Urbanismo

Saiba como foi o crescimento de Curitiba em cada um dos seus quatro extremos

Mariana Domakoski*
20/07/2016 14:12
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Para descobrir os quatro extremos da cidade de Curitiba, bastou uma conversa com o supervisor de informações do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Oscar Ricardo Macedo Schmeike. Por meio do programa de geoprocessamento ArcGis, ele deu os pontos exatos, limites entre a capital e os municípios vizinhos. Procurando no mapa cada um deles, foi possível redescobrir Curitiba.

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Curitiba foi um dos centros urbanos que recebeu migrantes em massa a partir dos anos de 1950, quando esse movimento ganhou força no Brasil. Além disso, muito tempo antes, também foi destino de imigrantes europeus, que chegaram durante e depois das grandes guerras.
Controle do uso de solo, planejamento urbano e dinâmicas imobiliárias também influenciaram e continuam influenciando a disposição na cidade, como explica Paulo Nascimento Neto, doutor em gestão urbana e professor de planejamento urbano e regional do curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). “A população de menor renda foi historicamente direcionada para as área de menor valor, como a região sul da cidade e as áreas limítrofes à Curitiba, nos municípios do entorno imediato”, afirma. Com esse processo, a malha urbana se expandiu.
Depois disso, como afirma o especialista, houve um movimento inverso na capital: uma desconcentração espacial, com pessoas de maior renda saindo das regiões centrais e se instalando nas áreas mais distantes.
Com tantas diferenças, cada extremo tem suas particularidades, assim como a região em que estão inseridos. “Cada parte da cidade guarda relação com as questões históricas que estiveram vinculadas ao seu desenvolvimento. A morfologia urbana atual é resultado disto”, diz Paulo.
Os extremos
Mais ou menos 30 minutos de carro separam o centro de Curitiba da divisa com Campo Largo. O ponto limite oeste fica em plena Rodovia do Café e não poderia ser mais exato: em cima da ponte que abriga a placa fronteiriça entre os dois municípios. A paisagem nas redondezas é conhecida por muita gente: passando o Parque Barigui, indústrias começam a surgir, conforme a Cidade Industrial e o São Braz ficam para trás. Mas, perto do ponto, na porção à beira da estrada do bairro Passaúna, o clima parece de cidade pequena.
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Dali para o extremo norte, outros 20 minutos de carro. Mais movimentada, a fronteira entre Curitiba e Almirante Tamandaré se mistura e os moradores não concordam sobre onde fica a divisa – nem com o ArcGis e nem entre eles. Alguns dizem que fica no semáforo mais adiante do início da rua José Bajerski. Outros defendem um ponto mais para trás, passando uma fábrica de cimentos. Essa confusão tem razão de ser: um dos principais vetores de crescimento de Curitiba está na região, em direção à Almirante Tamandaré, como explica Paulo, da PUCPR.
Foto: Letícia Akemi
Foto: Letícia Akemi
Meia hora de carro do centro rumo ao sul, um clima totalmente campestre, desafiando as estatísticas que dizem que a região é outro importante vetor de crescimento da capital. Ao fim da Estrada Delegado Bruno de Almeida, na Caximba, pequenas hortas nos jardins das casas, grandes espaços vazios e o início de uma estrada de terra. No ponto máximo, o rio Iguaçu ajuda a limitar a capital e o município de Fazenda Rio Grande.
Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo
Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo
Ao chegar no fim do bairro Cajuru e da rua Luiz Lara Fernandes da Penha, no leste, vários conjuntos de moradia popular, casas de madeira e mercados e mercearias. Paulo explica que, na década de 1960, o leste foi um dos destinos das pessoas que migraram para Curitiba, reflexo do intenso movimento para os principais centros urbanos que começou no Brasil em 1950.
Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo
Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo
*Especial para a Gazeta do Povo

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