New York Times.
Entre os luxos para a cadela está o piso aquecido de mármore, uma caminha cheia de conforto e até uma papel de parede canino. A sala tem ainda uma pia espaçosa para os banhos de Margaux e espaço para armazenar coleiras e brinquedos.
* Caroline Biggs

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