Estilo & Cultura

Curitiba se esqueceu da sua torre mais famosa

Bruna Junskowski*
03/12/2017 20:00
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Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

Gigantes são difíceis não notar. Porém, sem história, regridem ao esquecimento e nem os 109,5 metros da Torre Panorâmica de Curitiba foram suficientes para que a memória da construção fosse guardada. A autoria da torre é desconhecida e o que resta é um quebra-cabeça incompleto, formado por informações da velha guarda de arquitetura da cidade e fragmentos de jornais da época.
Construída durante a gestão do ex-prefeito Jaime Lerner e inaugurada em 17 de dezembro de 1991, a torre é fruto de um convênio entre a Telepar e a Embratel, devido aos avanços nos sistemas de tecnologia digital. Equivalente a um prédio de 40 andares e localizada no bairro Mercês, a Torre da Telepar ampliou a transmissão de telefonia no Paraná.
Fotos aéreas da cidade de curitiba , vôo panorâmico de helicóptero , paisagem , vista de cima . Local: torre oi telepar jardim botânico praça Ozório Praça Ruy Barbosa Tiradentes bairro parolim cemitério água verde ponte estaiada
Fotos aéreas da cidade de curitiba , vôo panorâmico de helicóptero , paisagem , vista de cima . Local: torre oi telepar jardim botânico praça Ozório Praça Ruy Barbosa Tiradentes bairro parolim cemitério água verde ponte estaiada
Vários nomes de arquitetos se relacionam à construção. Embora não sejam os autores, suas memórias são o que há de mais relevante no resgate da história. De acordo com Osvaldo Navaro Alves, na época supervisor de planejamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba  (Ippuc), a prerrogativa para que a torre fosse erguida era que houvesse algum ganho para a cidade.
“A torre foi feita para as antenas, mas não podia ficar feio, então a participação do Ippuc foi na liberação da torre como uma obra para Curitiba e na parte legal ao verificar a interferência da torre na cidade”, conta Navaro.
Antes de ser um mirante, a Torre da Telepar abrigaria um restaurante e os arquitetos Domingos Bongestabs e Valery Kalko, chegaram a fazer um estudo de implementação com dados fornecidos pela Telepar. “Depois foi decidido que seria instalado o mirante no topo da torre em um acordo entre a Telepar e a Prefeitura, mas infelizmente nem eu nem o Valery participamos da obra e desconheço o autor do projeto”, explica Bongestabs.
Abrão Assad, arquiteto responsável por obras como a Pedreira Paulo Leminski, prestava consultoria a Jaime Lerner na construção da torre como obra turística. “A ideia era criar um espaço maior no alto da torre, então foi feito um salão circular envidraçado de 360º, como um mirante, mas talvez não tenha tido um autor de fato.”
Visitamos os 5 lugares para observar Curitiba do alto, mais fotos turísticas do Bosque do Papa.<p></p><p>- Mirante do Alto da XV<br>- Bosque do Papa<br>- Parque Tanguá<br>- Bosque do Alemão<br>- Torre Panorâmica<br>- Parque Passaúna</p><p>Informaremos no jornal quanto custa? Quais os dias para visitar? Qual região dá para ver lá de cima?</p><p>As imagens irão criar um Quiz.<br>“Será que você consegue descobrir de qual desses pontos foi feita a foto?”.<br>Curitiba - 15/06/2016</p><p>Vista da Torre da Oi - Torre Panorâmica de Curitiba</p>
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Lauro Takuo Tomizawa, arquiteto do Ippuc e autor de projetos como a Praça do Gaúcho, acompanhou a construção da torre e lembra de haver uma arquiteta da Telepar que também fazia visitas. “Não lembro o nome dela, mas o projeto veio prontinho do Rio de Janeiro, eu acho, e ninguém contestava. Até cheguei a discutir com quem fez o projeto para que inclinassem o vidro para impedir o reflexo que tem lá hoje. Concordaram comigo, mas foi uma fortuna e já estava pronto”.
Foto: Arquivo/Gazeta do Povo
Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

Esquecimento

O descuido com o passado de um dos principais cartões postais da cidade também está na falta de informações sobre os operários da construção. Durante a obra, dois trabalhadores caíram da Torre e faleceram.
Segundo Tomizawa, para fazer visitas técnicas na torre a única opção era subir as escadas, o que era arriscado devido ao forte vento e por não haver corrimão. Ele conta que não chegava perto da beirada e tentava economizar as visitas ao local.
“Os operários devem ter dado um passo em falso. Imagina subir tantos degraus, meio tonto, cansado, sem corrimão, com um medo desgraçado. Nunca contaram de fato o que houve, às vezes um operário subiu, ninguém sabia e caiu. Foi uma fatalidade, assim como eu poderia ter caído também”, relembra Tomizawa.
Em 1998, a Telepar foi privatizada e absorvida pela Brasil Telecom que hoje pertence a empresa de telefonia Oi. Em resposta à pergunta sobre o responsável pelo projeto arquitetônico da torre, a assessoria de imprensa da Oi informou não ter essas informações, pois o prédio foi inaugurado na época da estatal Telepar.
Na Casa da Memória de Curitiba informações de recortes de jornais deram mais detalhes sobre a torre. De acordo com o jornal Construção, de outubro de 1990, o projeto original é de autoria da empresa Figueiredo Ferraz, com execução da construtora Dell’ Aqua, ambas empresas de São Paulo. Porém, até o fechamento desta reportagem, não houve resposta das empresas.
Se você possui qualquer informação que possa nos ajudar a descobrir a autoria da Torre da Telepar, entre em contato conosco por meio do e-mail haus@gazetadopovo.com.br.

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