Prefeitura anuncia primeiro Jardim de Mel, mas não sabe como ele será nem quanto vai custar

Carolina Werneck*
25/08/2017 10:30
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Concepção do projeto original apresentado em abril de 2017. Ele deve ser substituído pela Prefeitura, que ainda não sabe dizer qual será o visual dos jardins de mel. Imagem: Bárbara Becker/Divulgação

Desfigurado, o projeto dos Jardins de Mel, da Prefeitura de Curitiba, terá sua primeira unidade inaugurada no Parque Barigui dia 21 de setembro. Mas, a menos de um mês da inauguração da primeira colmeia, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) ainda não sabe informar quanto vai custar a implantação dos jardins ou mesmo quais características arquitetônicas serão adotadas. De acordo com a SMMA, essas informações só serão conhecidas mais perto da entrega da instalação que acontecerá no Parque Barigui.
Inicialmente projetados pelas arquitetas Bárbara Becker e Luisa da Costa de Moraes, os jardins não devem ter o apelo visual e arquitetônico que aparece nas simulações feitas pelas profissionais. Isso porque a prefeitura optou por adaptá-los. Por meio de sua assessoria, a secretaria afirmou que “não há um projeto arquitetônico, apenas. Serão levadas em consideração as condições dos locais onde os meliponários (também conhecidos como jardins melíferos) serão implantados”.
Bárbara diz que desenvolveu “com muita alegria o projeto Jardins de Mel a convite da empresa Meliponas. Esse nome faz jus à minha ideia de unir as caixas coloridas de abelhas com flores para convidar as pessoas a se sentar em bancos em torno do jardim, os quais projetei num formato para que todos pudessem interagir e entender melhor esses insetos”. A arquiteta afirma estar disposta, inclusive, a ceder o projeto “à prefeitura que, infelizmente, no momento, está desenvolvendo um projeto substituto“. Segundo Felipe Thiago de Jesus, um dos idealizadores dos Jardins de Mel, o “desenho inicial feito pela Bárbara não foi aprovado e não será utilizado. Está sendo feito outro projeto pelos arquitetos da prefeitura”. Antes sócio da Meliponas, atualmente ele é coordenador do projeto dentro da SMMA.
Em nota, a secretaria alega que “na visão da equipe técnica da SMMA, muito mais que a questão paisagística do espaço (como foi proposta pela arquiteta à empresa Meliponas), o conceito principal é aumentar a polinização das árvores e flores, para gerar frutos, que possam servir também à fauna local”. De acordo com o órgão, serão feitos bancos e trilhas nos bosques, elementos escolhidos para mostrar aos visitantes as espécies que estão sendo polinizadas.
Por esse motivo, “cada ponto terá sua estética própria. Áreas destinadas a crianças terão equipamentos públicos específicos e apropriados, com comunicação visual que permita maior compreensão da importância em preservar as abelhas nativas”. Por fim, a nota informa que até mesmo o nome sugerido por Jesus pode não ser adotado para o projeto. “Mais que nomes e que uma visão paisagística, o conceito vai valorizar o lado ambiental e a importância de preservar as abelhas nativas.”
Toda a proposta dos jardins foi originalmente elaborada pela Meliponas, empresa de que Jesus era sócio ao lado de Meila Fabri. Ainda à frente da Meliponas, Fabri afirma que a empresa é “a proprietária intelectual do projeto. O Felipe está tocando esse projeto pela prefeitura, mas a Meliponas está dando o suporte. O contexto do projeto é todo da Meliponas”. Segundo o empresário, atualmente a companhia está envolvida no desenvolvimento de um aplicativo para a prefeitura. O software “vai envolver a parte de sustentabilidade, tentar dar essa conectividade ambiental pra pessoas.

Abelhas e meio ambiente

Sebastião Ramos Gonzaga é presidente da Associação Paranaense de Apicultores (APA) há 39 anos. Para ele, a ideia de criar esses jardins é fundamental para a preservação de importantes espécies de abelha. “É muito interessante, porque você não terá só uma espécie. Jataí, mandaçaia, todas essas abelhas não têm ferrão. Assim vamos poder fazer uma apresentação para as crianças sobre a natureza maravilhosa que cerca Curitiba.” Ele explica que a polinização promovida pelas abelhas ajuda a equilibrar ecossistemas inteiros. Um dos maiores exemplos disso é a Amazônia, “totalmente dependente das abelhas mirim. Quem fez aquela maravilha foi a polinização dessas abelhas sem ferrão.”
*Especial para a Gazeta do Povo.

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