Ventilador com repelente de ozônio promete afastar até mosquito da febre amarela

Aléxia Saraiva
01/02/2018 21:04
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Os novos casos de febre amarela que surgiram no país trouxeram novamente à tona a preocupação com repelentes e formas de se proteger do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti. E, dentre os tradicionais sprays e pastilhas, se destaca uma nova alternativa no mercado: um ventilador que, a partir da geração do gás ozônio, espantaria os mosquitos do ambiente.
O ventilador Ozonic TS é fabricado pela Mallory e conta com um gerador de ozônio em sua base. O gerador transforma o oxigênio do ar em O3 por meio de uma descarga elétrica. Segundo o fabricante, as partículas de ozônio vão se difundir pelo ambiente, o que faz com que os mosquitos abandonem o local. Além disso, a substância também é utilizada na prevenção da proliferação de fungos e bactérias. Após alguns minutos, o ozônio volta a se transformar em oxigênio.
Gerador na base do ventilador transforma o oxigênio do ambiente em ozônio. Foto: divulgação
Gerador na base do ventilador transforma o oxigênio do ambiente em ozônio. Foto: divulgação
Francisco de Assis Marques, professor do Departamento de Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especialista em controle de pragas agrícolas, florestais e urbanas, que não tem relação com o desenvolvimento do produto da Mallory, explica que o que o ozônio é um oxidante extremamente forte, e que é essa característica que pode interferir no mosquito. “Ele mata fungos, bactérias, vírus e realmente tem um poder de destruição dos micro-organismos muito grande”, afirma.
É a própria reação de oxidação que espantaria o mosquito, segundo o professor. A oxidação das membranas externas do inseto causa um estresse que pode fazer com que ele saia do local onde está o ventilador. “Quimicamente falando, é possível que o ozônio em quantidades menores faça com que ele saia do ambiente. Se o mosquito está em uma sala que está gerando ozônio e entra em contato com essas moléculas, o ozônio vai reagir com a cutícula e vai oxidar. Assim, ele funcionaria não bem como um repelente, mas a ação seria essa”. No entanto, caso a concentração do ozônio no ambiente não seja alta o suficiente para incomodar o mosquito, o efeito não acontece.
Repelentes convencionais bloqueiam os receptores dos mosquitos, em vez de espantá-los do ambiente. Foto: divulgação
Repelentes convencionais bloqueiam os receptores dos mosquitos, em vez de espantá-los do ambiente. Foto: divulgação
Além disso, o especialista da UFPR alerta que, dependendo da concentração, o ozônio pode causar irritação nos olhos e no aparelho respiratório. “É uma espécie bastante reativa do ponto de vista químico”, explica Francisco. O uso sistemático do ventilador poderia causar mais danos a longo prazo. “[A pessoa] vai estar o mês inteiro inalando o ozônio. O que acontece a curto prazo é que a quantidade ainda não se expressou [não causou efeitos colaterais]. No uso a longo prazo, ele pode destruir cada vez mais, por exemplo, a mucosa do aparelho respiratório”.
A fabricante afirma que o gás liberado pelo ventilador não causa efeitos colaterais. “Com a liberação do ozônio é possível controlar ou mesmo eliminar os efeitos que o refil traz para os que sofrem de doenças respiratórias, por exemplo”, explica nota da assessoria de imprensa. O ventilador Ozonic foi aprovado pelo Inmetro com o selo Classe A de eficiência energética.

Como funcionam os repelentes “comuns”

Os repelentes permitidos e mais usados no Brasil – DEET, IR3535 e 38 paramentanodiol— atuam de outra maneira para repelir os insetos. Segundo o químico, a fêmea do mosquito reconhece fontes de sangue através de sinais químicos emitidos pelo corpo, como o gás carbônico. O mosquito segue o rastro do CO2 através de receptores especializados em reconhecer essas substâncias.  “Quando você passa um repelente corporal, você vai eliminando essas moléculas lentamente, competindo com os receptores do mosquito. Elas interagem com esses receptores e bloqueiam a capacidade do mosquito de receber o CO2”, explica.

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