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Denis Finley, ex-editor do jornal Burlington Free Press, da cidade americana de Vermont | Reprodução
Denis Finley, ex-editor do jornal Burlington Free Press, da cidade americana de Vermont| Foto: Reprodução

Denis Finley, editor do jornal Burlington Free Press, da cidade americana de Vermont, foi demitido na segunda-feira por ter violado as diretrizes de mídias sociais da empresa, segundo o próprio veículo.

Finley com frequência postava sua opinião pessoal no Twitter desde que se tornou editor do jornal em 2016, mostrando opiniões e fazendo piadas que soavam ofensivas para algumas pessoas. Mas uma série de postagens que fez no último mês criticando uma proposta da cidade de oferecer uma terceira opção de gênero nas carteiras de motorista foi longe demais, segundo a empresa. 

"Nós incentivamos nossos jornalistas a serem engajados em diálogos significativos nas redes sociais, mas é importante que a conversa respeite nossos valores predominantes de justiça, equilíbrio e objetividade", disse Randy Lovely, um dos executivos do Gannett (grupo empresarial ao qual o jornal pertence), depois da saída do editor. 

Finley não comentou publicamente nem estava disponível para comentários depois da sua demissão. 

As postagens polêmicas que levaram à sua demissão surgiram depois dele ter participado de discussões calorosas com pessoas que apoiavam a mudança na carteira de motorista de Vermont. 

O usuário que assina como "Shay Totten" compartilhou no Twitter uma reportagem da rádio Vermont Public sobre a proposta, acrescentando o comentário "Isso é incrível!". 

Finley rapidamente interagiu com o usuário, respondendo: "Incrível! Isso nos deixa mais perto do apocalipse". 

A postagem de Finley atraiu rapidamente a atenção de leitores, que pediam que ele explicasse sua posição. Outro usuário chegou a perguntar: "por que isso é apocalíptico?". 

"O mundo não está acabando ainda. Eu acho que está se desfazendo, um pedaço por vez", continuou Finley

Ele também respondeu o seguinte para o usuário identificado como Tim Sinnott: "Minha questão é simplesmente por que isso seria incrível?". "É incrível porque o reconhecimento é incrível. Sua vez", respondeu Sinnott.

"Todo o reconhecimento? Qualquer reconhecimento, Tim? E se alguém dissesse que é incrível que vão reconhecer e pedofilia? Não quero irritar, só estou perguntando. Nem todo reconhecimento é incrível", respondeu Finley

Outro usuário afirmou que a postagem de Finley mostrava uma "ignorância de cair o queixo". Outro disse que cancelaria a assinatura do jornal se Finley continuasse na edição. 

Ainda que usuários de redes sociais estejam acostumados a esse tipo de conteúdo agressivo, Finley fazia parte de uma organização com diretrizes estritas de conduta online de seus funcionários. Suas postagens logo atraíram atenção nacional. 

"O universo online de Vermont está cheio de indignação e pedidos de cancelamento da assinatura", disse James Warren em um artigo para o Instituto Poynter, uma ferramenta educacional para jornalistas. 

No relato do Burlington Free Press sobre a demissão, o presidente da empresa, Kim Folger, disse que as postagem de Finley não representam o jornal: "essas opiniões são de Finley, não da equipe ou da liderança do veículo". 

A editora de planejamento do jornal, Emilie Stigliani, vai substituir Finley como editora até que a companhia encontre um substituto. 

Finley foi para o Burlington depois de ter trabalhado dez anos como editor do Virginian-Pilot, em Nortfolk. Durante seu tempo em Vermont, ele compartilhava abertamente sua opinião com os seguidores do Twitter, que eram de 900 pessoas até a noite de segunda-feira. 

Por exemplo: quando o jornal The New York Times compartilhou uma notícia com o título "Ex-presidente Barack Obama será o primeiro convidado do novo programa mensal de David Letterman na Netflix", ele respondeu "Mais uma razão para não ter Netflix". 

Quando o perfil Politico postou o seguinte link – "2017 está quase no fim. Veja aqui 18 políticos, ativistas e outros atuantes para acompanhar no próximo ano" – Finley comentou: "em outras palavras, os ignore. Políticos, ativistas e outros atuantes nos deixaram nessa bagunça. As únicas pessoas que se importam com isso são vadias, como o Politico". 

Finalmente, quando a Associated Press postou "Fãs de Frank Lloyd Wright [arquiteto americano] procuram comprador para impedir a demolição de um prédio comercial desenhado por ele em 1958", Finley respondeu: "não me importa que o construiu, destrua todos os prédios comerciais".

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