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Caio Coppolla: mais de 100 mil seguidores no Facebook | Reprodução
Caio Coppolla: mais de 100 mil seguidores no Facebook| Foto: Reprodução

Os vídeos de Caio Coppolla em sua página no Facebook e no Youtube transformaram o rapaz de 30 anos em uma estrela ascendente do conservadorismo liberal brasileiro na internet. Já angariou 100 mil seguidores de todas as faixas etárias e chama atenção por passar adiante seu conteúdo sem discursos inflamados ou extremismos. 

Falar de política – ou da doutrina – de forma pública é praticamente uma novidade e a última parte do processo de Caio ao se firmar como um novo rosto e voz jovem do liberalismo, conjunto de idéias ainda incipiente no país e quase desconhecido do público jovem. Na fase anterior, ele era advogado, empresário, investidor em startups, desenvolvedor de conteúdo para blogs, assessor em comunicação digital e consultor para redes sociais, músico, produtor de vídeo — chegou até mesmo a participar, sem sucesso, do programa SuperStar, da Rede Globo.

E, mesmo trabalhando em tudo isso, não falava praticamente nada de política. Não que fosse um alienado, mas não tinha o hábito, mesmo trabalhando intensamente com redes sociais. 

A história começou a mudar quando Caio decidiu gravar um vídeo para falar sobre o “saidão de Natal” em 2016. Ao receber constantes mensagens no WhatsApp alertando para a quantidade de presos que estariam em liberdade temporária e a sensação de insegurança que aquilo causava na sociedade, Caio achou que era preciso esclarecer algumas coisas.

“Aquilo é uma grande desinformação. Resolvi pesquisar o assunto e descobri estatísticas muito interessantes. Existia uma certa freqüência de presos que eram liberados e não retornavam. Mas por que isso acontece? A quantidade total de presos estimada é coisa de cinco mil por ano só no Estado de São Paulo. Se esses presos fossem recapturados, seria necessária a construção de diversos novos presídios. Ou seja, ‘saidão’ de Natal é uma política pública de reciclagem carcerária. Achei muito interessante e quis, além de combater a desinformação, mostrar a existência de uma política pública tão divorciada dos desejos da sociedade. Gravei o vídeo e comecei a página”, explica Caio. Resultado: 100 mil visualizações logo de cara. 

No segundo vídeo, Caio explicou a diferença entre indulto de Natal e ‘saidão’ de Natal, com toda a base jurídica envolvida. Novo sucesso. Foi aí que ele descobriu a sua nova estratégia de conteúdo: desconstruir o discurso progressista e o politicamente correto, falar sobre verdades inconvenientes.

“O objetivo é desmentir a cartilha da esquerda, derrubar o castelinho de cartas, a fundação de areia que é esse discurso que, com roupagem humanista, quer um Estado mais forte e mais autoritário, e que prega uma liberdade irreal”, afirma. 

Desde então, Caio grava, em média, dois vídeos por mês. Mas sem exploração comercial. Ele curte o desafio de desmontar as “falsas verdades”. O público é crescente e o retorno também, uma vez que uma das ferramentas de comunicação entre ele e quem o assiste é o WhatsApp. “Gasto pelo menos uma hora por dia só respondendo mensagens”. 

Mas Caio não se tornou um expert em liberalismo da noite para o dia. A cada novo vídeo, o produtor pesquisa o assunto a ser comentado e busca doutrinas, autores, citações, para então amadurecer a ideia. Os primeiros comentários são dedicados às fontes. “Eu sou o que mais aprende com os meus vídeos”, avalia. 

A diferença dos vídeos de Caio para os de conservadores tradicionais está na forma. Além do humor, ele toma cuidado com cada vírgula para não esbarrar em extremismos ou desvalorizar outros pontos de vista.

“Com a polarização atual, muitos buscam um discurso de aglutinação, ou seja, pontuar idéias em um volume mais alto para agregar quem pensa parecido, formando grupos. Já eu busco um discurso de persuasão. Como fazer pessoas que não estão neste universo polarizado passarem a enxergar processos políticos e sociais com um determinado viés que eu considero correto? Portanto não é um discurso agressivo, dá margem ao debate, que não despreza o outro. É menos passional”, acrescenta. 

Seria, então, para Caio, uma maneira racional de derrubar o discurso incorreto da esquerda, que é muito sedutor para jovens idealistas. Pela desconstrução da cartilha, Caio acredita ser possível articular a maioria silenciosa do povo brasileiro, formada por liberais conservadores que sequer sabem que o são. “O avanço do liberalismo não está no mainstream, e sim na inclusão digital, na revolução da informação.”

Por isso, ele aposta que o conservadorismo liberal continuará crescendo e que a esquerda continuará perdendo terreno, justamente pelo o que ele vê como sendo uma fragilidade do discurso.

“As pessoas estão se dando conta de que existe vida fora do Estado, de que não existe luta de classes, que patrão não é inimigo. E, mais do que tudo, estão todos cansados de pagar impostos”, pontua. 

Mas afinal, como Caio se define? “Defendo as liberdades individuais e acredito que a menor minoria é o indivíduo”. Seria então algo próximo do libertarianismo? Não, Caio defende um Estado mínimo que faça concessões sociais onde a iniciativa privada não puder atuar, e que seja um leve moderador de conflitos. 

No campo dos “itens morais”, Caio é a favor da redução da maioridade penal, contra a pena de morte, contra a descriminalização do aborto e a favor da união entre pessoas do mesmo sexo. E a favor do feminismo enquanto busca igualdade de direitos e oportunidades entre os dois sexos. “Barreiras de gênero têm que ser todas quebradas, gosto de ver mulheres desempenhando papeis de protagonismo na vida social, econômica e política da nação. Agora, o feminismo como bandeira ideológica, como estratégia divisionista do ‘nós contra eles’, essa narrativa de que todo homem é um estuprador em potencial, esse discurso que serve ao propósito de dividir para conquistar, isso obviamente tem que ser rechaçado”, afirma. 

Mas, por enquanto, o youtuber não tem autores ou figuras públicas – no presente ou passado – com o qual se identifique totalmente. No Brasil, Caio se dedica à campanha do professor Modesto Carvalhosa, jurista e autor de “O Livro Negro da Corrupção”, à presidência da República, em caso de eleições indiretas. Ele trabalha como voluntário para ajudar na divulgação do material de campanha de Carvalhosa nas redes sociais. Afinal, esta é a sua grande especialidade. 

“Dentre todas as reformas políticas que vi propostas, a dele é a mais coesa e a mais efetiva, inclusive no sentido de resgatar valores individuais e direitos fundamentais, como a possibilidade de candidaturas independentes, que nos livrariam desse sórdido sistema partidário”, diz. 

Mesmo sem essas referências macro, o conteúdo dos vídeos de Coppolla também tem como fontes o colunista Alexandre Borges, diretor do Instituto Liberal e uma das grandes vozes da direita atual, e da economista Renata Barreto. Ele, inclusive, cita os dois como bons nomes para quem quiser conhecer mais do ‘liberalismo conservador’. 

“A igualdade – conceito de distribuição de renda e oportunidade – surge organicamente quando processos sociais são permeados de altas doses de liberdade. O liberal puro vê os problemas do mundo sob a ótica econômica e utilitarista. O conservador identifica questões morais relevantes. Existe uma enorme quantidade de pontos de contato. O conservador clássico é um árduo defensor do livre mercado, um realista que respeita a história das coisas. É um reformador, mas não um progressista.”

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