Estilo & Cultura

Praça Osório: um recanto verde na Curitiba concreta

Camila Neves*
20/01/2016 00:00
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Vista de cima dá para ter noção do impacto desse verde todo da Praça Osório na paisagem do centro de Curitiba. Fotos: André Rodrigues/Gazeta do Povo.

Ela é vizinha da boca – aquela maldita, famosa, da Rua XV de Novembro. Foi criada em 1878 com o nome de Largo Oceano Pacífico e rebatizada um ano depois como Praça General Osório, homenageando o comandante brasileiro na Guerra do Paraguai. Desde sempre foi vista como passagem importante, afinal, assiste a quase todos os grandes eventos que vêm para a capital (das feiras de Natal a comícios – aliás, há uma placa em referência à luta pelas “Diretas Já”, de 1984, na calçada) e é um dos principais oásis no meio dos prédios e da correria do centro nervoso, graças ao paisagismo exuberante.
Registros históricos do IPPUC e da Fundação Cultural de Curitiba indicam que a preocupação com a estética da Osório vem de longa data. Entre 1900 e 1907 foram plantadas as primeiras árvores alinhadas, algumas espécies nativas e aléias, enquanto que os canteiros elevados vieram em 1913.
As referências francesas, principalmente ao movimento art nouveau – estilo marcado pela decoração elaborada e formas curvilíneas ou sinuosas –, são de 1914. A praça ganhou um chafariz, com estátuas de sereias e de um cisne trazidos da França, sem contar o petit-pavé de rosácea paranista (com pinhões nas laterais), baseado no desenho de Lange de Morretes. Reformado nos anos 1960, foi a vez de o repuxo ganhar iluminação e aplicação de pastilhas verdes, conforme o gosto da época. Da origem vêm também os postes e um coreto – demolido no início dos anos 1950.
Outras mudanças datam do mesmo período, como é o caso do relógio, que em 1993 foi restaurado e movido do centro da praça para o começo do calçadão. Em 1971, veio o primeiro banheiro em praça de Curitiba e a modernização da área de lazer e o playground, comandada pelos arquitetos Orlando e Dilva Busarello. Em 1993, o arquiteto Manoel Coelho projetou a Boca do Brilho – área de trabalho dos engraxates, bancas de jornal e cafés – para combinar com a Curitiba moderninha.
Paisagismo
Mesmo o pedestre mais ocupado ou distraído nota a imensidão verde que abraça a praça, uma das mais arborizadas da cidade. São 400 árvores plantadas nos 12.700 m². “Hoje são 46 espécies, na maioria palmeiras, cássias e guapuruvus”, explica Giovando Romani, do departamento de Praças da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. A praça tem ainda dois canteiros plantados com as flores da estação – as tagetes são as preferidas no verão –, além de gramados e canteiros com heras embaixo das árvores.
Mário Kajiwara é morador do Edifício Comendador Vasconcelos, em frente a Osório, há 30 anos, e é um dos que gosta de ficar na Osório vendo o tempo passar. “Vim de Bandeirantes para estudar em Curitiba há quase 50 anos. A praça parece um pedacinho do interior no meio do movimento da cidade.” Como ele, tem muita gente que aproveita a sombra das árvores para descansar ou jogar uma pelada com os amigos na quadra. Isso sem contar a movimentação na época de feira.
O calçamento da praça é inspirado nos desenhos de  Lange de  Morretes.
O calçamento da praça é inspirado nos desenhos de Lange de Morretes.
* Especial para a Gazeta do Povo.

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