Antiga fábrica do açúcar Diana vira um dos maiores centros culturais de Curitiba

André Nunes*
21/11/2017 21:00
Thumbnail

Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Para se preservar um patrimônio, é preciso ocupar e dar nova vida ao local. Com o patrimônio industrial não é diferente. Parte da história industrial curitibana e paranaense, fundada na década de 1960, a Romani S/A Indústria e Comércio de Sal ocupou por quatro décadas um grande terreno no Prado Velho com sua fábrica de Sal e Açúcar Diana. Com processo de falência em 1997, desde então a fábrica estava desativada. A sede da empresa também ficava na região, na famosa Casa dos Arcos, também conhecida como Casa Emilio Romani, na Praça Eufrásio Correia.
Hoje, outro “Emilio Romani” – na versão canina – pode ser encontrado por quem passa pela Usina5, espaço de eventos culturais, gastronômicos, alternativos e corporativos no terreno da antiga fábrica Diana, dentro do perímetro do Vale do Pinhão. “O Emilio é o nosso mascote, está por aqui desde a TribalTech. Demos esse nome em homenagem ao fundador da fábrica”, brinca o empresário Patrik Cornelsen, um dos sócios da Usina5 e realizador da edição Escape da festa de música eletrônica, realizada em 7 de outubro e que apresentou o local para o público
Fábrica foi fundada nos anos 1960. Foto: Reprodução Usina5
Fábrica foi fundada nos anos 1960. Foto: Reprodução Usina5
Com 60 mil m² de área total, cinco barracões cobertos que abrangem 16 mil m² de área construída e capacidade para abrigar até 20 mil pessoas, a Usina5 compreende ainda estacionamentos moduláveis que podem comportar até 1.300 veículos simultaneamente, além de grandes áreas abertas capazes de receber eventos de todos os portes com conforto e segurança, segundo garante Cornelsen.
“Nossa ideia para o espaço sempre foi manter a identidade visual da fábrica, mexendo o mínimo possível na parte estrutural. Nossa revitalização foi apenas para manter o local seguro, com ventilação adequada, saídas de emergência e atendendo todas as necessidades, mas mantendo a essência da usina”, explica. Dessa forma, pode-se dizer que o “Emilio Romani” canino simboliza de forma afetiva o cuidado dos novos donos com a história e importância do local.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
O processo de limpeza e revitalização do local levou sete meses, envolvendo cerca de 300 pessoas. Os números impressionam: 10 toneladas de lixo foram retirados da Usina5, com aproximadamente 400 toneladas de saibro e pedrisco para adequação e acessibilidade do terreno.
Segundo o empresário, a iniciativa busca contribuir com o desenvolvimento de atitudes, projetos e ideias para o bairro, públicos ou privados, como o Vale do Pinhão e o movimento Reação Urbana, realizado pela Reurb, HAUS e Agência Curitiba. E a parceria já rendeu frutos: na última terça-feira (14), foi assinado um protocolo de intenções para estabelecer parcerias em eventos, reuniões e outras ações que colaborem para o desenho do Plano Preliminar de Reabilitação Urbana do Vale do Pinhão, que será entregue para a Prefeitura de Curitiba até setembro de 2018.
Espaço comporta até 20 mil pessoas. Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
Espaço comporta até 20 mil pessoas. Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo

Vida nova ao bairro

A escolha da fábrica não foi por acaso, de acordo com Cornelsen, tanto que a avaliação do primeiro evento de grande porte realizado no local – a TribalTech Escape, que reuniu 10 mil pessoas e não teve nenhum registro de ocorrências de trânsito, policial ou de impacto à vizinhança – é a melhor possível.
“A estrutura e fácil acesso à Usina5 permitem um ótimo fluxo de pedestres e veículos, boas condições de estacionamento de veículos particulares, táxis, veículos de aplicativos e ônibus de turismo. Tivemos registro de quase 100 ônibus de excursões na TribalTech e tudo funcionou bem. Devido a excelente performance do local para a atividade desenvolvida, reconhecida pela Cage (Comissão de Análise de Grande Eventos) em parecer emitido para o CMU (Conselho Municipal de Urbanismo), já foi aprovado o alvará definitivo de funcionamento da Usina5″, comemora.
Foto: Gui Urban / TribalTech
Foto: Gui Urban / TribalTech
Foto: Gui Urban / TribalTech
O objetivo agora é tornar a Usina5 uma área urbana de convívio frequente dos curitibanos e turistas, tanto em eventos de cultura, entretenimento e corporativos, quanto de convivência. “Para isso, vamos estimular a arte de rua nos vários muros disponíveis para intervenções, seguindo o modelo da Wynwood Walls, em Miami“, antecipa Cornelsen.
A parceria com a Agência Curitiba, segundo ele, dará apoio para que startups, espaços de coworking e empresas das áreas de marketing e design, por exemplo, se tornem colaboradores e possam se instalar na Usina5.
Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo

Agenda movimentada

Mesmo com o anúncio recente do lançamento da Usina5 como espaço de eventos, a agenda para 2018 já está movimentada: em dezembro, será realizada no local a festa alemã Kubik, em quatro finais de semana, do dia 1º ao dia 23.
“No início de janeiro, teremos um festival de música dos mesmos organizadores da TribalTech. Para o restante do ano, já estamos com dez festas programadas, além de contatos com organizadores de eventos gastronômicos e de animais, como a Parada Pet, que esse ano foi feita no Museu Oscar Niemeyer”, conta Patrik Cornelsen.

Confira imagens do processo de revitalização do espaço, que levou sete meses

Foto: Divulgação / Usina5
Foto: Divulgação / Usina5
Foto: Divulgação / Usina5
Foto: Divulgação / Usina5
Foto: Divulgação / Usina5
Foto: Divulgação / Usina5
Foto: Divulgação / Usina5
Foto: Divulgação / Usina5
Foto: Divulgação / Usina5
Foto: Divulgação / Usina5
Foto: Divulgação / Usina5
Foto: Divulgação / Usina5
*Especial para a Gazeta do Povo.

LEIA TAMBÉM

Enquete

Você sabe quais são as vantagens de contratar um projeto de arquitetura para sua obra de reforma ou construção?

Newsletter

Receba as melhores notícias sobre arquitetura e design também no seu e-mail. Cadastre-se!